O jornal norte-americano Washington Post avaliou, na noite desta terça-feira (23), que a decisão da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a parcialidade do ex-juiz Sérgio Moro no julgamento do caso do triplex do Guarujá, que levou o ex-presidente Lula (PT) à prisão, foi favorável ao petista e “obscurece ainda mais” a reputação do ex-ministro. A mesma reportagem também foi publicada pelo The Guardian, do Reino Unido.
“A decisão obscurece ainda mais a reputação de Moro e a ampla investigação de corrupção na Lava Jato que ele presidiu por anos. Ele condenou centenas de líderes empresariais e políticos que antes acreditavam estar impunes e se transformou em uma das figuras públicas mais conhecidas do Brasil. Alguns o saudaram como um herói, enquanto outros o acusaram de ser um fanático”, afirma o jornal.
O jornal lembra ainda que as mensagens publicadas pelo The Intercept Brasil em 2019 mostraram o conluio entre Moro e os procuradores da Lava Jato durante o processo que acabou prendendo Lula. O veículo destaca que a prisão do ex-presidente contribuiu com a vitória de Jair Bolsonaro nas eleições – e que Moro logo se tornou seu ministro da Justiça.
“Sua condenação na apelação o afastou das eleições presidenciais de 2018, de acordo com as regras da Lei da Ficha Limpa do Brasil, e permitiu que Jair Bolsonaro chegasse à vitória. Moro rapidamente se tornou ministro da Justiça de Bolsonaro”, destaca o Washington Post.
O jornal espanhol El País, por sua vez, afirmou que a decisão “reescreve a história da operação Lava Jato e seu impacto político”, destacando que Lula não pode concorrer nas eleições que deram vitória a Jair Bolsonaro “porque foi desclassificado com pena de prisão”.
Já a agência Bloomberg afirmou que a decisão do STF “mancha ainda mais” a reputação da Lava Jato, investigação que “abala a classe dominante” do país. Para o jornal, Lula foi o “maior troféu” da operação.
“A decisão pode manchar ainda mais o legado da Lava Jato. Desde 2014, a investigação abala a classe dominante do Brasil […] Mas as decisões estão sob fogo crescente à medida que os métodos e motivações de Moro são submetidos ao escrutínio público”, afirma a agência.
O placar do STF ficou em 3×2 pelo reconhecimento da parcialidade de Moro, o que leva à anulação de todo o processo, desde a fase de coleta de provas e depoimentos. Com isso, a elegibilidade de Lula, que já havia sido retomada com a anulação do processo por incompetência de vara determinada pelo ministro Edson Fachin, foi confirmada. Votaram contra o HC os ministro Edson Fachin e Nunes Marques e, a favor, além de Cármen Lúcia, os ministros Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski.
fonte:Revista Fórum - 24/03/2021 10h:58min.
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