quinta-feira, 25 de março de 2010

Mundo: Bispo irlandês admite atitude "inadequada" ao omitir caso de pedofilia


O bispo de Waterford e Lismore, William Lee, admitiu nesta quinta-feira que suas atitudes foram "seriamente inadequadas" nas investigações sobre abusos sexuais cometidos contra crianças por um sacerdote da mesma diocese, no sudeste da Irlanda.
A admissão é o mais novo episódio no escândalo de pedofilia que envolve a Igreja Católica não apenas na Irlanda, mas nos Estados Unidos, Alemanha, Holanda, Espanha, Áustria e até no Brasil.
Em comunicado enviado à emissora irlandesa RTE, o bispo pediu perdão por demorar dois anos para informar à polícia sobre as acusações feitas por três pessoas em 1993, quando já eram adultos, sobre os abusos sexuais sofridos por um sacerdote.
O bispo Lee lamenta não ter ordenado a suspensão imediata das responsabilidades eclesiásticas do padre acusado de pedofilia. Em vez de suspenso, o sacerdote foi apenas transferido para outra paróquia.
O relatório de uma investigação oficial, publicado em novembro passado, acusa a Igreja Católica da Irlanda de ocultar os abusos sexuais cometidos por padres da região de Dublin envolvendo centenas de crianças durante várias décadas.
O documento, de mais de 700 páginas, fala sobre a atitude da hierarquia católica no arcebispado de Dublin entre os anos 1975 a 2004. Acusa, principalmente, quatro arcebispos por não terem denunciado à polícia que sabiam dos abusos sexuais, cometidos a partir dos anos 60.
Lee conta que se reuniu com as supostas vítimas pela primeira vez em dezembro de 1993 e em várias outras ocasiões no ano seguinte para ouvir as denúncias. Ele também afirma que não pediu a eles para ficarem em silêncio, como ocorreu em outros casos de pedofilia.
O bispo também assinala que "ficou satisfeito" com relação à veracidade das acusações graças às provas apresentadas pelas vítimas.
Ainda assim, acrescenta Lee, o sacerdote foi transferido a outra paróquia depois de um atestado psiquiátrico assegurar que o suspeito podia continuar trabalhando com crianças sem risco algum para eles.
No entanto, o bispo reconheceu que suas atitudes tinham sido "seriamente inadequadas" em outubro de 1995.
Na época, as autoridades eclesiásticas estavam prestes a publicar as novas linhas de atuação para abordar denúncias de abusos sexuais e isso motivou Lee comunicar as denúncias do padre à polícia.
Seis semanas depois, o sacerdote foi exonerado de seu ministério. Não se sabe, por enquanto, se ele teve contato com crianças durante os dois anos que Lee atrasou a suspensão.
O bispo acrescenta na nota que as três vítimas decidiram não apresentar acusações contra o padre nos tribunais irlandeses.
Escândalo
Os casos de pedofilia atingiram ainda a Holanda, onde a Igreja Católica recebeu 1.100 denúncias de pessoas que afirmam ter sofrido abusos sexuais por parte de membros do clero entre os anos 50, 60 e 70.
Na Alemanha, as denúncias de pedofilia chegam a 120 e teriam ocorrido entre as décadas de 1970 e 1980 em escolas jesuítas locais. O caso envolveu até mesmo o sacerdote Georg Ratzinger, irmão do papa, que liderava os rapazes do coro da catedral de Regensburg. O sacerdote negou saber dos casos de abusos e foi inocentado pelo Vaticano.
Na semana passada, na Áustria, a imprensa local noticiou casos de abusos cometidos em dois institutos religiosos nas décadas de 1970 e 1980.
Na Espanha, o Vaticano disse saber de 14 casos de abuso sexual de crianças, que teriam ocorrido de janeiro de 2001 até março de 2010, na Igreja Católica da Espanha.
De acordo com a imprensa espanhola, entre as suspeitas há pelo menos dez sentenças já emitidas por tribunais civis e quatro processos abertos por abusos similares cometidos por religiosos antes de 2001. No total, são 25 sacerdotes e religiosos espanhóis implicados em pedofilia nos últimos 20 anos.
O jornal americano "The New York Times" informou nesta quinta-feira em seu site que as maiores autoridades do Vaticano, incluído o então cardeal Joseph Ratzinger, que anos mais tarde se tornaria o papa Bento 16, encobriram um sacerdote americano acusado de abusar sexualmente de 200 crianças surdas.
O jornal teve acesso a documentos que procedem do processo judicial aberta contra o reverendo Lawrence Murphy, que trabalhou durante mais de 20 anos, entre 1950 e 1974, em uma escola para crianças surdas do Estado americano de Wisconsin.
O Vaticano reconheceu ainda os abusos cometidos por dois monsenhores e um padre do município de Arapiraca, a 130 quilômetros de Maceió (AL), depois de terem sido acusados de pedofilia por alunos de um coro e por seus familiares.


Fonte:EFE (Irlanda)
folhaonline
Imagem::Google

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