Dois anos e nove meses após o assassinato de Eliza Samudio e reviravolta em
versões, o 1º Tribunal do Júri de Contagem (MG) condenou, na madrugada desta
sexta-feira (8), o goleiro Bruno Fernandes de Souza, 28, a 22 anos e três meses
pelo mando e homicídio da sua ex-amante, aos 25 anos.
Segundo o Tribunal de Justiça, 17 anos e seis meses da pena são em regime
fechado, pelo homicídio triplamente qualificado de Eliza, e outros três anos e
três meses são em regime aberto e correspondem ao sequestro e cárcere privado do
filho da ex-modelo com o goleiro.
Bruno era goleiro titular do Flamengo na época do crime, em 2010. Famoso e
rico, o ex-atleta disse que a ex-amante tentava extorquir dinheiro dele por
conta de estar grávida dele. Ele chegou a admitir durante o julgamento que sabia
que Eliza seria
morta
'TRAMA DIABÓLICA'
Na leitura da sentença, a juíza Marixa Rodrigues afirmou que Bruno
"demonstrou ser uma pessoa fria, violenta e dissimulada" e acrescentou que a
sociedade hoje reconheceu o envolvimento dele como mandante na "trama
diabólica".
A sentença foi lida nas primeiras horas do Dia Internacional da Mulher. Nela,
a juíza destacou que "a supressão de um corpo humano é a verdadeira violência
que se faz com a matéria" e não concedeu a Bruno o mesmo benefício dado a
Macarrão, de redução de pena devido à confissão do crime. O corpo de Eliza
Samudio até hoje não foi localizado. O goleiro disse que o ex-policial Marcos
Aparecido dos Santos, o Bola
é o responsável pelo assassinato da ex-amante.
Julgamento do goleiro Bruno
O ex-goleiro Bruno durante seu julgamento no fórum de Contagem
(MG) -Foto:reprodução
Os mesmos sete jurados (cinco mulheres e dois homens) que condenaram o
ex-jogador do Flamengo absolveram, a pedido do Ministério Público, a ré Dayanne
de Souza, 25, ex-mulher de Bruno.
Dayanne fora denunciada pelo crime de sequestro e cárcere privado de
Bruninho, o filho dela com o goleiro --atualmente com três anos. Contudo, o
promotor Henry Wagner Vasconcelos pediu a sua absolvição sob a alegação de que
ela era "coagida" por um ex-policial que somente agora está sendo investigado,
suspeito de participar da trama.
O crime ocorreu, segundo argumentou a Promotoria, porque Bruno se recusava a
pagar pensão ao filho dele com Eliza. O crime ocorreu em 10 de junho de 2010, em
Vespasiano (MG).
A condenação do goleiro era esperada, porque ele admitiu ter conhecimento do
crime e não denunciou. Ele negou, porém, ser o mandante.
Os advogados tentaram convencer os jurados de uma menor participação para obter
uma pena menor. Não convenceram.
O advogado Lúcio Adolfo, defensor do goleiro, argumentou que o processo
estava cheio de irregularidades. Uma delas era existir uma investigação ainda em
andamento. Alegava que tudo poderia mudar.
"Como vocês podem condená-lo se a investigação ainda não terminou?", disse
ele aos jurados. Ele se referia à investigação complementar em curso do ex-policial José Lauriano de Assis Filho, o Zezé e de outro policial. Por envolver diretamente Zezé na trama, Dayanne foi beneficiada, embora o seu advogado, Tiago Lenoir, tenha negado no plenário a existência de um acordo com a promotoria.
Contudo, a defesa de Bruno tentou aprovar a tese da redução da pena, alegando que o goleiro teve uma "participação menor" no crime. Para isso, Bruno assumiu a existência do assassinato, mas não sua autoria. Ele disse que "sabia e imaginava" que Eliza morreria. Os jurados, porém, não acataram a tese.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
Bruno foi o terceiro condenado pelo assassinato de Eliza. Em novembro, foram julgados e condenados Luiz Henrique Romão, o Macarrão, e Fernanda Castro. Macarrão, que foi secretário de Bruno, foi condenado a 15 anos de prisão, sendo 12 em regime fechado pelo homicídio de Eliza.
Fernanda era a ex-namorada do goleiro. Ela foi condenada a cinco anos de prisão em regime aberto pelo sequestro e cárcere privado de Eliza.
Macarrão teve oito anos de redução na sua pena (de 20 para 12 anos) porque apontou o goleiro como o mentor da morte.
NOVOS JULGAMENTOS
O próximo réu desse caso a ser julgado será o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola. Ele foi denunciado como o executor de Eliza. No seu interrogatório, Bruno apontou Bola como o matador contratado.
Em maio, serão julgados por sequestro e cárcere privado do bebê Wemerson Marques de Souza e Elenilson Vítor da Silva. Eles trabalhavam para Bruno.
Fonte: Enviados especiais a Contagem da
Folhaonline/ reprodução
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