Além de Pernambuco, o aumento súbito de casos de bebês com
microcefalia foi registrado no Rio Grande do Norte. Informações
prestadas pela Secretaria de Saúde para o Instituto de Medicina Tropical
relatam 22 casos, a maioria a partir do mês de agosto. O indicador é 11
vezes maior que o registrado em 2012.
Os nascimentos aconteceram
em Natal, Mossoró, Macaíba e Currais Novos. A Universidade Federal do
Rio Grande do Norte está organizando uma rede de referência para
assistência a esses bebês. "Eles necessitam de uma atenção
especializada. São pouquíssimos os profissionais com treinamento no
momento para cuidar dessas crianças", afirmou o professor do Instituto
de Medicina Tropical do Rio Grande do Norte, Kleber Luz.
De
acordo com ele, testes feitos até agora nos bebês e nas mães não
identificaram a ocorrência de infecções que geralmente levam a esse tipo
de malformação: toxoplasmose, citomegalovírus, herpes e sífilis.
Cerca
de 80% das mães relataram ter apresentado, nos primeiros meses de
gestação, manchas, febres e coceiras - sintomas associados à doença
zika, cujo vírus é transmitido pelo mesmo mosquito da dengue, o Aedes
aegypti. "Estamos avaliando todas as hipóteses. Vamos repetir exames e
continuar buscando respostas", disse.
Luz informou que há quatro
anos o Estado teve um surto de toxoplasmose, mas que não foi seguido do
aumento de casos de microcefalia.
A má-formação, que pode levar a
criança ao retardo mental, convulsões, problemas de audição, visão e
motor, é considerada um evento raro na pediatria. No Rio Grande do
Norte, foram registrados dois casos em 2012 e dois em 2013. Em 2014, não
houve nascimento de crianças com problema.
"Dos 22 registrados
até agora, a maioria ocorreu depois de agosto. É um crescimento muito
expressivo." O professor relata que até o momento foi registrado uma
morte de bebê, ocorrida logo após o nascimento.
O aumento de
número de casos de microcefalia no Rio Grande do Norte vem sendo
investigado por pesquisadores há pelo menos um mês. Até esta
quarta-feira, 11, no entanto, não haviam sido fornecidos números
oficiais sobre as ocorrências. A exemplo de Pernambuco, Rio Grande do
Norte enfrentou no início do ano uma epidemia de zika.
A doença,
confirmada no Brasil este ano, provoca nos adultos reações consideradas
leves: coceira, vermelhidão e febre baixa. Por se tratar de uma doença
nova, não há um exame de diagnóstico específico. Nesta quarta, diante do
aumento do número de casos registrado em Pernambuco, o Ministério da
Saúde decretou emergência sanitária nacional.
O diretor-geral de
controle de doenças e agravos de Pernambuco, George Dimech, afirmou que
a secretaria já foi procurada nesta semana por secretarias dos Estados
do Piauí, Paraíba e Maranhão, em busca de informações sobre o protocolo
lançado pelo Estado para diagnóstico da microcefalia.
No fim da
manhã desta quinta-feira, 12, a secretária executiva de Vigilância em
Saúde de Pernambuco, Luciana Albuquerque, disse que o Ministério da
Saúde estuda enviar um reforço de a profissionais para o Estado, para
auxiliar na investigação. Estão em Pernambuco no momento dois técnicos
do ministério.
A Secretaria de Saúde do Maranhão, por meio de
assessoria de imprensa, informou que casos suspeitos estão em
investigação, mas não há confirmação de que são de fato crianças com
microcefalia. Oficialmente, o Estado contabiliza um caso da doença este
ano, número abaixo do que o registrado em 2012, quando quatro casos
foram confirmados.
Fonte:Lígia Formenti/uol/Recife
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