Apesar da pressão e das ameaças do

 presidente da República Jair Bolsonaro,

 o voto impresso sofreu sua primeira grande

 derrota no Congresso nesta quinta-feira, 5.

 O relatório do deputado Filipe Barros

 (PSL-PR) para a volta da contagem manual

 do resultado das eleições e da impressão

 do comprovante

 de votação foi derrotado por 23 votos

 contrários e 11 favoráveis.

O projeto é a maior aposta do presidente 

Jair Bolsonaro, que tem ameaçado impedir

 as eleições de 2022 caso o sistema de votação

 siga sendo eletrônico. O Estadão revelou 

que o ministro da Defesa, Braga Netto

enviou recados nessa mesma linha de 

ameaça ao pleito. Em nota após a 

reportagem, o general afirmou que o 

“País quer mais transparência nas eleições

e a discussão sobre o voto impresso é

 legítima”.


Doze partidos orientaram suas bancadas a 

votar contra o projeto – PT, PL, PSD, MDB, PSDB, PSB, Solidariedade, PSOL, PCdoB, PV, DEM e Rede.

 Apenas o PSL, PP, Podemos, PTB e o

 Republicanos (partido da Igreja Universal)

 indicaram o voto favorável. Liberaram seus 

deputados a votar como quiserem: Cidadania

 e o Novo. O DEM chegou a integrar esse 

último grupo, mas, formada a maioria contra

 o texto, mudou de posição.

Além de determinar a obrigatoriedade da

 impressão do voto, o relatório de Barros reduz o poder do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nas

 investigações sobre processos de votação 

e permite que eleitores possam acompanhar

 a contagem manual dos votos na sessão

 eleitoral. Há ainda uma alteração que, s

segundo especialistas, derruba a regra de 

que as mudanças só poderiam ocorrer um

ano após aprovadas, ou seja, teriam validade

 imediata e para as eleições de 2022.

Plenário. Mesmo derrotado na comissão

 especial, o texto poderá ser votado no

 plenário. A avaliação entre líderes, contudo,

 é que será igualmente rejeitado numa nova

 rodada agora com os 513 deputados.

“Nós devemos começar a debater o que

 interessa nesse País”, afirmou o deputado 

Orlando Silva (PCdoB-SP). “Votamos pelo arquivamento dessa PEC golpista do governo de Jair Bolsonaro.”

“O presidente Bolsonaro age como uma

criança mimada, o dono da bola”, afirmou

 o deputado Israel Batista (PV-DF). “Estamos

 debaixo do governo que mais produziu 

fake news no Brasil.”

A proposta é criticada por especialistas e pelo

 próprio presidente do TSE, ministro

 Luís Roberto Barroso, que enxerga um

 retrocesso nos sistema eleitoral do País. 

Essa postura do magistrado fez dele o alvo 

principal dos ataques de Bolsonaro neste 

ano.

Nessa escalada de críticas, Bolsonaro afirmou

 nesta semana que sua luta não é contra o TSE

 ou STF, mas contra uma pessoa apenas: 

ministro Luís Barroso, que, segundo ele, 

“se arvora como o dono da verdade”. 

A apoiadores em frente ao Palácio da 

Alvorada, o presidente disse ainda que

 “não aceitará intimidações” e que não 

permitirá que se viole a Constituição e 

sugeriu ainda que exista um “complô” 

para eleger o ex-presidente 

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022.

Lira. O presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), cujo partido se

 posicionou a favor do voto impresso, vem

 sendo pressionado a não pautar o tema 

no plenário. Na avaliação de parlamentares

 contrários à proposta, Lira estaria 

“chamando para si” a crise institucional 

que o texto representa. O líder do MDB, 

Isnaldo Bulhões (AL), é um dos que 

defendem essa tese. “Eu acredito que 

não chegará em plenário”, disse ao

 Estadão.

Para evitar que a proposta fosse apreciada

 ontem, o presidente da Câmara tentou

 convencer os deputados a adiarem a votação,

 mas não obteve sucesso. Uma hora antes 

da reunião começar, 34 deputados já haviam

 registrado presença. O número mínimo era 

de 18 parlamentares.

O líder do PSL na Câmara, Major Vitor Hugo

 (GO), se manifestou favorável ao texto e 

defendeu que o plenário analise a proposta.

 “Somos totalmente a favor do voto impresso. 

O plenário precisa se manifestar sobre 

esse tema. O País precisa de segurança

 e transparência nas eleições”, afirmou, 

repetindo Bolsonaro. 


Veja como os deputados votaram:

Contra

Geninho Zuliani (DEM-SP)

Kim Kataguiri (DEM-SP)

Raul Henry (MDB-PE)

Valtenir Pereira (MDB-MT)

Júnior Mano (PL-CE)

Márci Alvino (PL-SP)

Edilazio Junior (PSD-MA)

Fábio Trad (PSD-MS)

Rodrigo Maia

Tereza Nelma (PSDB_AL)

Paulo Ramos (PDT-RJ)

Perpétua Almeida (PCdoB-AC)

Marreca Filho (PATRIOTA-MA)

Orlando Silva (PCdoB-SP)

Israel Batista (PV-DF)

Bosco Saraiva (SOLIDARIEDADE-AM)

Arlindo Chinaglia (PT-SP)

Carlos Veras (PT-PE)

Odair Cunha (PT-MG)

Aliel Machado (PSB-PR

Milton Coelho (PSB-PE)

Fernanda Melchionna (PSOL-RS)

Paulo Ganime (Novo-RJ)

Favoráveis

Evair de Melo (PP-ES)

Guilherme Derite (PP-SP)

Pinheirinho (PP-MG)

Bia Kicis (PSL-DF)

Eduardo Bolsonaro (PSL-SP)

Filipe Barros (PSL-PR)

Aroldo Martins (REPUBLICANOS-PR)

Marco Feliciano (REPUBLICANOS-SP)

Paulo Martins (PSC-PR)

Paulo Bengtson (PTB-PA)

José Medeiros (PODE-MT)

Fonte:ESTADÃO 05/08/2021 -