O Banco Central (BC) subiu nesta quarta-feira (17) o juro básico da
economia brasileira, a taxa Selic, em 0,25 ponto percentual, para 7,50%
ao ano.
É a primeira vez que a Selic sofre aumento desde 21 de julho de 2011, quando havia passado de 12,25% para 12,50% ao ano.
O aumento ocorreu depois de três reuniões seguidas do Copom (Comitê de
Política Minetária) em que a taxa foi mantida em 7,25% ao ano, o menor
nível da história. O último corte, de 7,5% para 7,25% ocorreu em outubro
de 2012. Desde agosto de 2011, a Selic caiu 5,25 pontos percentuais, em
dez reduções consecutivas.
A decisão de hoje foi tomada por seis votos a favor e dois contrários, pela manutenção da taxa."O Comitê avalia que o nível elevado da inflação e a dispersão de
aumentos de preços, entre outros fatores, contribuem para que a inflação
mostre resistência e ensejam uma resposta da política monetária. Por
outro lado, o Copom pondera que incertezas internas e, principalmente,
externas cercam o cenário prospectivo para a inflação e recomendam que a
política monetária seja administrada com cautela", informou o BC.
Votaram pela aumento dos juros Alexandre Tombini (presidente do BC),
Altamir Lopes, Anthero de Moraes Meirelles, Carlos Hamilton Vasconcelos
Araújo, Luiz Edson Feltrim e Sidnei Corrêa Marques.
Aldo Luiz Mendes, diretor de política monetária, e Luiz Awazu Pereira da
Silva, diretor de assuntos internacionais, votaram pela manutenção em
7,25%.
PRESSÕES INFLACIONÁRIAS
A principal aposta de economistas era aumento da Selic em função das
pressões inflacionárias, embora o fraco desempenho da economia desse
argumento aos que defendiam a manutenção da taxa.
Roberto Padovani, economista-chefe da Votorantim Corretora, destacou que
o debate público sobre crescimento e inflação tem sido intenso e pode
ter criado um forte incentivo político para o governo reagir à
instabilidade econômica, adotando um discurso mais amigável aos
mercados.
Na avaliação do especialista, como não houve mudanças bruscas no cenário
econômico, ainda prevalece a cautela. "Faz sentido que o ciclo de
correção dos juros seja mais longo e mais suave. Optamos por manter o
cenário em que a Selic alcance o patamar de 8,50% ao final do ano",
afirmou.
André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, avaliava como
provável a alta do juro básico, mas classificou a decisão como
"asburda".
"Serve apenas para acomodar as expectativas inflacionárias dos economistas", afirmou.
"Seria muito mais eficiente se o BC deixasse a Selic estável e agisse de
maneira não convencional. Ou, como se diz no novo jargão, através de
medidas macroprudenciais." Na avaliação do economista, se o BC
diminuísse o prazo máximo de algumas linhas de crédito iria de fato
restringir a demanda e a atividade.
Também para Clodoir Vieira, economista-chefe da Souza Barros Corretora, o
aumento de juros só serve para acalmar investidores. "Subir a Selic
nesse ritmo agora não traz impacto relevante na inflação, mas pode ter
um impacto psicológico positivo no mercado."
A equipe do Banco WestLB destacou, em relatório, que o Banco Central se
frustrou com os dados mais recentes de inflação, que indicaram pouca
eficácia até o momento das medidas de desoneração tributária no combate à
inflação, levando-o a acelerar o processo de ajuste das condições
monetárias.
Já em relação ao ritmo de alta de juros a ser implementado, os
especialistas do banco ressaltam que a cautela irá preponderar, uma vez
que a recuperação econômica do país ainda se mostra incipiente e
dependente de estímulos governamentais e o cenário externo se mantém
envolto por elevado grau de incerteza.
Elad Revi, analista da Spinelli Corretora, acredita em um ciclo de
aperto monetário de 1,25 ponto percentual até o fim do ano, o que
levaria a Selic para 8,50% ao ano.
"É preciso fazer o aumento de juros de forma gradual. Não adianta subir
demais, sob risco de os consumidores perderem poder de compra, o que
prejudicaria muito a economia que já está fragilizada."
Fonte: folhaonline
Imagem:reprodução
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