Manifestantes reunidos no Portão de Brandemburgo criticaram a gestão do governo na pandemia e pediram impeachment do presidente. Direitos dos povos indígenas e reforma trabalhista também foram lembrados.
Um grupo de brasileiros realizou um protesto contra o presidente Jair Bolsonaro neste sábado (21/08), no Portão de Brandemburgo, no centro de Berlim.
Com faixas estendidas no chão, os manifestantes criticaram o governo, chamado por eles de "genocida" pela gestão da pandemia, o "nepotismo dos militares” e o ministro da Economia, Paulo Guedes.
Os ativistas também pediram respeito aos direitos indígenas. "Parem o massacre dos Yanomamis, fora garimpeiros", dizia uma das faixas. Uma das organizadoras do ato, a pernambucana Edleuza Peixoto, disse que o protesto também foi uma forma de mostrar solidariedade aos povos indígenas no Brasil.
"No dia 25, deve ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal o chamado marco temporal, defendido por ruralistas. Ele inviabiliza o reconhecimento dos territórios, e é uma abertura para expandir o agronegócio e as atividades de mineração", afirmou Edleuza.
A ação sobre o marco temporal pede que o Supremo estabeleça que os povos indígenas só teriam direito às terras onde já estavam no dia 5 de outubro de 1988, quando entrou em vigor a atual Constituição. Essa interpretação é defendida pela bancada ruralista no Congresso.
Já os indígenas defendem que têm um direito originário às suas terras, independente de uma data específica, e afirmam que a adoção do marco temporal afetaria os povos que foram expulsos de suas terras antes da entrada em vigor da Constituição.
Encontro do presidente com deputada alemã de ultradireita
Um dos manifestantes no ato deste sábado era o professor aposentado alemão Martin Westendorf, que nasceu no Brasil e tem dupla cidadania. Ele disse à DW Brasil que achou "repugnante" Bolsonaro ter recebido em julho a deputada alemã Beatrix von Storch, do partido Alternativa para a Alemanha (AfD, na sigla em alemão), de ultradireita.
Westendorf enfatizou que a deputada é "descendente do ministro das Finanças de Hitler" e representante do "partido neofascista AfD". O pai de Westendorf foi um pastor luterano, crítico do regime nazista. "Ele passou a ser perseguido pelas forças da SA [força paramilitar do Partido Nazista] e estava correndo risco aqui na Alemanha. Por isso, foi mandado pela igreja para o Brasil, em 1936", disse.
O protesto reuniu cerca de dez manifestantes e foi bem menor do que o de 24 de julho, o que não foi surpresa para Edleuza. Segundo ela, que está em contato com outros brasileiros que também vêm organizando protestos semelhantes na Alemanha e em outros países da Europa, muitos manifestantes têm preferido "fazer uma pausa" neste mês de agosto.
"Estamos no verão, muitos estão de férias. E parece que muita gente está cansada de tantos protestos. Mas fiz questão de manter o ato, porque o importante é mandar a mensagem." No Brasil, os próximos protestos contra Bolsonaro acontecerão no feriado de 7 de setembro, Dia da Independência – na mesma data, também serão realizados atos a favor do presidente. Em Berlim, o ato contra Bolsonaro deve ocorrer no dia 11 de setembro, um sábado.
Durante o ato deste sábado, houve ainda menção ao Tribunal Penal Internacional de Haia, onde Bolsonaro já foi denunciado por indígenas por "crimes contra a humanidade e genocídio". Também foram feitas críticas à reforma administrativa, que para os manifestantes "visa o desmonte do Estado".
Jovens brasileiros que passavam pelo local apoiaram os manifestantes com gritos de "Fora Bolsonaro". O estudante Giovanni Lira, de 17 anos, que ajudou na organização do ato, disse que faz questão de ir aos protestos porque o presidente Bolsonaro "é racista, homofóbico e sexista" e tem um ministro da Economia que está "desmantelando os direitos do trabalhador".
Autor: Cristiane Ramalho/DW 21/08/2021 19h:55min.
0 comentários:
Postar um comentário