quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Mundo: 20 anos da libertação de Nelson Mandela por Marina Silva

Política pode ser um espaço de redenção. É para ser assim. No Brasil, dada a quantidade de escândalos e de brigas mesquinhas, a população tem se acostumado a ver os maus exemplos. Gente que desvia recursos públicos e sai impune ou gente que só olha para resultados imediatistas, eleitoreiros. Por isso é comum o desprezo que muitos têm para com os políticos.
Mas existe uma outra política, aquela capaz de mudar para melhor a vida das pessoas e os rumos dos países. Neste dia 11 de fevereiro, temos a obrigação de olhar para o exemplo de Nelson Mandela, ex-presidente da África do Sul, um país irmão. Nesta data, há 20 anos, algo maravilhoso aconteceu. Após 27 anos encarcerado por sua luta em defesa da igualdade racial, contra o regime do apartheid, Mandela foi solto e com ele a África do Sul reescreveu sua história.
O racismo como uma anacrônica e iníqua política de Estado trancafiou Nelson Mandela, líder do partido Congresso Nacional Africano, também banido. No isolamento da cadeia, fincada numa ilha, experimentando privação, dor, imensa tristeza, afastamento da família e o terrível peso da injustiça, Mandela manteve seus princípios. Manteve seu espírito preparado, pronto para o momento que um dia haveria de vir, trazido pela esperança. Dizia que a vida carcerária era uma "versão reduzida da luta no mundo". Manteve o sonho de uma África do Sul diferente, em que todas as etnias teriam plena cidadania. Algo que parecia impossível.
Hoje nonagenário, Mandela é dessas figuras inspiradoras que serão lembradas para sempre. A dignidade de sua luta e a força de suas idéias, palavras e ações transformaram a África do Sul e se tornaram um exemplo para o mundo. Para muitos, a democratização, da forma como foi feita no país, foi um milagre.
E parece que foi ontem. Depois de quase três décadas de prisão, Mandela saía livre pelas ruas da Cidade do Cabo. E começava o fim do apartheid. "Saúdo todos em nome da paz, da democracia e da liberdade para todos. Coloco-me ante vocês não como um profeta, mas como um servo humilde para vocês, meu povo", disse ao sair da cadeia, tendo à frente uma grande missão a cumprir.
Com habilidade, capacidade de articulação, e mais preparado do que nunca, ele pôde concorrer - com o estabelecimento do sufrágio universal - e eleger-se, em 1994, presidente da África do Sul. Um homem moldado nas mais duras cirscunstâncias estava pronto para fazer o que quase ninguém acreditava ser possível: uma transição pacífica, sem derramamento de sangue, entre o nefasto regime do apartheid e a democracia.
Seu espírito não foi o de revanche ou de vingança. Foi o de promover a integração, e, com ela, a paz. Olhando para a grande política, no trabalho de forjar uma nação unida e forte, curando suas terríveis feridas, mergulhou fundo na busca da verdade, colocando frente a frente vítima e opressor, caçado e caçador. Não para remoer o amargo sabor do ódio, mas para, a partir da verdade, poder exercitar o restaurador milagre do perdão.
O interesse de toda a população - negros e brancos - esteve em primeiro lugar. Com seu espírito perdoador, Mandela envergonhou seus algozes. Ele sabia que não seria fácil, que a África do Sul teria muito a caminhar, como ainda tem. Mas eis aí a grande política, a serviço da democracia e da paz.

Fonte:Artigo Senadora Marina Silva-PV-Acre
direto de Brasília/DF/portal Terra
Foto:google

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