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sábado, 17 de outubro de 2020

Governo zera imposto de importação de derivados da soja e do milho

 A Camex (Câmara de Comércio Exterior) zerou nesta 6ª feira (16.out.2020) o imposto para importação da soja –e seus derivados– e do milho. O colegiado reúne o órgão que tem representantes dos ministérios da Economia, das Relações Exteriores, da Agricultura e da Presidência da República. O órgão publicou nota com a informação neste sábado (17.out).

Plantação de soja no Paraná. O gênero deve ser responsável por metade de toda safra de 2020, com produção estimada em 123,3 milhões de toneladas
© Jonas Oliveira / Fotos Públicas Plantação de soja no Paraná. O gênero deve ser responsável por metade de toda safra de 2020, com produção estimada em 123,3 milhões de toneladas

No caso de soja, a redução temporária será válida até 15 de janeiro de 2021 e vale para o grão, farelo e óleo de soja. Já o milho foi incluído na Letec (Lista Brasileira de Exceções à Tarifa Externa Comum), com redução de 8% para 0% de imposto, válida até 31 de março de 2021.

O objetivo da decisão é aumentar a oferta dos produtos no mercado interno para tentar reduzir os preços. O pedido de redução do imposto partiu dos produtores de carne, que usam a soja, por exemplo, como ração.

Em setembro, a Camex decidiu zerar a alíquota do imposto de importação para o arroz. A determinação tem validade até 31 de dezembro, para 400 mil toneladas do grão com casca. O arroz é 1 dos itens da cesta básica que mais encareceram em 2020.

À época, o presidente Jair Bolsonaro pediu mais de uma vez “patriotismo” aos donos de supermercados para conter o aumento de preços. A ministra Tereza Cristina (Agricultura, Pecuária e Abastecimento) disse que a distribuição de arroz estava garantida. Ela também declarou que espera, “se Deus quiser“, que o valor do produto caia com a próxima safra.

Em 9 de setembro, a Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor), ligada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, pediu para supermercados e representantes de produtores de alimentos da cesta básica explicarem o aumento no preço dos produtos que compõem a dieta diária dos brasileiros.

A secretaria informou, em nota, que convidou os ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e da Economia para debater medidas para mitigar o “aumento exponencial” nos preços. A Senacon pediu para o Ministério da Economia avaliar alternativas que estimulem a competitividade de produtores e comerciantes.

De acordo com a Abiarroz (Associação Brasileira da Indústria do Arroz), a alta no preço do alimento é resultado do aumento da demanda no mercado internacional depois da decretação de pandemia de covid-19.

A associação afirma que vários países exportadores restringiram a oferta no mercado internacional para evitar o desabastecimento interno. Em outra frente, o dólar alto tornou atraente a exportação da produção brasileira, que nesta safra é menor do que em anos anteriores.

fonte:Poder 360 - 17/10/2020

Brasil: Mulher agredida em Ilhéus faz relato na rede social; homem está foragido


Mulher agredida a socos em Ilhéus faz relato em rede social; homem está foragido
Foto: Reprodução/Instagram









A mulher agredida por um homem com vários socos, em Ilhéus, no sul da Bahia, falou pela primeira vez sobre o ocorrido. A agressão foi gravada em vídeo e as imagens circulam pela internet. Em um post em uma rede social, Franciele Azevedo, de 26 anos, contou que vivia um relacionamento abusivo com Carlos Samuel Freitas e que sofreu várias agressões dele.

O homem, que tem 33 anos, teve a prisão preventiva decretada e é considerado foragido. A polícia segue com as buscas. A reportagem tentou falar com o suspeito por meio de mensagem de celular, na manhã deste sábado (17), mas ele não respondeu.

"Me chamo FRANCIELE AZEVEDO o vídeo que está circulando, onde apareço sendo agredida sou eu. Portanto demorei para me posicionar pelo fato, que sempre achava ele iria mudar onde permaneci por um tempo no relacionamento abusivo, pois o mesmo depois de todas as vezes que me agredia me pedia desculpas e falava que não lembrava o que tinha feito e nem o porque tinha feito e no final a culpa era sempre minha", desabafou a vítima em um post feito na noite de sexta-feira (16).

Ainda na publicação, Franciele relatou que a dificuldade que tem para falar sobre as agressões, que deixaram dores físicas e emocionais também.

"Não é fácil para mim vir aqui falar sobre esse assunto onde várias pessoas me julgam, como se eu merecesse e sempre me culpando pelas as agressões, minha única culpa foi pensar que um dia ele mudaria, mas não mudou. Onde sofri pressões psicológicas, sigo hoje cheio de problemas e dores que essas agressões me causaram", disse.

Relacionamento abusivo

Franciele contou que vivia em um relacionamento abusivo. Ela disse que conheceu Carlos Samuel pela redes sociais, no final do mês de março deste ano. Segundo Franciele, no início do relacionamento, o homem não tinha comportamento agressivo.

"No início ele não era assim. Com passar do tempo, ele mostrou quem era ele", disse.

A vítima contou que muitas vezes as agressões aconteceram por ciúme, mas que em outras bastava ela falar algo que o suspeito não gostasse para a situação se repetir.

Franciele contou o que aconteceu no dia da agressão que foi gravada em vídeo. Ela relatou que tinha ido a uma festa com Carlos Samuel e que as agressões começaram quando os dois deixaram o local a pedido dela, pois ele já havia bebido bastante.

"Com passar do tempo, a gente foi para outra farra, que foi no dia desse vídeo que está rolando. Ele já estava bêbado, eu chamei ele para ir pra casa. Ele disse que eu não ia, eu falei que iria só", lembrou.

Carlos acabou saindo da festa com Franciele. Os dois estavam em uma moto pilotada por ele e, quando a mulher se preparava para descer da motocicleta, houve a primeira agressão. A situação aconteceu no dia 20 de junho.

"Fui para descer da moto. Como eu estava com capacete no meu braço, quando fui descer da moto, peguei nele fixo. Ele foi e me deu um soco, eu caí da moto. Eu saí andando, pedindo para ele me deixar em paz, que eu não queria mais [o relacionamento], que eu não ia com ele. Como todos podem ver no vídeo, ele fez novamente e me deu vários socos", relatou.

Franciele contou que sempre que em 6 meses de namoro foi agredida mais de 5 vezes. "Eu, infelizmente, gostava muito dele. Acreditei novamente nele, nos pedidos de desculpas. Teve várias outras [agressões] que, como eu estava sem celular, não pude tirar fotos, mas quando tinha oportunidade eu tirava", disse.


Fonte: G1c/adaptações

Bahia: Secretário de cultura de LEM é achado morto dentro de carro

 

Luís Eduardo Magalhães: Secretário de cultura é achado morto dentro de carro
Foto: Reprodução / TV Bahia

O secretário de Cultura de Luís Eduardo Magalhães, no Extremo Oeste baiano, Alexandre Vieira, foi encontrado morto na manhã deste sábado (17). Segundo a Polícia, Viera foi achado por moradores do bairro Boa Vista, dentro de uma caminhonete. 


Ele estava no banco do motorista do próprio carro e havia pelo menos marcas de sete golpes de faca no corpo da vítima. Conforme o G1, a faca encontrada perto do local do crime foi encaminhada para perícia. Há a suspeita de que duas pessoas participaram do homicídio.

 

Ainda segundo a polícia, o corpo do secretário foi encaminhado para O Departamento de Polícia Técnica (DPT) da região para perícia. Nascido em Minas Gerais, Alexandre Vieira tinha 53 anos e era conhecido em Luis Eduardo Magalhães pela realização de vários projetos culturais. Vieira deixa mulher e dois filhos adolescentes. A Polícia Civil apura o crime. Informações o BN.

Bahia: Força tarefa prende quadrilha de PMs acusada em morte de miliares na RMS

 

Ação prende quadrilha de PMs acusada em morte de miliares; grupo agia ainda em grilagem
Foto: Divulgação / SSP-BA

Uma quadrilha formada por policiais militares foi presa neste sábado (17). O grupo é acusado nas mortes do soldado PM Ítalo de Andrade Pessoa e do ex-fuzlieiro Cléverson Santos Ribeiro (lembre aqui). O crime ocorreu no dia 11 de setembro. Ao todo foram seis mandados de prisão temporária contra oficiais e praças lotados na 59ª CIPM (Abrantes), Rondesp Central e 31ª CIPM (Valéria).

 

Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP-BA), a quadrilha, composta por policiais da ativa e da reserva, praticava grilagem de terras, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), nas localidades de Barra do Jacuípe e Monte Gordo. O filho de um dos militares capturados, um ex-policial e um homem que atuava com o grupo completam a quadrilha.

 

Foto: Divulgação / SSP-BA

 

Com eles, foram apreendidos quatro pistolas, carregadores, munições, coletes balísticos, 2.549 pinos de cocaína, pedras de crack e um carro com placa adulterada. A operação foi executada pela Força Tarefa da SSP-BA de Combate a Grupos de Extermínio e Extorsões, formada por equipes das Corregedorias Geral da SSP e das Polícias Militar e Civil.

 
Fonte:BN -17/10/2020 14h:31min.

No sul da Bahia: Aeroporto de Comandatuba já pode operar voos de grande porte

 A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) autorizou o aeroporto de Comandantuba, no litoral sul da Bahia, a iniciar operações com aeronaves de grande porte. Com o aval, o terminal passará a ter voos regulares.

A informação foi divulgada pelo governador Rui Costa (PT) na manhã deste sábado (17), em publicação nas redes sociais.

“Este é mais um dos nossos investimentos para aquecer a aviação regional e levar cada vez mais desenvolvimento para nosso estado. Bom para a economia, bom para o turismo, bom para os baianos”, escreveu o governador. Informações do Bahia.Ba

 

No país: Salvador é capital com pior avaliação do governo Bolsonaro, diz pesquisa

 

Salvador é capital com pior avaliação do governo Bolsonaro no país, indica Ibope
Foto: PR

O fim da primeira rodada de pesquisas realizadas pelo Ibope em 25 capitais do Brasil - o levantamento ainda não foi feito em São Luís, no Maranhão - mostra as diferenças na maneira como o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) é avaliado. Nos dois extremos, estão Boa Vista, capital de Roraima, em que a gestão é vista como ótima ou boa para 66% dos eleitores enquanto 15% a definem como péssima ou ruim, e Salvador, na Bahia, em que apenas 18% dos eleitores fazem a avaliação positiva ante 62% que avaliam o governo negativamente.

 

No caso da capital baiana, os números já haviam sido divulgados na primeira etapa do levantamento, na semana passada. O resultado das entrevistas feitas com 602 pessoas com idade a partir dos 16 anos, nos dias 3 e 4 de outubro, indica que 48% dos entrevistados veem o governo como péssimo, 14% avaliam como ruim, 17% como regular, 12% como bom e apenas 6% como ótimo.


 A pesquisa encomendada pela TV Bahia foi registrada na Justiça Eleitoral sob o número BA-03105/2020. Ela possui nível de confiança de 95% e margem de erro de quatro pontos percentuais para mais ou para menos.

 

Uma análise feita pelo G1 mostra que o presidente vai bem, principalmente, nos estados do Norte, com 54% de ótimo e bom em Manaus (AM) e 50% em Porto Velho (RN). Já as capitais com as avaliações mais negativas estão espalhadas pelo país. Além de Salvador, no Nordeste se destacam Fortaleza (CE) e Teresina (PI), com 47% e 42% de ruim e péssimo, respectivamente, mas há também Porto Alegre (RS), no Sul do país, com 50% desse índice e São Paulo (SP), no Sudeste, com 48%.


fonte:BN - 17/10/2020

EUA: Mais de 25 milhões de norte-americanos já votaram, diz site

WASHINGTON, 17 OUT (ANSA) – A 17 dias da data das eleições gerais, mais de 25 milhões de norte-americanos já votaram, informou o US Election Project, da Universidade da Flórida, neste sábado (17). O dado é um recorde absoluto para o período, pois em 2016, haviam sido cerca de seis milhões.

Entre os estados que registram os maiores números, estão a Califórnia (mais de 2,9 milhões), o Texas (mais de 2,6 milhões) e a Flórida (mais de 2,4 milhões). Diversos estados ampliaram a votação antecipada – tanto por correios como presencialmente – para evitar aglomerações por conta da pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2). Porém, na última semana, longas filas foram registradas em muitas cidades norte-americanas.   

O interessante dos votos é que um dos estados que mais está em disputa pelos candidatos Donald Trump e Joe Biden, a Flórida, aparece com um número tão expressivo de eleitores. Segundo a última pesquisa local divulgada, pelo “The Hill”, os dois estão empatados com 48% das intenções de votos – e 4% dos eleitores se dizem indecisos.

Já o “Real Clear Politics”, um site que compila todas as pesquisas eleitorais fazendo uma média delas, aponta que a vantagem de Biden no estado é de 4,5% (49,3% contra 44,8%). A Flórida é um dos chamados “estados pêndulos” que, a cada eleição, opta por um candidato diferente – ou seja, não é um estado majoritariamente republicano ou democrata.   

No cenário nacional, o ex-vice-presidente aparece com 9% de vantagem sobre o atual mandatário. (ANSA).   

fonte:ISTOÉ - 17/10/2020

Em Livro: ex- assessor fala da vontade de Mandetta com relação aos filhos de Bolsonaro e da ligação de Michelle






Antes de se despedir do Ministério da Saúde, em cerimônia aparentemente cordial no Palácio do Planalto ao lado de Jair Bolsonaro, o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS) teria revelado seus desejos mais íntimos em relação a Carlos, Flávio e Eduardo, os filhos do presidente.

“Minha vontade é pegar um trezoitão e cravar neles. Pelo menos passava a minha raiva”, teria dito Mandetta, segundo o então diretor de Comunicação do Ministério da Saúde, Ugo Braga, que conta os bastidores da gestão do demista em seu livro “Guerra à Saúde”, que será lançado no dia 10 de novembro.

De acordo com a coluna de Mônica Bergamo, que antecipou trechos do livro na edição deste sábado (17) da Folha de S.Paulo, Mandetta acreditava que “o presidente é bom, é bem-intencionado. O problema é aqueles filhos dele, que ficam o dia inteiro xingando nas redes sociais. Sorte que eu não mexo com essas coisas…”

Em outro trecho do livro, Braga conta que em uma reunião no dia 2 de abril, representantes de Bolsonaro teriam sugerido a transferência de idosos das favelas do Rio de Janeiro para hotéis. “Eles querem isolar o idoso e botar os jovens para trabalhar, para se infectarem”, teria dito uma das pessoas que participaram do encontro. Informações do site da Revista Fórum.

O ex-diretor de Comunicação revela ainda que a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, ficou triste e ligou para Mandetta para se despedir. “Eu estou ligando para dizer que meu coração está triste pela sua saída, viu?”, teria dito Michelle.

DF: Advogada quilombola é autora de peça sobre violação de direitos a ser analisada no STF

                                foto:reprodução

A mestra em direito agrário, advogada popular e assessora jurídica na organização Terra de Direitos e na Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), Vercilene Francisco Dias, 30 anos, é uma das profissionais que participou da elaboração da peça jurídica contra supostas violações aos direitos dos quilombolas por parte do governo federal, que hoje tramita no Supremo Tribunal Federal (STF).

Entre os casos denunciados estão a falta de assistência médica, de acesso a materiais preventivos contra a Covid-19 e de soberania alimentar aos quilombolas e seus descendentes.

Sem opções para o escoamento da produção em suas comunidades e com problemas no acesso às políticas públicas voltadas à agricultura familiar, muitos quilombolas têm sofrido com a escassez de alimentos durante a pandemia da Covid-19. De acordo com eles, os principais motivos são a falta de renda motivada por vetos de verbas às comunidades e as baixas perspectivas de comercialização de suas produções no campo.

O documento sob apreciação no Supremo, construído de forma coletiva por advogados, organizações de direitos humanos e entidades da sociedade civil, denuncia as condições que afetam as comunidades quilombolas. A previsão para o ano que vem é que a situação se agrave.

Ao Metrópoles, Vercilene descreveu um pouco da sua trajetória e explicou que o objetivo da ação que tramita no STF como Arguição de Descumprimento de Preceito Fundametal (ADPF) com pedido de medida liminar é contestar o Estado pela sua omissão em assegurar a vida e a saúde da população quilombola.

“Nossa expectativa é impedir que os direitos fundamentais quilombolas continuem sendo violados. Os quilombolas já tinham pouco acesso às políticas públicas e, após a pandemia, o cenário se agravou. Os projetos de lei com temas da agricultura familiar foram vetados pelo presidente Jair Bolsonaro. Grande parte produz para subsistência e comercializa os ingredientes excedentes”, explicou a advogada.

“Queremos os direitos básicos e fundamentais a essas comunidades. O direito de não serem despejados de seus territórios por reintegração de posse, acesso à alimentação e à saúde. Além de um plano de combate aos efeitos da pandemia nos territórios quilombolas. Estamos nessa esperança”, destacou.

Descendente de kalungas

A advogada nasceu no povoado Vão do Moleque, uma comunidade Kalunga localizada na região da Chapada dos Veadeiros, em Cavalcante (GO). Ela é a segunda de seis filhos de um casal. Mas, como os pais de Vercilene se separaram, ela possui mais dois irmãos por parte de mãe e outros cinco por parte de pai. No total, são 12 irmãos.

Ainda criança, aos 5 anos de idade, ela deixou a casa dos pais pela primeira vez e foi morar com os padrinhos, em um vilarejo no Tocantins, para frequentar a escola. “Foi quando eu e a minha irmã mais velha saímos de casa. Era muito difícil porque o meu pai não tinha como ajudar financeiramente nas despesas, mas os meus padrinhos me adotaram como filha e me deixaram ficar lá”, contou a advogada.

Em meio às lembranças, encontrando o que achava pertinente relatar sobre a sua história, Vercilene disse que uma das primeiras memórias que tem da infância são discussões da família com um coronel da região, que se dizia dono das terras e ameaçava expulsá-l0s.

Já com 11 anos, ela foi morar na casa de um fazendeiro no município de Arrais (TO) e fazia trabalhos domésticos para estudar no outro período. Aos 14, ela pediu para voltar para casa e continuar os estudos. Foi quando viu a oportunidade de cursar o ensino médio em Aparecida de Goiânia (GO), onde uma tia morava.

Veja fotos da advogada quilombola e da terra onde nasceu:

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Certa vez, ganhei de presente uma dupla de soldadinhos. Meus padrinhos explicaram que eles eram bons e puniam pessoas más. Aquilo fez despertar o meu interesse por justiça e coloquei na cabeça que também queria ser soldado para prender o coronel que ameaçava a minha família. Já na casa desse fazendeiro em Arrais, tive contato com a filha dele que cursava direito e decidi que faria o mesmo curso para ajudar as pessoas

VERCILENE FRANCISCO DIAS, ADVOGADA QUILOMBOLA
“A gente nunca anda sozinho”

Após concluir os estudos, Vercilene prestou vestibular, aos 21 anos, para direito na Universidade Federal de Goiás (UFG). “Na época, a universidade implementava uma política de cotas para negros e quilombolas, o programa UFG Inclui. Me inscrevi e passei na primeira prova. Fiquei muito emocionada e nem acreditava no que havia conquistado. Tive muito orgulho da minha caminhada”, contou.

O início da vida acadêmica, contudo, não foi fácil. “Entrei na faculdade de direito e não sabia nem o que era Constituição. Além de mim, havia apenas mais um aluno negro na sala. Estava sempre muito só e sentia o preconceito na pele”, recordou.

Nesse momento difícil, ela recebeu apoio de Raimunda Montelo, amiga dos parentes do quilombo, que passou a considerar como uma terceira mãe. “Raimunda é uma mulher negra, forte. Psicóloga por formação e militante por profissão, que me ensinou muito. Me ofereceu um salário para ajudá-la nos afazeres domésticos, introduziu noções da identidade negra e me deu um lar”, destacou Vercilene.

No 10º semestre de curso, em 2016, prestou o exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e foi aprovada. Em seguida, entrou no mestrado de direito agrário também na UFG. Mas faltava colocar a teoria em prática e concretizar o objetivo inicial, que era ajudar os quilombolas. Em 2018, começou a trabalhar como assessora jurídica na Terra de Direitos, organização com sede em Curitiba (PR), e se mudou para o Distrito Federal.

Agora, o maior desejo da advogada é ajudar a família e o povo do território quilombola. “A minha vida toda foi baseada nessa luta, tanto nas questões fundiárias como nas questões culturais”, disse. “Contei com muita ajuda na minha trajetória. Minha vó dizia que eu era uma peça dura. Acredito que a gente nunca anda sozinho e sempre acreditei que chegaria onde almejava”, concluiu.

fonte:Metrópoles - 17/10/2020 10h:50min.