sexta-feira, 12 de maio de 2023

SP: Mortes no MP acendem alerta sobre assédio e grupo ameaça greve

Divulgação/MPSP

São Paulo – Em luto oficial de três dias, decretado nesta sexta-feira (12/5) após a morte de dois funcionários, o Ministério Público de São Paulo (MPSP) enfrenta uma ameaça de greve feita por um grupo que cobra o “combate ao assédio moral e sexual” que seria praticado contra servidores e terceirizados.

O grupo, que é anônimo e se autointitula “Fogo no Parquet”, afirma em comunicado divulgado nas redes sociais que há “infindáveis relatos de adoecimentos graves, de consequências muito sérias” e que as mortes dos dois servidores citados acima foram por suicídio.

Segundo o texto, os funcionários eram “alvo de enorme pressão e assédio moral dos superiores”. “Paralisação já! Vamos dar o recado óbvio, porém necessário: nós não queremos morrer”, diz o comunicado do Fogo no Parquet.

Servidores ouvidos pela reportagem disseram que os dois casos ocorreram em um intervalo menor que 24 horas. Na manhã desta sexta, os funcionários do MPSP foram surpreendidos pela direção do órgão, que distribuiu uma “Escala de Saúde Mental” para que todos fizessem uma autoavaliação sem a necessidade de entregar os resultados.

Metrópoles teve acesso ao questionário, um documento em Word com 26 questões para as quais as respostas apresentam pontuações diferentes. A ideia é que os servidores somem os pontos registrados e confiram, ao fim, o resultado de sua pontuação. O MPSP afirmou ter elaborado as questões seguindo escalas de parâmetros internacionais para ansiedadedepressão e burnout.

No texto, há opções de respostas como:

  • “Sinto apreensão ou angústia persistente. Pânico incontrolável”
  • “Com frequência, tenho pensamentos de falha, incapacidade, autorrecriminação e culpa”
  • “Sinto-me emocionalmente esgotado(a) com o meu trabalho”
  • “Provavelmente seria melhor morrer. Os pensamentos suicidas são frequentes e o suicídio é considerado uma solução possível. Porém, não tenho planos ou intenções específicas”

Ao final, o questionário apresenta três resultados possíveis: um positivo, um de alerta e outro de urgência. No pior dos quadros, é recomendado que se busque ajuda médica. O MPSP afirmou oferecer assistência psicológica e psiquiátrica aos interessados.

Protesto e greve

As reações às mortes de dois colegas levaram não só o grupo Fogo no Parquet (termo jurídico que significa Ministério Público), como também outros funcionários, a programarem um protesto para a próxima segunda-feira (15/5) na sede do MPSP, no centro de São Paulo.

No comunicado em que pede a greve, o movimento diz que, desde o ano passado, ações internas da Procuradoria para coibir assédios foram “pra inglês ver” e que “culminaram até mesmo com a exoneração de servidores que haviam acabado de entrar para a categoria”.

Grupo anônimo propõe greve após denúncias de assédio no MPSP

Procurado pelo Metrópoles, o MPSP disse em nota não ter recebido “qualquer demanda por parte do grupo que se autodenomina Fogo no Parquet”. O órgão afirmou que o bem-estar dos funcionários é prioridade e disse ter implementado canais de reclamação e um programa de saúde mental feito por meio de um convênio firmado com o Hospital das Clínicas.

“Por fim, vale destacar que toda e qualquer denúncia de assédio que chega ao conhecimento da administração é diligentemente investigada. Nos últimos dois anos, a Corregedoria-Geral do MPSP recebeu oito denúncias de casos relativos a assédio perpetrado por membros contra servidores. Em seis, houve punição efetiva. Em dois, o órgão correcional expediu orientação ao autor do comportamento reprovável”, afirma o MPSP.             

Fonte: METRÓPOLES -13/05/2023  C/ADAPTAÇÕES                       


 

 

 

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