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sábado, 2 de setembro de 2017

O livro: “Africanos Livres” revela como o império brasileiro enganou a Grã-Bretanha, manteve o tráfico ilegal de escravos por 30 anos

Para inglês ver
TRÁFICO ILEGAL Transporte de escravos para o Rio de Janeiro em 1840, em “Ilhas de Santana”, do dinamarquês Harro-Harring. O tráfico era proibido havia duas décadas

Os brasileiros e portugueses costumam dizer “para inglês ver” como uma manifestação do espírito de um povo que leva a vida com divertida leviandade. Dizemos uma coisa e fazemos outra. Mas a a origem da expressão revela uma história trágica. Ela surgiu para designar as leis contra o tráfico de escravos, assinadas entre o império britânico e Brasil e Portugal— e descumpridas pelos dois últimos. Este é o tema da tese de doutorado da professora Beatriz G. Mamigonian, da Universidade de Santa Catarina, lançada em livro pela Companhia das Letras. “Africanos livres ­­— A abolição do tráfico de escravos no Brasil” narra a história dos africanos transportados depois que o tráfico foi proibido e como suas vidas mudaram por causa das políticas do império. Em duas décadas de pesquisa em arquivos brasileiros e britânicos, Beatriz examinou decretos, despachos, petições e atas.
O livro explica por que o Brasil foi a última nação a ter banido a escravidão. “O Brasil esteve na vanguarda da discriminação contra os africanos no mundo atlântico, implementou uma política de perseguição que só foi tomar forma nos impérios coloniais europeus mais tarde no século 19, e embasou o imperialismo”.

Seu estudo descreve como os britânicos aboliram a escravidão em 1807 e iniciaram uma campanha para cessar o tráfico nas suas colônias e nas dos países com quem mantinham relações, como Holanda, Espanha e Portugal. Neste e no Brasil, os tratados existiam “para inglês ver”. Leia-se: os países eram signatários, mas os ignoravam e continuavam a traficar gente, sob as barbas cúmplices das instituições locais. A partir de 1821, os britânicos obrigaram que os 397 cativos desembarcados no Brasil pela escuna Emília fossem considerados “africanos livres”. Nos anos seguintes, o Brasil concordou em “libertar’’ 11 mil africanos e em tratá-los como cidadãos, fornecendo educação e moradia, tal como o império britânico em suas colônias. Não passava de um gesto “pro forma”: de fato, os africanos livres foram incorporados ao contingente de escravos e, mesmo que tenham passado a vida reclamando seus direitos, jamais foram ouvidos.

O Estado brasileiro aprendeu a negociar e a negacear. Obteve o reconhecimento dos ingleses em janeiro de 1825 e, em agosto, de Portugal, em troca de uma indenização de 2 milhões de libras… pagas pelos ingleses.A pressão inglesa que condicionou o reconhecimento da independência à interrupção do contrabando de escravos foi o elemento essencial na formação do Estado nacional brasileiro. Para Beatriz, a pressão “pautou os embates políticos internos e as relações exteriores por décadas”.

Batizado e posse
O interesse britânico em dar cabo à escravidão era comercial. Os oligarcas brasileiros tinham idênticas razões para evitar a perda da mão-de-obra gratuita que barateava o café, o algodão e a cana. Ora, isso prejudicava a concorrência dos produtos das colônias britânicas no comércio internacional.
As leis “para inglês ver” serviram como escudo para garantir privilégios de fazendeiros e importadores de “boçais”, como eram chamados os escravos. Assim viveram 800 mil pessoas, de 1821 a 1870. “Havia uma enorme cadeia de conivência (e de beneficiamento particular) com o contrabando de tudo, e com o contrabando de escravos se usava parte da mesma estrutura”, afirma Beatriz. “Alguém na Alfândega tinha que emitir passaportes para os navios, e depois registrar a chegada ‘sem notar’ que ia à África comprar gente.” Tão logo os navios negreiros desovavam a “mercadoria”, homens, mulheres e crianças eram batizados por padres de prontidão. A certidão de batismo servia como documento de posse. 

fonte:RevistaIstoé

Salvador: Polícia ocupou Engenho Velho da Federação para enfraquecer facções


foto:Correio da Bahia/reprodução
A mais recente ocupação policial no Engenho Velho da Federação, iniciada na sexta-feira (1º), tem como um dos principais objetivos enfraquecer a ação de duas das maiores facções criminosas do estado, que disputam áreas do bairro: o Comando da Paz (CP), que atualmente controla as localidades do Forno e Baixa da Égua, e o Bonde do Maluco (BDM), que atua na Lajinha.
Segundo fontes da Polícia Civil ouvidas pelo CORREIO, o comando do CP na região está com Kléber Nóbrega Pereira, o Kekeu, e José Henrique de Souza Conceição, o Rick. Eles já foram autuados por tráfico de drogas e homicídios. 

Kléber Nóbrega Pereira, o Kekeu, e José Henrique de Souza Conceição, o Rick, líderes do CP na região
léber Nóbrega Pereira, o Kekeu, e José Henrique de Souza Conceição, o Rick, líderes do CP na região (Foto: Bruno Wendel/CORREIO/Reprodução)
Kekeu e Rick estão mais diretamente ligados na administração das bocas de fumo da Baixa da Égua. Isso porque a localidade tem sido alvo recente de ataques do grupo rival - pelo fato de ser estratégica não só para venda de droga, como também base para “olheiros” avisarem sobre a chegada da polícia.
Para não deixar o Forno sem comando, Kekeu e Rick colocaram como gerente da localidade Reinaldo Souza Santos Filho, o Fofão, promovido devido à relação antiga de amizade com os “patrões”. Ele também já foi preso por tráfico.

  • Gerente do CP no Forno, Reinaldo Souza Santos Filho, o Fofão, era amigo dos antigos “patrões”
    Gerente do CP no Forno, Reinaldo Souza Santos Filho, o Fofão, era amigo dos antigos “patrões” (Foto: Bruno Wendel/CORREIO/Reprodução)
  • Leonardo, o Leozinho, comanda a Lajinha para o BDM de dentro da cadeia, diz investigador
    Leonardo, o Leozinho, comanda a Lajinha para o BDM de dentro da cadeia, diz investigador (Foto: Bruno Wendel/CORREIO/Reprodução)
Longa data
Kekeu, Rick e Fofão são parceiros há anos. No auge da briga entre o então líder do CP, Eberson Souza Santos, o Pitty, morto pela polícia em agosto de 2007, e o seu arquirrival, Genilson Lino da Silva, o Perna, líder dos Caveira, atualmente custodiado em penitenciária federal, os três parceiros eram os matadores do CP no Engenho Velho.

“Quando somente havia essas duas facções, todo dia eram mais de 10 mortos por causa da rivalidade. Kekeu, Rick e Fofão tocavam o terror a mando de Pitty. Acredito que os três juntos devem colecionar mais de 200 homicídios”, contou um agente, sem se identificar.
Quando Pitty morreu, Claudio Eduardo Campanha assumiu a liderança do CP, colocando comparsas como líderes da facção no bairro. Recentemente, após perder a Lajinha para o BDM, Campanha colocou Kekeu e Rick como líderes da Baixa da Égua e do Forno.
Domínio recente
A localidade da Lajinha, tomada pelo BDM, tem como o líder um presidiário. Leonardo cumpre pena por tráfico de drogas e homicídio no Complexo Penitenciário da Mata Escura. O CORREIO tentou confirmar o nome completo dele junto à Seap, mas não conseguiu contato com a assessoria.

Leozinho, como é conhecido, desertou da facção Caveira para juntar-se ao BDM. “Ele foi recrutado para dar início à tomada do Engelho Velho da Federação e conseguiu se estabilizar numa área antes que nenhum outro grupo conseguiu", conta o policial. "Apesar de preso, ele continua mandando e desmandando e temos provas disso”, concluiu, sem dar mais detalhes.  

Privatizações fazem o Brasil empobrecer, diz professor Bresser Pereira


Privatizações fazem o Brasil empobrecer, diz Bresser: Luiz Carlos Bresser-Pereira alertou que "o Brasil está à venda"
© Reprodução Luiz Carlos Bresser-Pereira alertou que "o Brasil está à venda"
A onda de privatizações anunciada pelo governo de Michel Temer levanta muitos questionamentos. O governo alega que as concessões irão melhorar a oferta de serviços, elevar a arrecadação do governo, incentivar a atração de novas tecnologias e adotar modelos de gestão mais eficiente. Foram anunciados 57 novos projetos no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI). Entre eles estão aeroportos, rodovias, portos, empresas estatais e linhas de transmissão. A expectativa de arrecadação é de R$ 44 bilhões.
No entanto, o ex-ministro e professsor da FGV Luiz Carlos Bresser-Pereira alertou, em um artigo publicado em uma rede social, que "o Brasil está à venda".
Bresser disse em entrevista ao UOL que não são apenas as estatais que estão à venda. Empresas privadas também estão sendo transferidas para os estrangeiros. "A venda do patrimônio público e privado certamente está empobrecendo o país e é consequência da irresponsabilidade do governo", afirma o professor emérito da Fundação Getulio Vargas (FGV).
O ex-ministro também falou sobre as práticas do governo que são consideradas"irresponsáveis". O deficit fiscal é uma delas. Bresser explica que o fato de o governo gastar muito mais do que arrecada; a falta de investimento público em projetos que estimulem o crescimento da economia; e o endividamento excessivo, são prejudiciais para o país.
"É como uma família que decide se endividar para fazer um investimento qualquer, digamos de R$ 100 mil. Mas, em vez de usar o dinheiro emprestado para investir, a família usa para consumir. A família só investe R$ 10 mil e acabando gastando os outros R$ 90 mil para viajar, fazer uma festa, comprar coisas. Mas aí tem que pagar a dívida. Como a família faz? A única saída para pagar essa dívida é vendendo patrimônio. Vende os móveis da casa, vende o carro, vende a própria casa. É isso que o país está fazendo agora", explica Bresser.
Além disso, o professor destaca que, sem investimento, o Brasil está se condenando a taxas de crescimento muito baixas e a ser uma economia de propriedade dos países ricos. "E nós seremos todos empregados".
Bresser também é contra o argumento de que a privatização torna todas as empresas melhores e mais eficientes.
"Sou a favor de privatizações de empresas competitivas. Mas entendo que privatizações de empresas monopolistas [que atuam em setores sem concorrência], em princípio, não são uma boa coisa. A empresa privada funciona bem porque ela é controlada pelo mercado". "Esse governo está tentando privatizar desde quando chegou ao poder. É um governo liberal, que acha que empresa pública é ruim. Um governo que não tem conceito de interesse nacional. O mercado é que cuida de tudo. Então, você pode vender tudo o que você quiser".
fonte:MNS/reprodução

SP:Solto após ejacular em mulher no ônibus, homem repete ato e é preso novamente


Jovem é vítima de assédio sexual em ônibus na Paulista: Passageiros impediram que agressor saísse do veículo
© Marianna Holanda/Estadão Passageiros impediram que agressor saísse do veículo



Diego Novais tem 27 anos. Pai disse que deveria estar preso.


O homem que foi solto na quarta-feira, após ser detido por ejacular em uma jovem no ônibus, foi preso novamente na manhã deste sábado, 2 de setembro. Diego Ferreira de Novais, de 27 anos, foi detido por passageiros após assediar uma mulher em um ônibus que passava pela Avenida Brigadeiro Luís Antônio, na região do Jardim Paulista. Ele foi encaminhado ao 78º DP, segundo a Polícia Militar.
O Centro de Operações da Polícia Militar confirmou a prisão, mas não informou mais detalhes sobre o caso da manhã deste sábado. Os envolvidos prestavam depoimento à polícia por volta das 10h. O 78º DP informou que o caso foi semelhante ao ataque que levou à prisão do homem na última terça-feira.
Novais tem agora 16 passagens semelhantes na polícia, registradas nos últimos oito anos.
O último ataque aconteceu na terça-feira passada. Novais foi libertado no dia seguinte, em audiência de custódia. Para o juiz José Eugênio do Amaral Souza Neto, não havia elementos para enquadrá-lo no crime de estupro. Amaral entendeu não ter havido violência na ocorrência, posição que contou com a concordância do promotor Márcio Takeshi Nakada. A decisão foi seguida por críticas dos que acreditam que, diante da recorrência da prática – Novais tem 14 passagens pela polícia por condutas similares –, o resultado da audiência poderia ter sido outro que não a liberdade.
O próprio pai de Novais defendeu que o filho fosse preso, após a liberação da Justiça. "É perigoso que uma pessoa dessa fique solta, e o delito que ele pratica não é justo", disse o aposentado de 65 anos, que preferiu não se identificar ao ser entrevistado pelo Jornal do SBT.
Fonte:msn/c/adaptações

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Em Delação: Eike conta que pagou R$ 1 mi para Crivella desistir de eleição a Prefeitura do Rio


Marcelo Crivella, prefeito do Rio de Janeiro

“O Brasil esteve na vanguarda da discriminação”, diz pesquisadora Beatriz G. Mamigonian:

Segundo a historiadora, a experiência de quatro séculos do escravismo brasileiro ajudou a preparar o terreno para o colonialismo e o imperialismo do século 20. Por isso, o Estado tem uma dívida histórica com os afrodescendentes -foto:divulgação/reprodução

A professora Beatriz G. Mamigonian, da Universidade de Santa Catarina, passou os último 20 anos pesquisando em arquivos brasileiros e ingleses os vaivéns dos tratados e documentos referentes ao tráfico de escravos no Brasil. Ela se deteve no caso dos escravos livres, africanos traficados para o Brasil que foram libertados por pressões políticas da Grã-Bretanha. Ao todo, foram 11 mil escravos livres que o Brasil concordou em “libertar”. Concordou, mas não cumpriu. A prática de fingir que concorda e não cumprir acordos gerou a expressão “para inglês ver”. A pesquisa de Beatriz acaba de ser publicada em livro: “Escravos Livres: A abolição do tráfico de escravos no Brasil” (Companhia das Letras, 628 páginas). É um livro que muda a visão sobre o tema, um verdadeiro marco historiográfico. Entre outros aspectos, demonstra o papel do império britânico na libertação dos escravos e no reconhecimento do Brasil como nação – as duas situações estão interligadas e formaram o estado do Brasil, segundo Mamigonian. Ela concordou em conceder esta entrevista a ISTOÉ. Nela, Mamigonian chama a atenção para a atualidade do tema. A escravidão ainda diz respeito ao Brasil, país nascido nesse contexto trágico do tráfico humano. Nesse sentido, segundo Maigoniani, o País estabeleceu modelos e processos que foram posteriormente usados por países europeus implementarem o imperialismo no século 21.
Que motivos a levaram a realizar uma pesquisa dessa envergadura?
O trabalho começou como uma investigação sobre os africanos livres (emancipados dos navios negreiros) e depois se desdobrou numa investigação sobre o tráfico ilegal e seu impacto na política imperial. Foi ganhando envergadura ao longo do tempo, portanto. Foram duas décadas de pesquisa em muitos acervos, sobretudo brasileiros mas também britânicos. Eu já me interessava por entender como  as cidades brasileiras ganharam essa conformação espacial no século XIX, como eram formuladas as políticas públicas para o espaço urbano, num contexto em que, na Europa, a participação popular na política começava a ser respondida com repressão e reformas urbanas. O problema da administração das “classes perigosas” me levou ao da reprodução das desigualdades, à escravidão. Os livros que davam protagonismo aos trabalhadores, que buscavam se aproximar das suas experiências, me estimularam a buscar entender a abolição do tráfico pelo ângulo das pessoas que tiveram a vida transformada pela legislação abolicionista britânica, deixar de lado os gabinetes e palácios.
No assunto escravos livros, há uma lacuna bibliografia e falta de pesquisas na área que seu livro procurou preencher?
Quando comecei, havia trabalhos sobre os africanos emancipados do tráfico em diversas partes do Alântico e do Índico (Jamaica, Cuba, Colônia do Cabo da Boa Esperança, Ilhas Maurício), mas ninguém os conectava, entendendo que eram uma categoria fruto do abolicionismo britânico. Como se estudava escravidão ou liberdade, eles pareciam um grupo anômalo, e em geral associado à escravidão. Eu busquei demonstrar que eram juridicamente livres, mas acabaram sendo tratados como escravos, e a explicação para isso (aqui no Brasil e em Cuba) era a continuação do tráfico ilegal. Como os africanos trazidos depois da proibição teriam direito à liberdade, e eles eram muitos, os africanos livres não puderam ter autonomia. Na década de 1860, quando o governo imperial emancipou os africanos livres depois de 25, 30 anos de trabalho, os africanos ilegalmente escravizados começaram a entrar na justiça reivindicando que eram africanos livres também. Observar a experiência dos africanos livres, de tanto tempo de trabalho forçado, para particulares ou para o governo, me chamou atenção para o fato de que outros grupos de pessoas livres eram assim exploradas: índios, prisioneiros, recrutas, crianças tuteladas. O sistema escravista precarizava a vida e as experiências de trabalho das pessoas livres. Por isso é importante dizer que não eram escravos, mas sim juridicamente livres e submetidos a trabalho forçado. Os paralelos com o presente são gritantes, infelizmente.
Que inconsistências, erros ou ambiguidades você observou nas análises e estudos passados sobre os escravos livres?
Alguns trabalhos atribuíam à lei de 1831 a criação da categoria, quando ela deriva dos acordos bilaterais com a Inglaterra (o que os conecta com os outros grupos fora do Brasil). Além disso, como falei, associavam os africanos livres à escravidão e os vitimizavam, o que foi preciso esmiuçar melhor. O entendimento sobre a lei de 1831 também mudou agora: muita gente aprendeu que ela “foi para inglês ver”, como se tivesse sido criada só de fachada, sem intenção de reprimir o tráfico. A história é bem mais complicada e mais triste: nos primeiros anos depois da lei, as autoridades brasileiras (marinha, alfândega, juízes de paz) fizeram várias apreensões, tanto no mar quanto em terra, assim como a marinha britânica fez. Só que o tráfico não cedia, buscava praias e enseadas desertas ou privadas para os desembarques, e contava com a conivência de outros funcionários. Os proprietários de terras e escravos passaram a pressionar o governo imperial para poder comprar africanos novos, ilegais, sem risco de serem criminalizados. Era crime, pelo código criminal de 1830, reduzir pessoa livre à escravidão, e todos da cadeia do tráfico, do comandante do navio ao comprador do escravo, por lei, deveriam responder pelo crime. A pressão política, em um momento da regência em que o governo precisava de apoio pois estava fragilizado por revoltas nas províncias, fez crescer a “solução” da conivência com o tráfico e com a escravização ilegal. Depois que os representantes dos fazendeiros fizeram um bloco parlamentar e tomaram o poder em 1837, aí a política de repressão ao tráfico acabou e tanto o tráfico quanto a escravização ilegal cresceram muito. A lei de1831 serviu, da década de 1860 em diante, para que africanos escravizados reclamassem a liberdade. O discurso de que ela tinha se tornado letra morta foi usado pelos senhores e pelo governo para evitar reconhecer o direito de ser africano livre. A lei não foi para inglês ver, a conivência com o tráfico e a escravidão ilegal não foram naturais; foram resultado da política que os proprietários de terras e escravos impuseram ao país, a escolha de reforçar um projeto nacional centrado na agro-exportação baseada no trabalho compulsório, na marginalização dos libertos, no reforço dos laços de dependência com as pessoas livres pobres.
Qual foi a pergunta que norteou sua investigação?
Queria saber como vivenciaram esse estatuto intermediário, que no império britânico chamaram de aprendizado, mas descobri que aqui não se aplicou, não se tentou ensinar ofícios e incentivar a autonomia deles. Queria também revisitar as relações diplomáticas com a Inglaterra, que tinham sido abordadas pelas negociações dos tratados e pelas ações navais. Queria ver como os ingleses justificavam a liberdade dos africanos livres. Descobri que o interesse britânico pelos africanos livres no Brasil foi mudando à medida que avançava a campanha abolicionista. Depois da abolição nas colônias britânicas, em 1838, a continuação do tráfico e o reforço da escravidão no Brasil reforçava a situação de concorrência desigual: o açúcar e o café produzidos por mão de obra escravizada chegava mais barato ao mercado, os produtores das colônias britânicas não podiam concorrer e pressionavam o governo britânico a intensificar a campanha. Os britânicos queriam levar (e levaram) os africanos resgatados do tráfico para trabalhar nas suas colônias caribenhas. Então a campanha na década de 1840 se voltou para criticar o tratamento dado aos africanos no Brasil. Quando desencadeou o ataque final ao tráfico ilegal, em 1849, o representante de Lorde Palmerston no Brasil mirou também nos africanos livres, tentando passar a ideia de que protegeria aqueles que os procurassem. Os africanos foram em massa dar o nome no consulado britânico do Rio com a esperança de ver alguma luz no fim do túnel.
Em que aspecto sua pesquisa trouxe novidade ou ajuda a alterar a visão sobre o tema?
Se conhecia pouco sobre os africanos livres porque a própria memória da abolição, muito controlada pelos estadistas e pelos proprietários de terras, minimizou a existência do grupo. Descobri que muitas figuras da política imperial, como o Marquês de Paraná e a mulher dele, o Visconde de Sepetiba (Aureliano Coutinho) e o Duque de Caxias, tiveram africanos e africanas livres e se beneficiaram do trabalho deles, isto é, tiravam renda do trabalho urbano ou os empregaram nas fazendas, como se fossem escravos, sem salário. A lista dos que se beneficiaram do trabalho compulsório dos africanos é imensa. O governo imperial se serviu do trabalho dos africanos e africanas livres nas instituições, como os arsenais, hospitais, cemitérios e obras públicas. Até na construção do Palácio Imperial em Petrópolis teve mão de obra involuntária. O Estado imperial se serviu de mão de obra forçada extensivamente e protegeu aqueles que o faziam, como “incentivo” ao empreendedores, como no caso de cessão de africanos ao empreiteiro das obras públicas de Salvador, ou ao Barão de Mauá para o funcionamento da Companhia de Navegação do Amazonas.
Em que sentido a questão dos escravos livres afeta a vida brasileira de hoje?
O Estado nacional brasileiro, recém independente, não só promoveu o trabalho compulsório (de africanos livres, índios, recrutas, prisioneiros, crianças pobres) como foi conivente com a escravização ilegal de 800 mil africanos trazidos ilegalmente, e ainda dos seus filhos e netos. Esse “pequeno detalhe” foi convenientemente apagado da memória na República. Os trabalhadores não esquecem, claro, mas não se ensinou na escola, não ficou associado à biografia dos estadistas, não era entendido como um problema. E pior ainda, os descendentes dessas pessoas que foram escravizadas ainda sofreram o peso do racismo e continuaram a ser tratados como cidadãos de segunda classe, quando não como sub-humanos. Muitos ainda continuam, não têm os direitos fundamentais reconhecidos, são mortos pela polícia sem qualquer cerimônia. A arguição
em defesa das cotas nas universidades feita pelo Professor Luiz Felipe de Alencastro na consulta pública no STF se baseia no argumento de que o Estado brasileiro e a sociedade brasileira devem políticas compensatórias aos descendentes de escravos, visto que a manutenção da escravidão ilegal foi uma política de Estado.

Como se deu a atividade ilegal do tráfico de escravos, sob as visas grossas da monarquia?
Havia uma enorme cadeia de conivência (e de beneficiamento particular) com o contrabando de tudo, e com o contrabando de escravos se usava parte da mesma estrutura. Alguém na Alfândega tinha que emitir passaportes para os navios, e depois registrar a chegada “sem notar” que ia à África comprar gente. Ou os desembarques se davam fora dos portos, em locais litorâneos onde havia acerto com as autoridades. Os padres frequentemente batizavam como escravos os africanos recém-chegados, e a certidão de batismo servia de documento de posse. Os tribunais reconheciam a palavra dos escravizadores como prova, contra as dos escravizados, sem presumir a liberdade. Havia também funcionários que aplicavam as leis, por isso sempre houve embate. No livro conto como o guarda mor da Alfândega do Rio se beneficiava do contrabando e ainda passava por abolicionista e vendia informação para os ingleses.
A que a senhora atribui o fato de a Constituição de 1824 ter ignorado a concessão de cidadania aos africanos livres?
A Assembleia Constituinte de 1823 debateu a concessão de cidadania aos libertos africanos, como se fazia antes, e em outros territórios atlânticos e houve uma clara divisão entre os que gostariam de manter a política de incorporação dos africanos, uma vez alforriados, à sociedade e outros que queriam excluir os africanos, com o argumento de serem “bárbaros”. A Constituinte votou pela extensão da cidadania brasileira aos africanos, mas, depois que foi dissolvida, a Constituição preparada pelo Conselho de Estado e outorgada em 1824, deixou os africanos de fora. Não foram nem cidadãos brasileiros e nem estrangeiros, porque as unidades políticas de onde vinham não eram reconhecidas como estados-nação. Por isso, ficaram apátridas. O Brasil esteve na vanguarda da discriminação contra os africanos no mundo atlântico, implementou uma política de perseguição que só foi tomar forma nos impérios coloniais europeus mais tarde no século XIX, e embasou o imperialismo.
Que descobertas e surpresas você fez e teve ao longo da pesquisa?
Pesquisa em arquivo é muito empolgante, a gente tem muitas surpresas. Eu gostei de poder seguir os africanos ao longo de tanto tempo, desde o registro de emancipação na chegada até as petições de emancipação, vinte anos depois, quando contavam onde tinham trabalhado, reclamavam de terem sido tratados como escravos, falavam que queriam poder guardar o rendimento do trabalho e cuidar dos seus filhos. É muito raro se poder acompanhar por tanto tempo pessoas que não deixaram testemunhos, mas o governo imperial  ajudou, com tantos registros individuais. Encontrar os africanos livres mina que tinham reclamado por escrito ao administrador da Fábrica de Ferro de Ipanema, em Sorocaba, que o tempo de serviço deles tinha acabado, e anos depois, no Rio, novamente acionavam a o coletivo para fazer petições de emancipação contando toda a trajetória, foi especialmente marcante. Um deles, o Cyro, mandou um bilhete para o alto funcionário do Ministério da Marinha para quem ele trabalhava e que arranjou que fosse preso (pois resistia a emancipá-lo), ameaçando-o com uma retaliação de “preto mina”. Os africanos livres, como os outros trabalhadores, reclamavam por tratamento humano, condições dignas de sobrevivência e de trabalho, demandavam o fim das punições físicas. Mas a “boa sociedade” sempre resistiu muito a essas demandas e a qualquer movimento de busca por igualdade de direitos, pois implicaria em ameaçar seus privilégios.
fonte:Edição online Istoé de 01/09/2017 -acesso às23:36min.

Concurso: MP- BA oferta 61 vagas entre Analista Técnico e Assistente Administrativo



O Diário de Justiça Eletrônico publicou nesta sexta-feira (1º) o edital do V Concurso Público para Servidores do Ministério Público. Ao todo, são 61 vagas, sendo 11 para o cargo de Analista Técnico e 50 para Assistente Técnico-Administrativo. As inscrições começam a partir das 14h de segunda-feira (4) e seguem até as 16h do dia 21 de setembro, por meio do site da Fundação Getúlio Vargas (FGV), responsável pela realização do concurso. 
Os salários iniciais são de R$ 3.284,83 para nível técnico e R$ 5.917,44 para nível superior, com jornada semanal de 40 horas de trabalho, além de auxílio-alimentação. A aplicação da prova está prevista para o dia 22 de outubro. Serão classificados candidatos até dez vezes o número de vagas ofertadas.
No momento da inscrição os candidatos devem preencher formulário de solicitação de inscrição e enviar requerimento para geração automática do boleto de pagamento da taxa que custa R$ 80 para Assistente e R$ 120 para Analista.
As onze vagas para Analista estão distribuídas entre as especialidades de Pedagogia (2), Psicologia (2), Serviço Social (2), Tecnologia (1), Estatística (1), Letras (1), Engenharia Sanitária (1) e Engenharia Florestal (1).
Além disso, o concurso tem prazo de validade de 18 meses, prorrogável uma única vez por igual período. Na prova, serão cobrados para os cargos de Analista conhecimentos básicos em Língua Portuguesa e Legislação Aplicável ao MP baiano e conhecimentos específicos para cada área (disponíveis no edital). No caso dos Assistentes, serão conhecimentos básicos em Língua Portuguesa e Raciocínio Lógico e específicos em Direito Administrativo, Noções de Administração e Legislação Aplicável ao MP.

fonte:Correio da Bahia

Nos EUA: Lutador brasileiro é acusado de roubar agência bancária, diz site

Sergio de Silva se apresentou no Bellator 180, em junho, nos EUA
© Instagram Sergio de Silva se apresentou no Bellator 180, em junho, nos EUA
O lutador brasileiro de MMA Sergio da Silva foi preso na última quinta-feira (31) por roubar um banco. De acordo com o site o 'TMZ Sports', o atleta de 31 anos é acusado de entrar em uma agência no Queens, bairro de Nova York (EUA), e levar cerca de 50 mil dólares em dinheiro (aproximadamente R$ 155 mil).
No último dia 24, 'The Savage' anunciou o assalto afirmando que estava armado e que atiraria se fosse necessário. A polícia o identificou a partir das impressões digitais deixadas na cena do crime e o rastreou até o seu apartamento, localizado na mesma rua da agência bancária.
Sergio lutou pela última vez no Bellator 180, no último mês de junho, em Nova York, quando perdeu pela nona vez na sua carreira. Em suas 15 lutas profissionais, The Savage atuou em eventos como Bellator, CFFC, ROC, entre outros, na categoria de peso-galo (61 kg). iNFORMAÇÕES DO MSN/ESTADÃO.

TRT -5ª Região: Desembargadora Lourdes Linhares é a nova presidente

A desembargadora Lourdes Linhares é a nova presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região na Bahia (TRT 5). A eleição ocorreu na manhã desta sexta-feira(1). Além da magistrada, já está eleita também a desembargadora Débora Machado como vice-presidente da Corte. 
               foto:Émille Cerqueira/TRT5/Divulgação

Dalila Andrade foi eleita corregedora regional. O cargo da vice-corregedoria ficou com a magistrada Marizete Correia.
Lourdes vai substituir a desembargadora Maria Adna Aguiar no comando do tribunal para o biênio 2017/2019.  Informações do BNews.

“Essa gente é tão sem escrúpulo" diz Joaquim Barbosa sobre relação Gilmar Mendes e Temer


Joaquim nega ser candidato, mas aponta um nome pra vice -foto:reprodução


O primeiro ministro a deixar o Supremo Tribunal Federal (STF) no exercício de sua presidência, Joaquim Barbosa, em entrevista ao jornal Valor, revelou que não é candidato à presidência 2018, mas chegou a “escolher” um companheiro de chapa.
 
“Não, não sou [candidato]”, disse. Ainda na oportunidade, completou se referindo ao governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (PMDB]. “Ele me chamou atenção no pouco contato que tivemos. Foram, no máximo, três encontros no Supremo. Era o único que me procurava para falar de temas que interessavam ao Estado dele, como a organização da defensoria pública. A maioria só ia em busca de aval para burlar a Lei de Responsabilidade Fiscal”. 
 
Depois de se submeter a um longo tratamento de um agressivo câncer na bexiga, o governador foi dado foi dado como curado em abril. Segundo o jornal, Joaquim Barbosa não voltaria a encontrá-lo, mas a menção sugere um interesse de parceria que o ex-ministro não desautoriza: “se eu entrasse nisso, iria chamá-lo”.
 
Durante a entrevista, o ex-ministro também comentou sobre a relação entre o ministro do STF Gilmar Mendes e o presidente Michel Temer. “Essa gente é tão sem escrúpulo que vai tentar impor o parlamentarismo para angariar a perpetuação no poder e se proteger das investigações. Esse é o plano. Seria mais um golpe brutal nas instituições”.
 
Questionado por que as pessoas se mobilizaram para derrubar a ex-presidente Dilma Rousseff e não se mexem para tirar Temer, ele disse que a prioridade do brasileiro é sobreviver ao caos político e econômico: “Acho que os brasileiros estão cansados de tudo isso, da instabilidade e dessas manipulações indecentes que são feitas. As pessoas estão na luta pela sobrevivência. Afinal de contas, são 13 milhões de desempregados. A prioridade é sobreviver”.Informações do BNews.

quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Advogado do ex- presidente Lula na ONU diz que Juiz Moro é "egomaníaco"

Advogado que representa Lula na ONU duvida de absolvição do ex-presidente
Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil/reprodução
O advogado de defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva perante o Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), Geoffrey Robertson, afirmou ontem (30) ter dúvidas sobre uma possível absolvição de Lula em segunda instância. 

O advogado também criticou o juiz federal da 13ª Vara Federal de Curitiba, Sérgio Moro, chamando-o de "egomaníaco". Robertson desaprovou o fato de Moro ter comparecido no lançamento de um livro sobre sua trajetória e do filme "Polícia Federal - A Lei é para Todos". "Moro ama publicidade", disse Robertson, criticando o fato de Moro ter autografado alguns dos exemplares. 

De acordo com informações do jornal Folha de S. Paulo, o advogado também criticou o presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), desembargador Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz. De acordo com ele, o desembargador prejulgou o ex-presidente ao afirmar que a condenação realizada por Moro era "irretocável". "É ridículo, o presidente prejulgou. Como Lula terá direito a uma apelação justa?", afirmou. Informações do BN.

Vem 2ª denúncia contra Temer: Fachin recebe da PGR delação "ajustada" de Funaro para homologação

O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), recebeu nesta quinta-feira do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, os termos da delação premiada do empresário Lúcio Funaro com ajustes na proposta, informaram duas fontes que acompanham as negociações.
Sob sigilo, a colaboração de Funaro havia sido remetido para Fachin na terça-feira a fim de ele decidir se homologaria o acordo firmado desde a semana passada pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
Contudo, segundo uma fonte, Fachin devolveu a proposta de Janot para que o procurador excluísse dos termos do acordo a previsão de que Funaro não pudesse ser alvo de ação por improbidade administrativa.
Ministro Edson Fachin, do STF, durante sessão da corte, em Brasília© REUTERS/Adriano Machado Ministro Edson Fachin, do STF, durante sessão da corte, em Brasília
A avaliação feita pelo ministro do Supremo é que a lei da delação premiada não pode garantir uma blindagem na esfera cível --não ser processado por improbidade--, uma vez que esse tipo de colaboração só tem repercussão na esfera criminal.
O procurador-geral fez o ajuste, com a exclusão dessa previsão, e remeteu o acordo novamente para Fachin. Segundo uma das fontes, a expectativa é que até segunda-feira o ministro do STF realize a audiência --que será delegada a um juiz auxiliar-- para confirmar se todas as afirmações feitas foram prestadas de forma livre, espontânea e sem qualquer tipo de coação.
Essa etapa, quando for realizada, precede a homologação propriamente dita do acordo de delação do empresário, que deverá ser feita até a próxima quarta-feira. Janot pretende usar as informações de Funaro em uma segunda denúncia contra o presidente Michel Temer.
Janot tem menos de três semanas à frente do Ministério Público Federal --será substituído pela subprocuradora-geral da República Raquel Dodge-- e deu indicações de que fará uma nova acusação contra Temer. A Câmara barrou, no início deste mês, autorizar o Supremo a julgar uma denúncia contra Temer por corrupção passiva.

Economia: Cai número de alunos na rede particular de ensino superior no País


Pela primeira vez em 11 anos, o número de alunos na rede particular de ensino superior caiu no Brasil. Em 2016, as instituições de ensino particular tinham 6,05 milhões de matriculados – 16,5 mil estudantes a menos do que no ano anterior. Para representantes do setor, a queda se deve à redução dos contratos do Financiamento Estudantil (Fies) e à crise econômica no País.
Os dados constam em resumo do Censo da Educação Superior 2016, divulgados nesta quinta-feira, 31, pelo Ministério da Educação (MEC). Estavam cursando o ensino superior no ano passado 8 milhões de estudantes, sendo que a rede privada concentra 75,3% das matrículas. As instituições de ensino registravam aumento desde 2006 – quando tinham 3,6 milhões de alunos.
Já as universidades públicas mantêm praticamente estável o número total de alunos, com 1,99 milhão de matriculados no ano passado – um aumento de 1,9%, em relação a 2015. No entanto, a rede pública registrou queda de 0,9% no número de ingressantes em cursos de graduação, com 529,5 novas matrículas em 2016, 4,8 mil a menos do que no ano anterior.
A queda coloca o País ainda mais distante de atingir a meta do Plano Nacional de Educação (PNE), que prevê elevar a taxa líquida de matrículas nessa etapa para 33% da população de 18 a 24 anos – em 2015, apenas 18,1% das pessoas nessa faixa etária estavam no ensino superior.
Este é o segundo ano consecutivo em que o País registra queda no número de ingressantes em cursos presenciais de graduação – acumulando, desde 2014, uma perda de 10,1% de novos alunos. Em 2014, entraram nesses cursos 2,4 milhões de estudantes e, em 2016, foram 2,1 milhões.
A diminuição de matrículas ocorreu ao mesmo tempo em que o governo federal restringiu o acesso ao Fies, colocando como regras, por exemplo, a exigência de nota mínima de 450 pontos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e teto de renda para os candidatos. Em 2016, foram 203,5 mil contratos firmados, de acordo com o Ministério da Educação. O número caiu desde 2014, quando o governo registrou 732,7 mil contratos.
“É um reflexo nítido da crise econômica, aumento do desemprego e a diminuição drástica do Fies. Esse cenário mostra que o País não tem política pública para o ingresso no ensino superior. A perspectiva para os próximos anos também não parece muito boa já que o Novo Fies tira muitos benefícios dos alunos e quase inviabiliza a oferta de vagas por financiamento pelas instituições”, disse Sólon Caldas, diretor executivo da Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior (Abmes).
Distância
O aumento de ingressantes nas graduações a distância segurou a queda de novos alunos no ensino superior. A modalidade teve um aumento de 21,4% nas novas matrículas, passando de 694,5 mil estudantes em 2015 para 843,1 mil no ano passado. Os ingressantes que optam pelo ensino a distância já são 28,2% do total – em 2006, a proporção era de 10,8%.
“O que evitou uma queda ainda maior de novos alunos e de matriculados foram os cursos a distância. Eles não são contemplados pelo Fies e têm um público em uma faixa etária mais velha. Quem ficou de fora da faculdade foi o aluno que terminou o ensino médio, aquele que iria ingressar num curso de bacharelado presencial”, disse Caldas.
fonte:Istoé/Estadão