O presidente Jair Bolsonaro disse que manter o atual sistema de votação eletrônica para as eleições de 2022 significa uma fraude antecipada para prejudicá-lo na disputa em que poderá tentar a reeleição.
Na primeira transmissão semanal ao vivo de 2021 pelas redes sociais, Bolsonaro lançou suspeitas sobre o processo eleitoral norte-americano, mas evitou comentar a invasão do Congresso, em Washington, por extremistas pró-Donald Trump.
O presidente fez a declaração ao defender novamente a adoção do voto impresso no Brasil – mais cedo, Bolsonaro ligou o ato em Washington a eleição de 2022 e disse Brasil pode ter um “problema pior” que o registrado nos EUA.
Na prática, o sistema pretendido por Bolsonaro não substitui a urna eletrônica, mas gera uma espécie de comprovante físico dos votos para recontagens manuais.
“Qual o problema nisso? Estão com medo? Já acertaram a fraude para 2022? Eu só posso entender isso aí. Eu não vou esperar 2022, não sei nem se vou vir candidato, para começar a reclamar. Temos que aprovar o voto impresso”, disse ele na live.
Ao lado do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, o presidente pediu respeito àqueles que não acreditam na segurança das urnas eletrônicas. “Quem acredita que o voto eletrônico vale, tudo bem, não vou discutir contigo. Tem muita gente que não acredita, e temos que respeitar esse lado de cá”, afirmou.
Bolsonaro já disse ter provas de que as eleições de 2018 foram marcadas por fraudes, que lhe retiraram uma vitória em primeiro turno. Até hoje, porém, não apresentou qualquer evidência. Ao contrário do que defende o presidente, a votação eletrônica no Brasil permite auditoria.
As suspeitas que o presidente Bolsonaro voltou a lançar sobre o sistema eleitoral do Brasil, na esteira dos confrontos nos Estados Unidos, provocaram fortes reações no mundo político e jurídico. “É um ataque direto e gravíssimo ao TSE e seus juízes”, afirmou o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, declarou que a vida institucional não pode ser palanque e que as autoridades precisam ser responsáveis pelo que dizem.
“Se alguma autoridade possuir qualquer elemento sério que coloque em dúvida a integridade e a segurança do processo eleitoral, tem o dever cívico e moral de apresentá-lo. Do contrário, estará apenas contribuindo para a ilegítima desestabilização das instituições”, disse Barroso, em nota divulgada nesta quinta-feira, 7.
fonte:ESTADÃO -08/01/2021
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