Navios da Marinha da Indonésia realizam buscas intensas nesta quinta-feira (22) para localizar um submarino desaparecido em frente à costa de Bali, com 53 tripulantes a bordo. Militares travam uma corrida contra o tempo para localizar a embarcação, já que o suprimento de oxigênio no interior da cápsula pode acabar em 72 horas, ou seja, na madrugada de sábado (24).
O ministro da Defesa australiano, Peter Dutton, declarou que as informações disponíveis provocam o temor de "uma terrível tragédia".
Uma mancha de petróleo foi encontrada na região onde a embarcação enviou seu último sinal para a base naval. As buscas se concentram nesta área. Seis navios de guerra e um helicóptero estão envolvidos na operação, bem como no resgate no mar.
Cerca de 400 militares e equipes de socorro foram mobilizados. Ontem, o comandante das Forças Armadas, Hadi Tjahjanto, disse que o submarino poderia estar a 700 metros de profundidade.
A presença de combustível no mar pode sinalizar danos ao tanque do submersível ou uma descarga enviada como um sinal de socorro, de acordo com o porta-voz da Marinha, Julius Widjojono.
O chefe do Estado-Maior da Marinha, Yudo Margono, disse nesta quinta-feira que, caso tenha ocorrido um problema elétrico no aparelho, como um corte de energia, as reservas de oxigênio do submarino podem durar até 72 horas. A tripulação teria meios de sobreviver até a madrugada de sábado. "Esperamos encontrá-los antes desse prazo", afirmou Margono.
O KRI Nanggala 402, um submarino da Marinha indonésia construído há cerca de 40 anos, submergiu na manhã de quarta-feira (21) para a execução de exercícios militares. As manobras incluíam o lançamento de torpedos. Logo depois de receber a autorização de mergulho, o equipamento não emitiu mais qualquer sinal de comunicação.
Analistas militares consideram que, se o submarino estiver a 700 metros de profundidade, conforme relatado pelas autoridades na quarta-feira, ele provavelmente se partiu em pedaços.
Ajuda internacional a caminho
Vários países ofereceram ajuda à Indonésia, incluindo Estados Unidos, Austrália, Índia, França e Alemanha. Os vizinhos Malásia e Singapura enviaram embarcações para apoiar as operações de buscas.
Singapura despachou um navio de resgate submarino especializado, o MV Swift Rescue, que deve chegar na área no sábado, enquanto reforços da Malásia são esperados no domingo (25).
Profundidade alarmante
A Marinha sugeriu hoje que pode ter ocorrido um acidente. “É possível (...) que tenha acontecido um corte de energia durante o qual o submarino ficou fora de controle e impedido de executar manobras emergenciais, fazendo-o mergulhar a 600 ou 700 metros”, disse o porta-voz da Marinha.
O vice-almirante francês Antoine Beaussant diz que a posição do submarino a 700 metros de profundidade sinaliza, provavelmente, danos à embarcação. Um equipamento desse tipo pode descer 250 metros abaixo da superfície, "um coeficiente de segurança imposto para a preservação do submarino", disse ele à agência AFP. Mas, "se submergir a 700 metros, há todas as chances de que se quebre", observa o francês.
Frank Owen, funcionário do Instituto de Submarinos da Austrália, também está pessimista sobre as chances de um resgate. "Se o submarino estiver no fundo do mar e nessa profundidade, há poucas possibilidades de se evacuar a tripulação", disse ele à mídia australiana. "A única maneira de resgatá-los seria recuperar o submarino, o que seria um longo processo", explicou.
A Marinha da Indonésia possui uma frota de cinco submarinos construídos na Alemanha e na Coreia do Sul, e este é o primeiro incidente grave que registra. Nos últimos anos, o governo indonésio tem feito esforços para modernizar sua frota.
O KRI Nanggala 402 é um submarino de ataque com motores a diesel e elétrico. Pesa 1.395 toneladas e tem cerca de 60 metros de comprimento. O modelo do "tipo 209" foi construído em 1978 na Alemanha e entregue em outubro de 1981 na Indonésia. Desde então, passou duas vezes por obras de modernização.
O incidente com o KRI Nanggala 402 lembra tragédias ocorridas com outras embarcações semelhantes. Em 2000, o submarino de propulsão nuclear Kursk, da Frota do Norte russa, afundou durante manobras no Mar de Barents (noroeste da Rússia), provocando a morte de 118 membros de sua tripulação.
Mais recentemente, em 2017, o submarino da frota argentina San Juan, com 44 marinheiros a bordo, desapareceu a cerca de 400 quilômetros da costa argentina. Todos morreram. O equipamento só foi encontrado um ano após ter perdido contato com sua base naval.
FONTE: RFI c/ informações da AFP)
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