Pesquisa do Instituto da Democracia e da Democratização da Comunicação, divulgada pelo cientista político Leonardo Avritzer, da UFMG, em artigo no portal Uol nesta sexta-feira (7) revela que as teses defendidas por Jair Bolsonaro e pelos apoiadores do presidente avançam na sociedade brasileira.
A pesquisa – realizada entre os dias 20 e 27 de abril, com 2031 entrevistados e margem de erro de 2,2% – revela que 50,7% acreditam que o coronavírus foi criado pelo governo chinês. A tese foi defendida por Bolsonaro na última quarta-feira (5), quando acusou a China de promover uma “guerra química”, e causou nova crise na relação do Brasil com seu principal fornecedor de vacinas e insumos contra a Covid-19.
Outra teoria da conspiração defendida por Bolsonaro, de que os hospitais são pagos para inflar o número de mortos por Covid-19, faz parte do imaginário de 56,4% da população, segundo a pesquisa, que mostra ainda que 22,2% acreditam que a Terra é plana.
“O bolsonarismo é cada vez mais exitoso como movimento e cada vez menos bem-sucedido como forma de governo”, diz o pesquisador no artigo, ressaltando que “novos dados de opinião pública apontam que a gestão do capitão vai cada vez pior: 67,7% dos brasileiros acreditam que o presidente deu pouca importância à pandemia, prejudicando seu combate no país”.
Golpe
O porcentual caiu nos anos seguintes, chegando a 29,2% em 2019. Mas, a pesquisa atual revela que 50,6% dizem apoiar um golpe em caso de muita corrupção, narrativa que tenta ser construída por Bolsonaro, mas é atrapalhada pelos filhos.
Outro dado mostra que 57,6% dos apoiadores de Bolsonaro acreditam que o coronavírus foi criado pelo governo chinês e 62,3% que os hospitais são pagos para aumentar o número de mortos no Brasil.
Entre aqueles que dizem confiar nas emissoras, a Record tem índice de 11,2%, o dobro da Globo, segundo a pesquisa.
Ainda segundo a pesquisa, cerca de 43% dos brasileiros afirmaram que sua condição de vida piorou em relação a um ano atrás.
“Ou seja, Bolsonaro será vulnerável em relação à pandemia e à economia, mas terá criado um movimento na sua direção no que diz respeito a questões morais e concepções de antipolítica. É nesse campo que se dará a disputa. Ainda que Bolsonaro seja derrotado, as ideias do movimento que ele capitaneou continuarão conosco por algum tempo”, diz Avritzer em seu artigo.
fonte:Revista Fórum - 07/05/2021 10h
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