Foto: Virginia Andrade/BN/reprodução
O bloqueio de verbas anunciado pelo Ministério do
Planejamento nesta sexta-feira (22), dentro do pacote de ajuste de
contas do governo federal, vai atingir em cheio a saúde baiana. Com o
contingenciamento, a Bahia perde cerca de R$ 850 milhões previstos para a
saúde, o que prejudica a atenção básica, além da média e alta
complexidade, o tripé do setor.
Não está descartada também a demissão de
funcionários a partir de junho, quando o recurso, que era para chegar,
não vai aparecer nas contas das prefeituras. Segundo o presidente do
Conselho Estadual dos Secretários Municipais de Saúde da Bahia
(Cosems-BA), Raul Molina, o déficit de recursos do estado em Saúde, que é
de R$ 50 bi, também vai ficar pior, alcançando R$ 62 bi. "Esse é um dos
impactos mais complicados que nós já tivemos no setor. Teremos
prejuízos em todos os níveis de atendimento", lamenta Molina em
entrevista ao Bahia Notícias.
O também vice-presidente dos secretários
de saúde em nível nacional diz que cerca de 200 hospitais de pequeno
porte do interior serão penalizados. Desses, muitos podem fechar as
portas. Por mês, essas unidades de saúde recebem em torno de R$ 30 a 50
mil do governo federal, com os municípios tendo que pôr em média R$ 350
mil. "Para você ter ideia, a gente queria que a União ficasse com a
metade do financiamento. Agora, o risco é de fechamento desses
hospitais", afirma.
Ainda na atenção básica, em torno de cem unidades de
Programas de Saúde da Família (PSF) também podem ser fechadas, além de
outros programas como Nasf (de apoio aos PSFs, com fisioterapeutas,
nutricionistas, entre outras especialidades) e Caps (saúde mental). Na
média complexidade, o efeito dominó também atingirá 86 Unidades de
Pronto Atendimento (UPAs): 26 em funcionamento, 14 fechadas no aguardo
de recursos, e 40 em construção. Sobre as últimas, Molina vê pouca
solução. "Qual o prefeito que vai abrir depois desse baque?", questiona.
Em relação à alta complexidade, o bloqueio das verbas vai definhar
Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), principalmente no setor de
assistência ao câncer. Na Bahia, o rombo no setor oncológico é de R$ 47
milhões, o que aumenta o pessimismo do secretário de saúde de Sapeaçu,
no Recôncavo. "Em vez de recuperar essa assistência, nós vamos ficar ao
léu", protesta.
Fonte:BN/reprodução