quarta-feira, 11 de agosto de 2021

Governo Bolsonaro: "Universidade deveria ser para poucos" diz ministro da Educação, o pastor Milton Ribeiro

Reverendo pastor Milton Ribeiro, da Igreja Presbiteriana Jardim Oração, de Santos, nomeado para ser o 4.º ministro da Educação de Jair Bolsonaro


Reverendo pastor Milton Ribeiro, da Igreja Presbiteriana Jardim Oração, de Santos, nomeado para ser o 4.º ministro da Educação de Jair Bolsonaro  - Foto: Mackenzie/ Divulgação - 18/10/2018 / Estadão Conteúdo

O ministro da Educação, Milton Ribeiro, disse nesta segunda-feira, 9, que as universidades brasileiras deveriam ser para poucos. Em entrevista à TV Brasil, Ribeiro defendeu a volta às aulas na educação básica, ironizou a demanda dos professores por vacinação contra a covid-19 e se mostrou, mais uma vez, surpreso com o tamanho da Pasta que ele chefia há mais de um ano.

Para Ribeiro, os institutos federais, com ensino técnológico e profissionalizante, serão "a grande vedete" no futuro. Ele disse estar cansado de encontrar motoristas que têm graduação completa. "Tem muito engenheiro, advogado, dirigindo Uber porque não consegue a colocação devida, mas, se fosse técnico em informática, estaria empregado porque há demanda muito grande", disse o ministro.

"Então, o futuro são os institutos federais, como é na Alemanha hoje. Na Alemanha, são poucos os que fazem universidade. A universidade, na verdade, deveria ser para poucos, nesse sentido de ser útil à sociedade", completou Ribeiro. Os institutos federais, elogiados por Ribeiro, foram criados em 2008. O ministro disse que desconhecia, quando assumiu a pasta, a existência das 38 unidades.

Também admitiu que "tomou um susto" quando percebeu a variedade de atribuições da Pasta. "Quando cheguei ao MEC, tomei um susto. Eu administro 50 hospitais universitários", afirmou ele. Não é a primeira vez que Ribeiro demonstra surpresa com a importância e tamanho do MEC. Em janeiro deste ano, questionado sobre falhas na realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o ministro argumentou que ainda estava se inteirando sobre a pasta que ele chefia.

Segundo o ministro, metade das vagas nas universidades é destinada a cotas e a outra parte vai para os "alunos melhor preparados".

"Eu acho justo, considerando que os pais desses meninos tidos como 'filhinhos de papai' são aqueles que pagam os impostos do Brasil, que sustentam bem ou mal a universidade pública. Não podem ser penalizados."

O chefe da Pasta respondeu ainda questões sobre a autonomia das universidades e a escolha de reitores.

O governo Jair Bolsonaro tem ignorado os primeiros colocados na lista tríplice elaborada pelas universidades para a sucessão de reitores. Na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a nomeação por Bolsonaro do último colocado na lista causou reação contrária.

Segundo Ribeiro, dos 69 reitores das federais, ele conversa "plenamente" com 20 a 25. "Dez deles (reitores) eu trouxe para visitar o presidente, uma coisa inédita. Não precisa ser bolsonarista, mas não pode ser esquerdista, lulista. As universidades não podem se tornar um comitê político nem de direita e muito menos de esquerda."


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