A Caixa ignorou análises feitas pela própria área técnica ao bancar o
programa Minha Casa Melhor, uma linha de crédito para a compra de
móveis, computadores e eletrodomésticos. Da forma como foi feito, o
programa, considerado uma vitrine eleitoral da presidente Dilma
Rousseff, pode representar riscos para a saúde financeira do banco,
segundo documentos obtidos pelo jornal “O Estado de S. Paulo”. Os
documentos mostram que a possibilidade de calote nessa linha, que é
direcionada para os mutuários do Minha Casa, Minha Vida, chega a 50,73%
na faixa das famílias mais pobres da população, a 30,31% nas
intermediárias e a 28,52% na faixa de maior renda atendida pelo
programa. Com esses níveis potenciais de perda, apontam os documentos,
a necessidade de compensação pelo Tesouro é de R$ 2,9 bilhões até 2016.
Além do potencial eleitoral, o programa está alinhado com a estratégia
do governo de estimular a economia via crédito para bens de consumo e
tem ajudado a aumentar as vendas do varejo num momento de retomada
lenta do crescimento do PIB.
O Minha Casa Melhor deve ser ampliado para permitir também a compra de produtos como smartphones e tablets. O parecer técnico da Caixa, produzido poucas semanas antes do lançamento do programa, adverte que a decisão do Tesouro, prevista na então Medida Provisória 620, de dispensar a Caixa do recolhimento de parte dos dividendos para a cobertura do risco de crédito dos financiamento dos bens de consumo, faz, “contabilmente, com que a operação seja deficitária desde o começo”. “Na medida em que as operações fossem sendo realizadas, custos e despesas seriam acumulados, podendo ser caracterizada uma antecipação de subvenção, dado que lucros e dividendos ainda não foram pagos, nem sequer realizados”, afirma um dos documentos.
Fonte:Agência Estado
0 comentários:
Postar um comentário