O contágio por Sars-Cov-2 aumentou na Inglaterra, apesar do avanço na vacinação e do novo confinamento, de acordo com resultado do maior estudo de vigilância de coronavírus do país, o React, divulgado nesta quinta (21).
Feito em conjunto pelo Imperial College e pelo instituto Ipsos Mori, com testes em 142.900 voluntários, o React indicou uma infecção a cada 63 pessoas entre 6 e 15 de janeiro, um aumento de 50% em comparação com a pesquisa anterior, realizada entre 25 de novembro e 3 de dezembro.
Em Londres, o contágio foi ainda maior: 1 em cada 36 testes deu positivo, mais que o dobro da taxa de um mês antes. "Os dados dá uma sugestão preocupante de um recente aumento nas infecções, que continuaremos monitorando de perto", afirmou o diretor do programa no Imperial College, Paul Elliott.
Segundo o epidemiologista, a diferença de metodologia explica por que o estudo mostra uma tendência diferente da estatísticas oficiais, onde os números de novos casos vinham caindo. No levantamento do governo, são testadas pessoas que já mostraram sintomas, enquanto o React testa ativamente os voluntários, antes mesmo de sinais da doença. A pesquisa, portanto, deve ter números mais atuais.
Em pessoas com de 18 a 24 anos, o vírus foi encontrado com maior frequência (2,51%) do que nas que têm 65 ou mais (0,94%). Apesar disso, a taxa de contaminação entre os mais idosos, que correm mais risco, dobrou no período. Profissionais que atendem a doentes de Covid-19 também foram mais infectados, comparativamente.
Enquanto cientistas de comportamento pedem que o governo lance uma campanha mostrando que a vacina não libera a prevenção, epidemiologistas pressionam para que o confinamento seja mantido.
"Vale a pena lembrar a definição de Albert Einstein: 'Insanidade é fazer a mesma coisa repetidamente e esperar um resultado diferente'. A lição é que toda vez que você libera muito rápido o confinamento, o contágio aumenta", disse na quarta o principal conselheiro científico do governo, Patrick Vallance.
Na União Europeia, os presidentes e primeiros-ministros dos 27 países-membros também discutem nesta quinta medidas para conter o coronavírus, mas com uma dificuldade a mais: na maioria dos países europeus, os programas de vacinação avançam lentamente, principalmente por falta de imunizantes.
A União Europeia quer evitar o fechamento coordenado de fronteiras dentro do bloco, mas há pressão de políticos locais, que temem a disseminação das novas variantes -além da britânica, as descobertas na África do Sul e no Brasil.
Medidas mais duras são necessárias porque, segundo o diretor do European Bioinformatics Institute Cambridge, Rolf Apweiler, a variante B117 causa de seis a oito vezes mais infecções por mês que as versões anteriores.
Apweiler fez parte de um grupo de cientistas que dirigiu um apelo a políticos alemães por confinamentos mais restritos. Na terça, a Alemanha ampliou até 14 de fevereiro o confinamento que terminaria em 31 de janeiro, incluindo o fechamento de escolas, e tornou obrigatório o uso de máscara cirúrgica (com fator de proteção maior) dentro de lojas ou no transporte público.
Nesta quinta, o chefe de gabinete de Merkel, Helge Braun, disse a emissoras de TV alemãs que o controle de fronteiras não está descartado. "O perigo é que, quando as infecções em um país aumentam, essa mutação se torna uma variante quase majoritária e a infecção não pode mais ser controlada", afirmou.
A Holanda anunciou que, a partir deste sábado (23), vai proibir voos do Reino Unido, da África do Sul e da América do Sul e estabeleceu dois testes obrigatórios: um PCR feito 72 horas antes do embarque e um do tipo rápido, na chegada.
fonte: FOLHAPRESS - 21/01/2021
0 comentários:
Postar um comentário