Ex-presidente FHC governou de 1995-2002 foto:reprodução
No primeiro biênio de sua passagem pelo Palácio do
Planalto, o então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) vaticinava
o que ele próprio, além de seus sucessores petistas Luiz Inácio Lula da
Silva e Dilma Rousseff, viveriam: não se governa o Brasil sem o PMDB na
base de apoio legislativo. A avaliação faz parte do primeiro volume de
Diários da Presidência, série de quatro livros com os registros do
cotidiano do tucano na chefia do Executivo federal, a ser lançada no dia
29 de outubro pela Companhia das Letras.
"Essa base de apoio eu a estendi depois das eleições e peguei o PMDB,
uma parte importante do PMDB, e vejo assim o futuro também. Seja eu o
presidente ou outro que venha a me suceder , ninguém vai poder governar o
Brasil sem ampla base de apoio", anotou FHC em registro de 25 de julho
de 1996, ao relatar uma reunião com deputados do PMDB. O ex-presidente,
embora reconhecesse o papel fundamental do PMDB para compor a base do
governo, reclamava da dificuldade de negociar com o partido, por causa
de suas divisões internas.
Participaram daquela reunião os hoje tucanos Aloysio Nunes Ferreira,
atual senador por São Paulo, e Alberto Goldman, ex-governador paulista,
além de Luís Carlos Santos, membro da coordenação política do governo, e
o hoje vice-presidente Michel Temer, que no ano seguinte seria eleito
presidente da Câmara, com apoio do Planalto.Na mesma reunião, FHC fez um alerta aos interlocutores: "É melhor que
o PMDB se fortaleça nas mãos de gente que não seja caudilho local, tipo
(Orestes) Quércia, ou que não fique na base da corrupção. Eles
concordaram".
Em outro trecho do livro, em 2 de agosto do ano seguinte, FHC fala
sobre o quanto é "delicado" negociar o apoio dos peemedebistas. "À tarde
recebi o senador Renan Calheiros, do PMDB de Alagoas, que veio falar da
situação desesperadora de seu estado. Mas veio mesmo conversar um pouco
mais sobre política e dizer que eu tenho que tomar uma decisão sobre a
sucessão no Senado. Por quê? Porque o PMDB está um pouco dividido, eles
desconfiam que o Sarney esteja apoiando o Antônio Carlos (Magalhães), o
Jader (Barbalho) está um pouco preocupado com o Sarney". A disputa, no
ano seguinte, foi vencida por ACM.
Fogo amigo
Ao longo das quase 900 páginas do
primeiro volume, FHC também reclama do seu próprio partido, o PSDB. Para
o ex-presidente, os integrantes da legenda reclamavam muito e não
ajudavam como deveriam no Congresso. "O PSDB se queixa do de sempre,
falta de atenção (...) O PSDB tem que assumir a bandeira do governo, e
não tem assumido", disse o presidente depois de uma reunião com
dirigentes tucanos. (AE)
Fonte:AE
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