sábado, 20 de março de 2021

BH corre o risco de repetir cenário de Manaus, diz secretário de Saúde

 Em janeiro deste ano, Manaus (AM) enfrentou um caos na saúde com a lotação dos hospitais e falta de oxigênio. Em entrevista exclusiva ao Estado de Minas, Jackson Machado Pinto, secretário de Saúde de Belo Horizonte, diz que o cenário pode se repetir na capital mineira caso a população não respeite as medidas de controle à COVID-19.

Centro Especializado em Coronavírus instalado na UPA Centro-Sul de BH© Juarez Rodrigues/EM/D.A. Press Centro Especializado em Coronavírus instalado na UPA Centro-Sul de BH
Reprodutor de vídeo de: YouTube (Política de PrivacidadeTermos)

Nesta semana, BH chegou a ter mais de 100% de ocupação de leitos na rede privada, um dos principais sinais de que a capital corre o risco de virar Manaus. “Se as pessoas não se conscientizarem da necessidade de ficarem em casa, corre (o risco)”, respondeu o médico.


“Na segunda-feira, o vice-governador de Minas participou de uma sessão em que eu estava e ele usou uma frase que eu considero absolutamente perfeita e vou me permitir repetir: “está na hora de usarmos mais a conjunção ‘e’ do que a condição ‘ou’”. Está na hora de somarmos esforços para vencer a pandemia. É hora de todos nós atuarmos em conjunto para vencer esse inimigo tão poderoso e tão traiçoeiro que é esse vírus”, disse.

Na última quarta-feira (17/03), o Estado de Minas já havia publicado que faltam respiradores para abrir novos leitos de UTI em BH. Além disso, outra falta é de profissionais de Saúde para operarem esses leitos, por isso novas vagas foram abertas para contratação de mão de obra.

"Faltam respiradores para abrir leitos de UTI em hospitais, principalmente em alguns da Rede Fhemig. São problemas que vão ser resolvidos, mas que pode demorar um tempinho”, disse Jackson Machado.

Além disso, outro problema – desta vez, nacional – é com a falta de medicamentos essenciais para pacientes internados. Em BH, a secretaria de Saúde estuda reutilizar tubos usados em intubação de pacientes com COVID-19, por causa da escassez no equipamento.

Cansados do isolamento

Apesar de elogiar a população em acatar os conselhos do Comitê de Enfrentamento à Pandemia da COVID-19 desde março do ano passado, o secretário de Saúde se mostra preocupado com a recente desobediência às medidas de isolamento social por parte dos belo-horizontinos. 

“O povo belo-horizontino, neste um ano de pandemia, se mostrou um povo muito ordeiro e muito consciente das necessidades de seguir as recomendações sanitárias. É natural que haja um certo desgaste, um certo cansaço, né? Afinal, ficar um ano inteiro dentro de casa, sem encontrar familiares, amigos, sem sentar num boteco, que é tradição em Belo Horizonte, é realmente muito difícil”, comenta Jackson.

Jovens preocupam

O secretário de Saúde diz que é nítido o aumento de jovens infectados. “Observamos que, com a vacinação dos idosos, essa faixa etária diminuiu o seu comprometimento. O número de pessoas idosas internadas caiu substancialmente e o número de pessoas entre 30 e 50 anos aumentou substancialmente, ou seja, são aquelas pessoas que estão saindo de casa, seja para trabalhar, seja para se divertir”, supõe.

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Jackson ainda mencionou que na última segunda-feira (15/03) a Guarda Civil Municipal interditou uma festa na Região de Venda Nova com mais de 100 pessoas. “Ou seja, as pessoas se cansaram, mas agora, mais do que nunca, é importante para que não tenhamos um colapso do sistema de saúde semelhante ao que se viu em Manaus, por exemplo”, volta a comparar.

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“É importantíssimo que as pessoas se conscientizem da necessidade de ficar em casa, de sair apenas para o exclusivamente indispensável, para ir ao supermercado fazer uma compra e voltar. Não ficar passeando. Ir a uma farmácia comprar um medicamento e voltar. Fazer as coisas que são absolutamente indispensáveis no seu dia-a-dia”, pede o médico.

UPAs devem ser evitadas

BH também tem enfrentado Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs) lotadas. Com isso, o chefe do gabinete da Saúde também recomenda que as pessoas doentes só procurem atendimento médico se for extremamente necessário, pois as UPAs estão cheias de pacientes infectados com o novo coronavírus.

“Se puder esperar um pouquinho antes de sair para UPA e pensar ‘eu preciso de ir para UPA agora?’. Nós sabemos que as UPAs estão lotadas com pessoas com COVID-19. Às vezes a pessoa está com uma condição que pode ser resolvida no Centro de Saúde e acha que se for para a UPA vai ser resolvido com mais rapidez. Não vai. E ainda corre mais risco. É preferível ir ao Centro de Saúde para resolver alguma outra coisa simples, às vezes uma diarreia, um mal-estar, uma dor de cabeça, é preferível ir ao Centro de Saúde do que ir para uma UPA.”

fonte:EM.com.br 20/03/2021

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