No dia em que foi registrado um novo recorde de mortes pela doença no país, com 2.841

 óbitos notificados nas últimas 24 horas, Queiroga se reuniu pela primeira vez com o atual 

ministro da pasta, Eduardo

 Pazuello, para iniciar o trabalho. A expectativa é que o futuro ministro atue em linha com 

Bolsonaro e não defenda medidas de fechamento de comércio e restrição de circulação de

 pessoas, como um lockdown nacional.

Em pronunciamento, o novo ministro não fez uma defesa do isolamento social ou de medidas

 mais drásticas de restrição da circulação de pessoas que estão sendo adotadas por 

governadores e prefeitos nos últimos dias em razão do agravamento da crise sanitária no paíse

 o colapso em hospitais e outras unidades de saúde.

Bolsonaro é um crítico desse tipo de medidas, alegando que os prejuízos econômicos são

 mais  sérios do que o próprio vírus.

Em linha com o discurso do presidente, o novo ministro afirmou se favorável a uma atuação 

que proteja a economia.

"É preciso unir os esforços de enfrentamento da pandemia com a preservação da atividade

 econômica, para garantir emprego, para garantir renda e para garantir recursos para que as

 políticas públicas de saúde tenham consecução", disse o futuro ministro.

Queiroga defendeu o uso de máscara e lavar as mãos como medidas preventivas contra a 

Covid-19 que podem evitar a paralisação da economia e, ao reconhecer que não vai

 fazer "nenhuma mágica", disse que espera combater a pandemia com contribuições baseadas

 no melhor da evidência científica. A julgar por declarações que deu anteriormente, deve

evitar se posicionar a favor de tratamentos com medicamentos como a cloroquina.

“O governo está trabalhando. As políticas públicas estão sendo colocadas em prática.

 O ministro Pazuello anunciou todo o cronograma da vacinação. A política é do governo

 Bolsonaro. A política não  é do ministro da Saúde. O ministro da Saúde executa a política

 do governo”, disse ele a  jornalistas mais cedo ao chegar para sua primeira reunião no 

ministério nesta terça, antes mesmo da publicação de sua nomeação em Diário Oficial.

“O ministro Pazuello tem trabalhado arduamente para melhorar as condições sanitárias do

 Brasil e eu fui convocado pelo presidente Bolsonaro para dar continuidade a esse trabalho”,

 acrescentou.

A avaliação de parlamentares aliados do presidente, segundo fontes relataram à Reuters 

nos últimos dias, é que o ministro da Saúde que deixará o cargo, Eduardo Pazuello, perdeu

condições de permanecer no cargo após os sucessivos atrasos no calendário de vacinação

 contra Covid-19, problemas logísticos e ainda acusações de erros no colapso do sistema 

de saúde em Manaus no início do ano.

Nesse ínterim, Pazuello tornou-se alvo de uma investigação criminal do Supremo Tribunal

 Federal (STF) em razão da gestão da pasta e o governo Bolsonaro ainda está sob ameaça 

de ser alvo uma CPI do Senado.

Ao tomar vacina contra o vírus em janeiro, Queiroga já defendeu a imunização em massa.

"A vacina contra a Covid-19 é um direito de todos e dever do Estado brasileiro. O momento 

é de união para ampliar a cobertura vacinal e conter a pandemia", disse ele, em postagem

 no Twitter.

TRABALHO BEM FEITO

A troca --o quarto ministro da Saúde do governo em menos de um ano-- ocorre após o

 presidente registrar queda na popularidade e da recente reabilitação política do

 ex-presidente  Luiz Inácio Lula da Silva.

Presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Marcelo Queiroga não deverá contar ainda

 com apoio declarado da principal força política de Bolsonaro no Congresso, o centrão, uma

 vez que os nomes do grupo político na disputa pelo Ministério da Saúde foram preteridos 

pelo presidente.

O centrão buscou emplacar a médica Ludhmila Hajjar, que acabou recusando o convite do

 presidente após ter ficado evidente que ela iria buscar uma linha de atuação diversa da

 de Bolsonaro.

Outro nome do grupo, o do deputado Doutor Luizinho (PP-RJ), não chegou a ganhar tração

 após a rápida escolha de Queiroga --nome ligado ao primogênito do presidente, senador 

Flávio Bolsonaro (Progressistas-RJ), para o cargo.

Na única declaração pública que deu sobre a mudança, na segunda-feira à noite a apoiadores,

 Bolsonaro deu o tom da gestão e disse que Queiroga "tem tudo para fazer um bom trabalho

 dando prosseguimento em tudo que Pazuello fez até hoje”.

Segundo Bolsonaro, Queiroga vai trabalhar em programas para “cada vez mais para diminuir

 o número de pessoas que venham a óbito por essa doença que se abateu no mundo todo”.

“Então, o trabalho do Pazuello foi muito bem feito, a parte de gestão foi bem feita por ele e 

agora vamos partir para uma parte mais agressiva no combate ao vírus”, completou.

Até o momento, o país vacinou apenas 2,4% da população acima de 18 anos com duas

 doses --menos de 4 milhões de brasileiros-- ao mesmo tempo em que ostenta os piores

 índices de mortes por Covid-19 no mundo atualmente.

Desde a semana passada o Brasil é o líder mundial, na média dos últimos sete dias, em 

mortes por Covid-19, com 1.841 por dia, e em número de casos, com cerca de 66.800 

registros. A expectativa de especialistas e autoridades públicas é que esta semana a

 situação se agrave ainda mais.

Não bastasse isso, a imensa maioria das 27 unidades da Federação está com superlotação

de leitos de UTI de Covid-19.

"Novo ministro... descarta lockdown. Hoje, 16/3, quando assumir vai se deparar com os

 piores números da pandemia. Recorde de óbitos hoje será em alta escala. Sugestão: não 

se posicione contra o lockdown nacional", disse João Gabbardo, ex-secretário-executivo do 

Ministério da Saúde e atual coordenador executivo do Centro de Contingência de Combate

 ao Coronavírus do governo paulista.

fonte:REUTERS - 17/03/2021 08h:50min.