O vídeo de uma reunião no Palácio do Planalto entre o presidente Jair Bolsonaro e médicos do movimento Médicos pela Vida reforça a suspeita da existência de um gabinete paralelo, exposto na CPI da Covid, no Senado, e que está sendo apurado pelos parlamentares. O grupo seria composto por pessoas sem qualquer relação formal com o governo e apresentaria ao presidente Jair Bolsonaro informações erradas e negacionistas para o combate à pandemia do novo coronavírus. Além do vídeo, uma série de fotos do encontro podem ser encontradas no Flickr do Palácio do Planalto, sob o registro “Encontro com deputado Osmar Terra”.
Nas imagens, gravadas em 8 de setembro do ano passado, o momento principal é a fala do virologista Paolo Zanotto. Ele chega ao local onde ocorre a audiência, que já estava em curso, e uma cadeira é colocada junto à mesa em que está o presidente, ladeado de duas pessoas, uma delas o deputado federal Osmar Terra (MDB-RJ) — também apontado como suposto integrante do gabinete paralelo. Bolsonaro, então, bate continência a Zanotto e sorri. Ao discursar à audiência, o virologista fala na criação de um “shadow board” (conselho das sombras, em tradução literal) para assessorar o presidente durante a pandemia.
“A minha sugestão, até enviei para o Executivo e uma carta para o Weintraub, o Arthur (então assessor da Presidência da República), talvez fosse importante montar um grupo. A gente poderia ajudar. Não vou fazer parte desse grupo, não sou especialista em vacina, mas gostaria de ajudar o (Poder) Executivo a montar um ‘shadow board’, como se fosse um ‘shadow cabinet’ (gabinete das sombras)”, relata.
O vídeo, que está no Facebook do presidente da República, dividido em quatro partes, repercutiu. “A prova definitiva da existência do gabinete paralelo que a CPI já investigava. Estou convocando o sr. Osmar Terra e o sr. Paolo Zanotto para comparecer à CPI da Covid”, anunciou o vice-presidente da comissão, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), pelas redes sociais.
De acordo com o senador, a “omissão na aquisição de vacinas da Pfizer acontecia ao mesmo tempo em que o Itamaraty pressionava a Índia para liberar cargas de hidroxicloroquina a uma empresa brasileira”. E acrescenta: “A atuação do Ministério das Relações Exteriores se assemelha, claramente, à advocacia administrativa, em outras palavras: lobby”.
Fonte:Vorreio Braziliense -05/06/2021 (Colaborou Fabio Grecchi)
PGR quer arquivar ação do ataque ao STF
A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu, ontem, ao Supremo Tribunal Federal (STF) o arquivamento da investigação aberta para apurar a organização e o financiamento de atos antidemocráticos, que atingiu parlamentares e apoiadores bolsonaristas. Cinco meses após ter sido cobrado a se manifestar sobre a continuidade das apurações, o vice-procurador-geral da República, Humberto Jacques de Medeiros, disse que o inquérito não conseguiu apontar a participação dos deputados e senadores nos crimes investigados. Os parlamentares chegaram a ter os sigilos bancários quebrados no curso das investigações. O parecer da PGR foi enviado ao gabinete do ministro Alexandre de Moraes, relator da investigação, a quem caberá decidir sobre o pedido. Na prática, quando o Ministério Público Federal, que é o titular da ação penal, se manifesta pela rejeição de uma investigação, é de praxe que os ministros promovam o arquivamento.
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