sábado, 13 de maio de 2017

Comportamento: Desvendando a cidade de Herodes

Crédito: Didier Descouens
PASSAGEM O massacre dos inocentes, atribuído ao rei Herodes: episódio só é narrado na Bíblia (Crédito: Didier Descouens)
Nos tempos de Cristo, viajantes que entravam de navio à cidade de Cesareia viam um belo espetáculo arquitetônico. Numa época em que portos eram fechados por formações naturais, o local encarava o Mediterrâneo de peito aberto, ladeado por duas muralhas que formavam o maior embarcadouro artificial do mundo. De frente para a majestosa construção, levantava-se um templo feito em honra ao imperador Augusto pelo rei Herodes – um dos principais vilões bíblicos, acusado de matar bebês para evitar o nascimento do menino Jesus. Essa imagem só pôde ser concebida devido à mais nova descoberta da Autoridade de Antiguidades de Israel: o velho portal de Cesareia, cidade que ajudou a moldar o mundo como o conhecemos hoje. “As recentes escavações mostram uma nova parte de Cesareia”, disse à ISTOÉ Peter Gendelman, arqueólogo responsável pelo projeto. “E nos dão informações importantes sobre o monumento mais importante construído por Herodes.”
INVESTIMENTO O projeto, um dos maiores em execução em Israel, está orçado em US$ 28 milhões (R$ 88 milhões) (Crédito:Jack Guez INVESTIMENTO O projeto, um dos maiores em execução em Israel, está orçado em US$ 28 milhões (R$ 88 milhões)





Herodes, o idealizador de Cesareia, viveu de 73 a.C a 4 d.C. O monarca, que estava subordinado a Roma, conquistou má fama devido à Bíblia. No relato do massacre dos inocentes, manda matar bebês para evitar o surgimento de um novo rei dos judeus, Jesus. O episódio não foi registrado fora das escrituras, apesar de a vida do governante ter sido extensamente documentada (incluindo as execuções de seus próprios filhos). Seja como for, a nova descoberta em Cesareia mostra um lado normalmente esquecido de Herodes: o de realizador. 
Os achados revelam as fachadas arqueadas do templo original, assim como a escadaria que dava acesso ao santuário. A cidade chegou a abrigar 80 mil pessoas no século 6, mas no tempo do monarca eram 10 mil. “O local possuía um sabor cosmopolita”, afirma Joseph Patrich, professor de arqueologia da Universidade Hebraica de Jerusalém. “Judeus, pagãos, samaritanos e, depois, cristãos viviam lado a lado.”
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Herodes, que estava subordinado a Roma, foi também um realizador: sua cidade tinha apuro arquitetônico e ar cosmopolita

Católicos e judeus

Cesareia possui ligação íntima com a história do cristianismo e do judaísmo. Maior responsável pela expansão dos ensinamentos de Jesus, São Paulo foi aprisionado na cidade por dois anos durante o julgamento que o levaria à execução, em Roma. 

De acordo com a tradição, foi também ali que recebeu (e ignorou) a profecia segundo a qual sua ida a Jerusalém colocaria em moção a sequência de acontecimentos que acabaria por matá-lo. Outro personagem fundamental com biografia ligada à Cesareia é São Pedro. Lá, ele teria convertido o centurião Cornélio, primeiro não judeu a virar cristão. Com o crescimento de seguidores de Jesus na região, a cidade se tornou um importante centro de estudos teológicos, abrigando dois dos maiores pensadores dos primeiros séculos do cristianismo: o polêmico Orígenes e o cronista Eusébio, inspirador do Credo Niceno, ainda hoje amplamente rezado por diversas denominações. De acordo com o legado hebraico, a localidade também foi palco de execução de dez líderes judeus após uma revolta religiosa, episódio que atualmente é lembrado no feriado do Yom Kippur.

Daqui para frente, a pesquisa procurará as estátuas perdidas de Zeus, Roma e Hera que ficavam dentro do templo. O projeto, um dos maiores em execução no país, está orçado em US$ 28 milhões (R$ 88 milhões), e busca aumentar o contingente de 800 mil pessoas que visitam Cesareia anualmente.
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A Atlântida Islâmica
Pela primeira vez, arqueólogos vão fazer buscas pela cidade submersa de Ayla, na costa da Jordânia. Porto muçulmano mais antigo do mundo, a localidade será escavada em julho. Analisando antigas imagens e estudos, pesquisadores acreditam ter identificado uma muralha debaixo d’água, às beiras do moderno município de Aqaba, no extremo norte do Mar Vermelho. O projeto será conduzido pela Sociedade Real de Conservação Marinha da Jordânia, com financiamento da Agência dos Estados Unidos para Desenvolvimento Internacional. A iniciativa visa promover o turismo de mergulhadores, além de ajudar na proteção de recifes de corais.

fonte: Istoé de 12.05.17/reprodução 

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