terça-feira, 27 de abril de 2021

Salles atuou em favor de criminosos ambientais, diz delegado da PF no Amazonas




Foto: Roque de Sá/Agência Senado
Foto: Roque de Sá/Agência Senado

 

Ministro do Meio Ambiente de Bolsonaro é acusado de organização criminosa, advocacia administrativa e obstrução de fiscalização.

O ex-superintendente da Polícia Federal no 

Amazonas, delegado Alexandre Saraiva, detalhou,

na Câmara 

dos Deputados, as denúncias de organização 

criminosa, advocacia administrativa e obstrução

de fiscalização por parte do ministro do Meio

 Ambiente, Ricardo Salles.

As denúncias constam de notícia-crime que o 

delegado enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) 

em 14 de abril. Saraiva participou, nesta segunda-feira

(26), de audiência virtual conjunta das Comissões

 de Legislação Participativa e de Direitos Humanos.

Segundo reportagem da Agência Câmara de 

Notícias, Alexandre Saraiva explicou que os supostos 

crimes de Ricardo Salles ocorreram após a 

Operação Handroanthus, da Polícia Federal, apreender

213 mil metros cúbicos de madeira ilegal na divisa 

entre Amazonas e Pará, no fim do ano passado. A investigação apontou desmatamento ilegal, grilagem 

de terra, fraude em escrituras e exploração madeireira

em áreas de preservação permanente. Saraiva

foi exonerado da superintendência do Amazonas um

dia após enviar a notícia-crime para o STF. O

 delegado relatou aos deputados a atuação do 

ministro Ricardo Salles em prol de quem chamou 

de “criminosos ambientais”.

“O senhor ministro deu várias entrevistas criticando a operação, mas não ficou só no discurso. Ele foi até 

a área e fez uma pseudoperícia de 40 mil toras: ele

olhou duas e disse que, em princípio, estava tudo certinho e que as pessoas apresentaram escrituras”, disse o

delegado. Segundo Saraiva, porém, não apareceram

os donos de mais de 70% da madeira apreendida.

“Se ninguém reivindicou, como é que o ministro pode 

dizer que está tudo certo e a investigação da Polícia

Federal está errada?”, questiona.

O delegado afirma que o ministro recebeu da divisão

de meio ambiente da Polícia Federal todos os 

laudos periciais e que a principal empresa que atua

na região já recebeu mais de 20 multas do Ibama, 

somando aproximadamente R$ 9 milhões. 

“O senhor ministro fez uma inversão: tornou legítima 

a ação dos criminosos e não a dos agentes públicos.”

A participação de Salles na tentativa de legalizar 

supostas irregularidades teria sido a gota d’água 

para a notícia-crime, segundo o delegado Alexandre 

Saraiva. Ele contou que a Polícia Federal vinha 

solicitando, desde dezembro, acesso ao 

processo administrativo do órgão ambiental do 

Pará. Segundo Saraiva, eles começaram a trabalhar

assim que os documentos foram reunidos em 

Santarém, pois Salles teria indicado prazo de uma 

semana para a conclusão das perícias.

“Quando eu vi o conjunto de documentos, que foi

uma reunião organizada – ou, pelo menos, 

com a participação direta do ministro do Meio Ambiente 

– e 

que se tornou uma fraude que buscava iludir a 

autoridade policial, eu entendi correto encaminhar

notícia-crime ao Supremo Tribunal Federal.”


fonte:Bahia.Ba - 27/04/2021 08h:55min.

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