quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Artigo: Jaques Wagner deixa Projeto Bilionário nas mãos de Gabrielli

 

 

Já tive a oportunidade de, no exterior, acompanhar o governador da Bahia, Jaques Wagner, em gestões relacionadas a assuntos de interesse de seu Estado. Com ele também participei das cerimônias da reinauguração da Casa Nigéria, no Pelourinho, sob a benção de Mãe Estela, protegida de Oxóssi, e Kayode de sobrenome, o mesmo, aliás, do ministro da cultura nigeriano, ioruba de boa cepa, que visitou a Bahia para participar do evento.                   
Nessas poucas ocasiões, e praticamente de relance, foi possível identificar no meu conterrâneo (o governador é carioca) um governante sério, preocupado em bem conduzir os assuntos de interesse do Estado da Bahia. Além do mais dá valor, como eu, a uma maior aproximação do Brasil com os países africanos.

Por conta dessas circunstâncias, sinto-me no dever de alertá-lo para ter cuidado com a ideia de construir uma superponte entre Salvador e a Ilha de Itaparica.
A ideia da ponte pode até ser boa, é mais uma questão de se discutir as prioridades do Estado com a sociedade baiana.

 Na verdade, o que me surpreendeu, na matéria que sobre o assunto está sendo hoje veiculada na imprensa, é que o projeto está sendo tocado o pelo secretário de planejamento do Estado, o Sr. José Sérgio Gabrielli de Azevedo, ex-presidente da Petrobras.
 Não é homônimo não, trata-se da mesma pessoa que foi  convocada pelo Senado para explicar as razões de a Petrobras ter perdido rios de dinheiro numa atrapalhada operação de compra e venda de uma refinaria de petróleo nos EUA.

Em sua recente exposição no Senado, buscou justificar o prejuízo dado à empresa com desculpas esfarrapadas, como  decorrente de uma diferença de percepção entre sócios. O Senador Aloísio Nunes Ferreira, que não é bobo, botou a boca no trombone: “É inacreditável! E essa diferença de percepção não surgiu um século depois, mas dois anos depois. Uma empresa da competência da Petrobras não detectou isso?”.

Mas o grande ponto da gestão Gabrielli,  foi o início da construção de uma grande refinaria de petróleo em Abreu e Lima, em Pernambuco. Aí sim, as previsões de gastos financeiros foram ultrapassadas em oito vezes.

 Nesse projeto, a direção da Petrobras caiu como um pato no conto do vigário, protagonizado pelo então presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que assegurou a participação da estatal Venezuela PDVSA no empreendimento.

A equipe de Gabrielli estimou a entrega da obra em 2010, a um custo de 2,5 bilhões de dólares. Estamos em 2013, e a obra ainda está longe de ser concluída. Seu custo, porém, já ultrapassou os 20 bilhões de dólares. E Gabrielli, anteontem, veio contar para os brasileiros o que todos sabíamos desde o começo: não vai ter dinheiro algum dos venezuelanos do projeto.

Pois, Senhor Governador, é exatamente para o mesmo cidadão que Vossa Excelência vai passar a condução de projeto tão vultoso quanto o dessa ponte anunciada?
Por qual razão as coisas sairiam dessa vez melhores do que com a refinaria americana ou com a pernambucana, ambas tão danosas aos interesses financeiros da Petrobras?
Li sobre o apreciável currículo acadêmico de Gabrielli no Wikipedia. Conquistou seu doutorado com tese sobre o financiamento das estatais no Governo Geisel.
 Em 2004, recebeu o prêmio “O Equilibrista”, do Instituto Brasileiro de Executivos Financeiros (IBEF).

Mas entre ser um bom acadêmico e um bom executivo, há uma gigantesca distância. Maior do que os 12 quilômetros que separam Itaparica de Salvador.

Fonte: Pedro Luiz Rodrigues no site diáriodopoder.com.br em 08/08/13 /reprodução

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