Problemas do banco começaram com prisão de André Esteves | Foto: Divulgação/reprodução
A equipe econômica do governo federal está acompanhando de perto a
atuação do BTG Pactual e acredita que as ações tomadas até agora pela
instituição vão ajudá-la a não "sangrar até a morte", ao contrário da
visão mais pessimista de uma parte do mercado. A equipe econômica
garante que não está forçando a instituição a adotar uma estratégia
específica. As medidas tomadas até aqui pelo banco como saída para a
crise são consideradas "óbvias". A cartilha prudencial diz que uma
instituição que está em situação desconfortável precisa fazer um esforço
adicional para conter as saídas e trilhar o caminho já conhecido por
quem atua no sistema, como reduzir crédito, incentivar pré-pagamento de
operações, diminuir posição no mercado de derivativos e vender
ativos. Por isso, a avaliação é de que será possível para o BTG avançar
nas vendas de ativos sem a necessidade de se desfazer do "core" da
instituição, com ajuste de valor para baixo. Com isso, a situação se
torna mais favorável até para a saúde futura do banco.
A visão da equipe
econômica sobre a linha de crédito de R$ 6 bilhões concedida ao BTG por
meio do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) é semelhante à do próprio
Fundo, de que a quantia é suficiente para trazer alívio à instituição
por cerca de seis meses. Durante evento em São Paulo, na semana passada,
o diretor jurídico do FGC, Caetano Vasconcellos, avaliou que o volume
total da linha de crédito disponível para o BTG é suficiente para
atender às necessidades da instituição até o balanço do primeiro
semestre de 2016. Evidentemente que as ações não podem parar por aí, na
opinião da equipe econômica. Por isso, o banco tem buscado se desfazer
de outros ativos para engordar o caixa. "Neste momento de falta de
credibilidade, tem de fazer opção por liquidez." Ao mesmo tempo em que o
mercado acompanha de perto qualquer informação que diga respeito ao
banco, medindo as altas e baixas das ações, também ficou ainda mais
minuciosa a função dos órgãos reguladores, que têm acompanhado todos os
passos da instituição em tempo real. O contato está mais próximo, assim
como o acompanhamento de caixa, e as informações passaram a circular em
níveis hierárquicos do mais alto escalão dentro do governo. Do dia da
prisão de André Esteves, em 25 de novembro, até quinta-feira, as units
(pacote ativos)do banco caíram quase 60%.
Na sexta-feira, mudaram de
rota e chegaram a subir mais de 6% diante da expectativa, na visão da
equipe econômica, de fôlego extra obtido com a venda de ativos. Esta foi
a segunda vez, desde o fim de novembro, que os papéis do BTG sobem. O
leilão de ações da BR Properties, que teve a GP Investments como
principal comprador, foi visto dentro do governo como uma "notícia boa".
Em princípio, prevalece a análise de que as medidas adotadas pelo banco
para incrementar sua liquidez estão funcionando. "O BTG não está
começando a sangrar. Ao contrário. O banco vende carteira, vende ativos.
Estou bastante otimista em relação à capacidade da instituição de
passar por esse momento de estresse", comentou uma fonte do governo,
reforçando a importância de o banco ter atuado nas duas frentes mais
urgentes: a de liquidez e a de governança.
Fonte:Estadão
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