O governo federal avalia comprar mais 100 milhões de doses da vacina contra a covid-19 da Pfizer a US$ 12 a unidade, preço 20% maior do que o negociado no primeiro contrato da farmacêutica americana com o Ministério da Saúde, em que foi adquirida quantidade igual do imunizante. Ao todo, a oferta para nova compra totaliza mais de R$ 6,6 bilhões, cerca de R$ 1 bilhão a mais do que o valor anterior. As informações sobre o preço global e o valor por dose constam em nota técnica assinada por Laurício Cruz, diretor do Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis da pasta, e obtida pelo Estadão.
Nesta quinta-feira, 6, o governo publicou no Diário Oficial da União extrato de dispensa de licitação, com valor global de R$ 6,6 bilhões, passo importante para assinar o contrato. Na CPI da Covid no Senado, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que a pasta estava na "iminência de fechar novo acordo com a Pfizer de cem milhões de doses".
No fim de 2020 e no início do ano, porém, a gestão de Jair Bolsonaro tinha outra postura em relação à empresa. O governo chegou a acusar a farmacêutica de incluir clásulas "leoninas" na proposta, travou a negociação e perdeu lugar na fila. Bolsonaro se queixava de que a empresa não queria assumir o risco por possíveis efeitos colaterais da vacina. "Se você virar um jacaré (após tomar o imunizante), é problema de você", afirmou o presidente em 17 de dezembro.
O documento do ministério pede que a entrega desse novo lote seja feita em duas etapas. A primeira remessa, de 30 milhões de doses, deve chegar ao País no terceiro trimestre do ano, entre 1º de julho e 30 de setembro. A entrega do segundo lote, com 70 milhões de doses, está prevista para o quarto trimestre (entre 1º de outubro e 31 de dezembro).
A nota técnica aconselha a compra pelo governo, mas pontua que o valor está acima do que foi pago no contrato anterior e pede que o preço seja negociado. Entre os motivos que embasam a recomendação, os técnicos destacam que talvez seja necessário aplicar doses de reforço da vacina, tendo em vista as mutações do coronavírus. “Caso essa necessidade venha a se concretizar, a necessidade de doses irá aumentar substancialmente”, diz o trecho.
Fonte: ESTADÃO - 07/05/2021- 09h:40min.
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