Ministro do Meio Ambiente de Bolsonaro é acusado de organização criminosa, advocacia administrativa e obstrução de fiscalização.
O ex-superintendente da Polícia Federal no
Amazonas, delegado Alexandre Saraiva, detalhou,
na Câmara
dos Deputados, as denúncias de organização
criminosa, advocacia administrativa e obstrução
de fiscalização por parte do ministro do Meio
Ambiente, Ricardo Salles.
As denúncias constam de notícia-crime que o
delegado enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF)
em 14 de abril. Saraiva participou, nesta segunda-feira
(26), de audiência virtual conjunta das Comissões
de Legislação Participativa e de Direitos Humanos.
Segundo reportagem da Agência Câmara de
Notícias, Alexandre Saraiva explicou que os supostos
crimes de Ricardo Salles ocorreram após a
Operação Handroanthus, da Polícia Federal, apreender
213 mil metros cúbicos de madeira ilegal na divisa
entre Amazonas e Pará, no fim do ano passado. A investigação apontou desmatamento ilegal, grilagem
de terra, fraude em escrituras e exploração madeireira
em áreas de preservação permanente. Saraiva
foi exonerado da superintendência do Amazonas um
dia após enviar a notícia-crime para o STF. O
delegado relatou aos deputados a atuação do
ministro Ricardo Salles em prol de quem chamou
de “criminosos ambientais”.
“O senhor ministro deu várias entrevistas criticando a operação, mas não ficou só no discurso. Ele foi até
a área e fez uma pseudoperícia de 40 mil toras: ele
olhou duas e disse que, em princípio, estava tudo certinho e que as pessoas apresentaram escrituras”, disse o
delegado. Segundo Saraiva, porém, não apareceram
os donos de mais de 70% da madeira apreendida.
“Se ninguém reivindicou, como é que o ministro pode
dizer que está tudo certo e a investigação da Polícia
Federal está errada?”, questiona.
O delegado afirma que o ministro recebeu da divisão
de meio ambiente da Polícia Federal todos os
laudos periciais e que a principal empresa que atua
na região já recebeu mais de 20 multas do Ibama,
somando aproximadamente R$ 9 milhões.
“O senhor ministro fez uma inversão: tornou legítima
a ação dos criminosos e não a dos agentes públicos.”
A participação de Salles na tentativa de legalizar
supostas irregularidades teria sido a gota d’água
para a notícia-crime, segundo o delegado Alexandre
Saraiva. Ele contou que a Polícia Federal vinha
solicitando, desde dezembro, acesso ao
processo administrativo do órgão ambiental do
Pará. Segundo Saraiva, eles começaram a trabalhar
assim que os documentos foram reunidos em
Santarém, pois Salles teria indicado prazo de uma
semana para a conclusão das perícias.
“Quando eu vi o conjunto de documentos, que foi
uma reunião organizada – ou, pelo menos,
com a participação direta do ministro do Meio Ambiente
– e
que se tornou uma fraude que buscava iludir a
autoridade policial, eu entendi correto encaminhar
notícia-crime ao Supremo Tribunal Federal.”
fonte:Bahia.Ba - 27/04/2021 08h:55min.
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