sábado, 11 de setembro de 2021

Carta de Bolsonaro: Celso de Mello diz que é necessário "resistir e frustrar qualquer subversão da ordem democrática"

Celso de Mello em sessão do STF
Rosinei Coutinho/SCO/STF- O ministro aposentado Celso de Mello em sessão do STF


O ministro aposentado e ex-decano do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello comparou a "declaração à nação" assinada pelo presidente Jair Bolsonaro e redigida por seu antecessor, Michel Temer , na última quinta-feira (9) ao acordo de Munique, assinado por Adolf Hitler em 1938 na Alemanha. Segundo o ex-ministro do STF, o recuo de Bolsonaro na carta pode se revelar uma farsa.

As declarações de Celso de Mello foram feitas ao jornalista Diego Escosteguy, da newsletter O Bastidor. Segundo o ex-decano do Supremo, Bolsonaro tem "personalidade autocrática" e "comprovada disposição" de "ultrajar a Constituição e de ignorar os limites que a Carta Política impõe aos seus poderes".

"Se Bolsonaro revelar infidelidade ao que pactuou, terá dado plena razão à advertência segundo a qual a história, quando se repete pela segunda vez, ocorre como farsa", disse Mello, que apontou ter dúvida se o recuo do presidente dois dias depois dos  ataques de 7 de setembro não foi mera estratégia para iludir os demais poderes e apaziguar a crise institucional.

Celso de Mello disse que é necessário se organizar para "resistir e frustrar qualquer subversão da ordem democrática", já que, segundo ele, Bolsonaro despreza a supremacia da Constituição e pode dar um golpe "daqueles que nutrem visceral desapreço pelo regime das liberdades fundamentais e pelo texto da Constituição".

Acordo de Munique antecedeu segunda guerra mundial

Tratado acordado entre os líderes das principais potências europeias à época, o Acordo de Munique partiu de Hitler e tinha, além da Alemanha Nazista, a Itália fascista de Benito Mussolini, Neville Chamberlain, do Reino Unido e Édouard Daladier, da França. Assinado em setembro de 1938, há 83 anos, ele foi marcado por um acordo alemão com as demais potências para que parte da Checoslováquia passasse a ser um território da Alemanha.

Alguns meses depois, em março de 1939, Hitler invadiu o restante do território checo, rasgando o acordo feito com as demais potências, traídas, e levando, junto com uma série de outros fatores, à segunda guerra mundial, que durou até 1945 e acabou com a derrota dos nazistas e milhões de mortos pela Europa.

Fonte: PORTAL IG- 11/09/2021 14h:25min.

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