O Instituto Nacional de Combate à Violência Familiar (INCVF) passou a acompanhar o caso da adolescente Andressa Júlia Ferreira Santos, de 16 anos, que morreu em maio deste ano, 30 dias após ingerir uma superdose de calmantes. A menor enfrentava uma depressão severa após ser vítima de estupro coletivo e de ter sido exposta nas redes sociais.
A violência ocorreu em janeiro deste ano, mas só foi comunicada às autoridades policiais pela mãe da menor em abril, quando ela descobriu o estupro sofrido pela filha, após mudança radical no seu comportamento. Andressa ficou internada por cerca de 30 dias em um hospital particular de Maceió, onde morreu. Segundo o lado da necropsia, a causa da morte foi septicemia, insuficiência respiratória aguda e infecção por medicamentos.
Segundo a denúncia da mãe (Andressa jamais prestou depoimento formal sobre o crime), a adolescente foi chamada por uma amiga, integrante da Guarda Municipal de Porto de Pedras, para ir a uma festa em São Miguel dos Milagres, onde a adolescente teria sido drogada, estuprada por dois primos e gravada em vídeos, que foram divulgados posteriormente.
Na época da denúncia, a integrante da Guarda chegou a ser afastada das atividades. Os dois acusados, que residem em Pernambuco, jamais foram presos. Depuseram no inquérito policial a mãe da adolescente, a integrante da Guarda, testemunhas e os dois suspeitos. O delegado Valdir Silva de Carvalho chegou a representar pela prisão de ambos, mas nunca foi decretada pela Justiça.
A presidente estadual do INCVF, Rosaly Monteiro Damião, disse que o caso é complexo devido à falta de exame de corpo de delito da menor e do seu depoimento, mas que o Instituto e a Polícia Civil já têm provas suficientes, inclusive a roupa íntima da menor, encontrada escondida dentro do seu guarda-roupa, com sangue, além de várias mensagens enviadas a amigos.
Em uma destas mensagens, Andressa demonstra toda angústia pela qual estava passando: “Me sinto vazia, suja, triste, violentada e sabe o que é mais triste? Tiraram até minha minha voz, me sinto silenciada, tiraram meu direito de contar minha verdade, o que me aconteceu de fato, afinal de contas poucos acreditariam e eu só seria julgada ainda mais do que já sou”.
A jovem ainda relata não ter clareza do que ocorreu no dia do estupro. Ela afirma ter tomado uma bebida “com gosto de perfume” e, a partir daí, só teria alguns flashbacks. A menor relata, ainda, ter sido deixada em casa chorando desesperadamente e ainda teria sido filmada pela “amiga” falando coisas descontextualizadas.
Para o Instituto, o Ministério Público e o magistrado que atuam na vara responsável pelo caso têm indícios suficientes para atender ao pedido de custódia cautelar dos suspeitos, para assim facilitar a conclusão do inquérito policial.
Fonte: ALAGOAS24H - 28/07/2021
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