Romeu Tuma Jr. foto: reprodução
O ex-secretário Nacional de Justiça Romeu Tuma Júnior lançou ontem o
livro Assassinato de Reputações - Um Crime de Estado, no qual ataca
Luiz Inácio Lula da Silva e acusa o partido do ex-presidente, o PT, de
utilizar a máquina do governo federal para montar dossiês contra
adversários.
Tuma Júnior, que é delegado, foi secretário do Ministério entre 2007
e 2010, durante o segundo mandato de Lula na Presidência da República.
Na época, foi demitido por suspeitas de envolvimento com a chamada
máfia chinesa. Parte do conteúdo do livro foi revelada na edição da
semana passada da revista Veja.
Em uma das acusações mais polêmicas feitas no livro lançado ontem, o
delegado afirma que Lula foi informante da ditadura. Segundo escreveu
Tuma Júnior, o então líder sindical repassava dados sobre greves sob o
codinome de "Barba" ao Departamento de Ordem Política e Social (Dops),
onde atuava seu pai, Romeu Tuma. O petista ficou preso em 1980 por 30
dias no Dops, após greves no ABC.
Segundo Tuma Júnior, ao dar informações ao governo militar, Lula
garantiu "privilégios" na prisão. O livro do delegado lista como
privilégios noites de sono em um sofá do Dops e uma visita à mãe, dona
Lindu, que estava gravemente doente.
Procurado, o Instituto Lula informou ontem que o ex-presidente não iria fazer comentários.
Reputações. Boa parte do livro é dedicada ao que o delegado chama de
"assassinato de reputações". Diz que o então ministro da Justiça e hoje
governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, o assediava para que
deixasse vazar documentos que prejudicariam adversários. Ele cita o
caso do cartel que começou a ser investigado pela Polícia Federal e
pelo Ministério Público Federal em 2008.
Segundo Tuma Júnior, "começou a sair na imprensa que vinha
informação da Alstom envolvendo os tucanos". "Um dia chegou o documento
da Suíça, em nome da secretaria. Falei para não mandarem para o
Ministério Público ainda: 'Lacrem o envelope, tragam para mim e
avisemos ao ministro, porque chegou a bomba dos documentos da Alstom'",
escreve. As informações tinham como alvo principal Robson Marinho,
ex-chefe da Casa Civil do governo tucano de Mário Covas. Eram
relatórios enviados voluntariamente pelo país europeu. O ex-secretário
de Justiça relata que, mesmo sendo documentos compartilhados por poucas
pessoas, eles acabaram vazando mesmo assim.
Ele também critica a ação de parte dos promotores paulistas. "É
importante registrar: no Ministério Público de São Paulo existe uma ala
que sempre protegeu tucanos de alta plumagem".
Tuma Júnior também acusa outro ministro da Justiça, Luiz Paulo
Barreto, de pedir que o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB),
fosse investigado após dizer que Lula sabia do mensalão. A ordem ao
ministro, diz Tuma Júnior, teria sido dada por Gilberto Carvalho, braço
direito do ex-presidente. Carvalho afirma que vai processar o delegado.
'Armação'. O ex-secretário Nacional de Justiça atribui a sua
demissão do cargo, em 2010, a uma "armação" do governo Lula com o
Estado.
Em 5 de maio de 2010, o jornal publicou reportagem revelando que a
Polícia Federal tinha interceptado gravações e e-mails ligando-o a Li
Kwok Kwen, o Paulo Li, acusado de ser um dos chefes da máfia chinesa em
São Paulo.
A quadrilha era suspeita de ser especializada em contrabando de telefones celulares e venda de vistos permanentes.
"A pergunta que faço é: o que era mais importante para o Estadão
noticiar? A foto do 'chefe da máfia', um chinês, com o secretário
Nacional de Justiça na China, ou entregando um presente para o
presidente Lula (...)? Eu respondo: é óbvio que, se não fosse armação
do governo com o jornal, se o indivíduo fosse mesmo um mafioso, o Lula
estaria na capa do Estadão e não eu", escreve, referindo-se ao fato de
o então suspeito de integrar a máfia chinesa aparecer em várias fotos
ao lado de autoridades da República.
Fonte:Estadão
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