Em assembleia na noite desta sexta-feira (11/10), no Ginásio de Esportes, em Salvador, os bancários
da rede privada e do BB decidiram pelo fim da greve. Já os empregados
da Caixa e do BNB votaram pela manutenção da paralisação. Desta forma,
as agências dos dois bancos seguem fechadas. As demais unidades voltam
a funcionar normalmente na segunda-feira (14/10).
Os trabalhadores do BB
e da rede privada voltam ao trabalho depois de 23 dias e da
apresentação da nova proposta da Fenaban (Federação Nacional dos
Bancos), de 8% de reajuste salarial e demais verbas e 8,5% de reajuste
no piso.
A greve deste ano foi a mais longa desde 2004, quando o movimento durou
30 dias. Na avaliação dos trabalhadores, a paralisação de 2013 foi, sem
dúvida alguma, uma das mais fortes dos últimos anos. No Estado, a cada
dia, aumentava a adesão. Os dados comprovam. Em 19 de setembro,
primeiro dia de greve, foram fechadas 543 agências. Número que saltou
para 828 nesta sexta-feira (11/10).
“Com a Fenaban, fizemos uma negociação coletiva que vale para todos
bancários do Brasil, abrangendo cláusulas de aspecto mais econômico, e
outra específica com cada banco público, onde foram discutidas questões
sociais”, explicou à Agência Brasil o diretor da Contraf, Ademir
Wiederkehr.
O diretor diz que a maior dificuldade de negociação com os bancos
privados é histórica. “As conquistas são sempre menores do que com
bancos públicos que, ao contrário dos privados, oferecem benefícios,
plano de carreira, abono assiduidade de cinco folgas por ano”, disse.
“Mas agora, na proposta da Fenaban, conseguimos incluir folga abonada
de um dia para todos os bancários”, acrescentou.
A Fenaban ofereceu reajuste de 8% nos salários e benefícios pagos
por todos os bancos, e de 8,5% para os pisos salariais. O valor fixo da
regra básica da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) será
reajustado em 10%. Segundo cálculo da Fenaban, a parcela paga da PLR ao
profissional que ocupe a função de caixa pode chegar a 3,5 salários.
Estão previstos também reajustes do auxilio refeição, que sobe para
R$ 463,60 mensais; da cesta alimentação, que passa para R$ 397,36 e do
auxílio-creche para R$ 330,71 por filho de até 6 anos.
“A orientação do comando nacional é de aceitação da proposta, que
traz avanços econômicos e sociais, aumento real da renda dos bancários,
valorização do piso e melhores condições de trabalho. Contabilizaremos,
com ela, dez anos consecutivos de reajustes com ganhos reais de
salários”, disse o diretor da Contraf.
Ele lembra que, no início das negociações, a proposta dos bancos era
pagar a inflação do período (6,1%). “Isso mostra que a negociação foi
favorável aos trabalhadores. O resultado foi graças à mobilização da
categoria, que conseguiu paralisar ontem 12.140 agências em todo país.
Foi a maior dos últimos 20 anos”.
Wiederkehr destaca, entre outras conquistas dos bancários, a
proibição de os bancos enviarem mensagens cobrando o cumprimento de
metas. “Isso deixava os bancários adoecidos por causa da pressão e
pelas cobranças constantes. É uma das principais reclamações que
ouvimos, porque eram três, quatro mensagens por dia cobrando a venda de
serviços e de produtos, como os seguros. Sem dúvida é uma das medidas
mais importantes e aguardadas pelos trabalhadores”, disse o dirigente
sindical.
Sobre as negociações com bancos públicos – Banco do Brasil, Caixa e
Banco do Nordeste – Wiederkehr destaca, no caso do BB, o compromisso de
contratar 3 mil funcionários até agosto de 2014, e a melhoria de
condições para os caixas de banco. “Os cerca de 1,2 mil bancários que
vêm exercendo há mais de 90 dias a função de caixa serão efetivados”,
disse ele, referindo-se à prática em alguns bancos de desviar
escriturários da função para trabalharem nos caixas. “Era uma forma de
aproveitar mão de obra mais barata”, disse Wiederkehr.
“Nas negociações com a Caixa, conseguimos uma PLR de 4% do lucro
líquido do banco, a serem distribuídos igualmente entre os
funcionários. Além disso, haverá uma PLR social, um tipo de programa
social interno do banco, a exemplo dos demais programas sociais tocados
externamente. É uma forma de valorizar o bancário da Caixa pela função
social que exerce”, disse Wiederkehr.
No Banco do Nordeste ficou acertada a contratação de 850 empregados
até dezembro de 2014. Além disso, foi constituída uma comissão para
revisar o plano de carreira e de remuneração, com prazo de 90 dias para
a conclusão dos trabalhos.
“Será uma forma de valorização dos trabalhadores porque, no caso dos
bancos públicos, há interesse em estimular os funcionários a adquirirem
experiência, buscando novas funções e cargos. É também positivo para a
empresa. Por isso, estamos otimistas com a possibilidade de a comissão
obter bons resultados”, explicou Ademir Wiederkehr.
“No caso dos privados isso não acontece porque eles adotam a
estratégia de reduzir custos por meio de demissões seguidas de
contratações de funcionários com salários mais baixos. A diferença de
salários chega a 40%”, disse o diretor da Contraf.
O diretor de Relações do Trabalho da Fenaban, Magnus Apostólico,
nega a adoção de uma política de desvalorização do empregado. “Os
bancários, tanto de bancos públicos quanto de bancos privados, recebem
grandes investimentos em qualificação profissional e desenvolvimento de
carreiras (mais de R$ 800 milhões por ano no setor)”.
Além disso, segundo ele, “em todos os bancos médios, grandes e muito
grandes os bancários têm oportunidades de carreiras técnicas e
gerenciais que nenhum outro setor pode oferecer. O setor bancário
contrata grande número de jovens entre 18 e 30 anos, nos quais investe
fortemente para a formação de profissionais de alto nível.”
Magnus Apostólico negou que os bancos privados recorram a
escriturários na função de caixa para baratear a mão de obra. O diretor
da Fenaban explica que “a função com maior número de profissionais nos
bancos é a de caixa. Escriturário é uma função que dá origem aos
caixas, e esses recebem, quando no exercício da função, gratificação de
caixa. Os bancos não barateiam mão de obra”.
Eles diz que os bancos “desenvolvem pessoas e oferecem a melhor
convenção coletiva do país, o maior salário médio, a melhor remuneração
nos cargos iniciais, para a menor jornada de trabalho do mercado, e as
maiores oportunidades de carreira. Os bancos apresentam, também, baixa
rotatividade em todos os tipos de instituições, o que demonstra a
capacidade do setor em atrair e reter talentos.”
Fonte:Tribuna da Bahia
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