sexta-feira, 2 de julho de 2021

Opinião: Bolsonaro, além de um partido, precisa de um mandato

                                         

                           

O atual presidente brasileiro, ao longo de sua pífia carreira política, disputou nove pleitos eleitorais em 30 anos; ou seja, entre o ano de 1988 a 2018, destes, apenas três não foram pelo sistema de urna eletrônica implantado no país em 1996: em 1988, sua primeira eleição para vereador pela cidade do Rio de Janeiro, e posteriormente em 1990 e 1994, para Deputado Federal pelo Estado do Rio.

Na veemente defesa que faz para a volta do voto impresso no pleito de 2022, só reafirma a necessidade de criar fatos e narrativas para serem exploradas pelos seus seguidores e admiradores num eventual fracasso na eleição, pois ao questionar as urnas eletrônicas, coloca em xeque sua própria legitimidade ao longo de décadas.

O presidente tentou criar um partido para chamar de ‘seu’: não vingou; orientou os filhos Flávio e Carlos a se filiarem ao Partido Republicano (PR) da Igreja Universal, e após uma passagem rápida, o Senador Flávio já está no Patriotas, que na possibilidade de filiação do pai, já causou uma racha no partido.

Eleito democraticamente em 2018, e após 30 meses de gestão, deixou escapar a oportunidade de dar uma guinada muito grande ao país. Errou nas escolhas de ministros, com destaque para Ernesto Araújo e Ricardo Salles, e a 18 meses do final do mandato, as coisas complicaram e o estrago já está feito. Fato que a pandemia da Covid-19, a partir de março de 2020, causou danos extremos à população do país, principalmente entre os mais pobres, como também expôs de vez a falta de um projeto e o despreparo de Bolsonaro para dirigir uma nação do tamanho do Brasil. Seu governo errou na condução econômica quando continuou a privilegiar a elite brasileira, e por meio do ministro da Economia Paulo Guedes, promoveu a perversa reforma da  previdência com o aval do congresso, e perpetua a venda do patrimônio do país sem licitação, e para citar dois: a entrega da Refinaria Landulpho Alves na Bahia e a carteira de crédito do Banco do Brasil (BB), com o mesmo Guedes responsável por deixar durante três meses a população mais vulnerável sem o Auxílio Emergencial. Errou nas escolhas dos 4 ministros da Educação, com consequências a toda condução da Educação brasileira. Na Cultura, um desmonte total dos programas vigentes. Errou na política externa, em que o país deixou de ser um referencial nas relações socioeconômicas para se tornar alvo de desconfiança e gozação perante o mundo. Erra na comunicação do governo com a população, quando privilegia estações de TV e apresentadores sem audiência, bem como canais na internet e blogs de amigos dos filhos. Erra na escolha de seus conselheiros religiosos, líderes com caráter questionável e ministérios sob suspeita, que devem milhões à União. E o erro mais capital no direcionamento do enfrentamento à pandemia da Covid-19: as mãos de ministros, secretários executivos de saúde e do presidente estão molhadas com as lágrimas dos milhares de brasileiros que perderam seus entes queridos devido ao descrédito à ciência, e o pior, transmissão de inverdades, além das atitudes que atrasaram a aquisição de vacinas e após 15 meses de pandemia, o medo e a incerteza ainda se faz muito presente no seio da população, independente da classe social. Claro que vidas seriam perdidas, mas nunca nessa proporção que foi atingida até aqui.

O presidente que não controla suas emoções, desrespeita a constituição, as instituições representadas num Estado de Direito, a imprensa, e agora essa avalanche de denúncias com relação à compra de vacinas da Covaxin empurra o seu governo para a parede de vez.

A 15 meses para o pleito de 2022, Bolsonaro, pelo andar da carruagem, além de ter que escolher um partido, terá que escolher entre os Estados de São Paulo, Rio, ou Distrito Federal para voltar ao Congresso, caso queira continuar com mandato na vida pública, e consequentemente contar com a famigerada imunidade parlamentar.   

                                                                                                                            

  Jorge  Luiz   

  Pedagogo 

 Criador e Editor do Blog Fique Informado

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