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segunda-feira, 13 de junho de 2022

Suprema Corte deverá revogar precedente que criou "direito ao silêncio" nos EUA

 Tudo indica que a Suprema Corte dos Estados Unidos vai revogar o precedente de 1966 que instituiu a "advertência de Miranda" em todo o país. E, provavelmente, deixar para cada estado a atribuição de legislar algo parecido.

A Suprema Corte deve deixar para cada estado a atribuição de legislar sobre o tema
flickr.com

Quem não é advogado provavelmente não sabe o que é a "advertência de Miranda (Miranda warning)" ou o que são os "direitos de Miranda (Miranda rights)". Mas o conteúdo desse precedente vai soar familiar para quem já viu filmes ou séries americanos com cenas de prisão, em que o policial recita os direitos constitucionais do cidadão detido: "Você tem direito de ficar calado. Tudo o que disser poderá e será usado contra você em juízo. Você tem direito a um advogado".

Sem essa advertência antecipada, a polícia só pode pedir ao suspeito que forneça seu nome, data de nascimento e endereço — mais nenhuma informação. Um policial também pode advertir o suspeito de que, se ele não pode contratar um advogado, o juiz vai nomear um dativo. E perguntar se, com essas informações em mente, quer falar com ele.

Popularmente, o direito de não se incriminar ao ser interrogado por agentes dos órgãos de segurança ficou mais conhecido como o "direito ao silêncio" — uma estaca do sistema criminal dos EUA, que protege o cidadão detido contra abusos dos investigadores, como o de interrogatório coercitivo, de mentir sobre provas obtidas etc.

O direito foi consagrado por decisão da Suprema Corte no caso Miranda v. Arizona. Ernesto Arturo Miranda foi condenado com base apenas em sua confissão escrita e assinada do crime de sequestro e estupro e foi sentenciado a um período de 20 a 30 anos de prisão. A Suprema Corte anulou a condenação porque a polícia não explicou a Miranda seus direitos antes de interrogá-lo.

O tribunal mandou de volta o processo à primeira instância, com a instrução de que os promotores não podem usar a confissão de um suspeito como prova em julgamento se ele não for advertido de seus direitos — a não ser que o réu renuncie explicitamente a eles, de forma consciente, inteligente e voluntária. Mesmo assim, o suspeito pode, a qualquer tempo, mudar de ideia, solicitar a presença de um advogado e não confessar mais nada.

A instituição "direitos de Miranda" deixará de existir como uma regra válida para todo o país, mas os direitos do réu de ficar calado, não se incriminar e ser representado por um advogado permanecem, porque estão sedimentados na Quinta e na Sexta Emendas da Constituição dos EUA. Será extinto apenas o mandato federal de anunciar ao suspeito detido seus direitos constitucionais.

Desses direitos, o mais popular é o de ficar calado, que ganhou uma expressão própria: plead the Fifth (ou take the Fifth), que significa exatamente se recusar a falar ao ser interrogado por agentes de órgãos de segurança ou por uma Comissão Parlamentar de Inquérito.

Se o suspeito virar réu, essas duas emendas lhe garantem outros direitos, tais como ao devido processo a um julgamento rápido e público, na jurisdição em que o crime foi cometido, a um júri imparcial, a ser informado sobre a natureza e causa da(s) acusação(ões), de confrontar as testemunhas contra ele (através seu advogado) e de ter um processo compulsório para obter testemunhas a seu favor.

Extinto o procedimento de praxe da polícia de anunciar ao suspeito detido seus direitos, como previstos na "advertência de Miranda", caberá a cada estado legislar sobre a matéria. E à polícia local agir como for estabelecido localmente.

Ao transferir para os estados essa responsabilidade — da mesma maneira que irá fazer com o direito ao aborto, ao anular o precedente que o legalizou em todo o país — a Suprema Corte vai criar uma situação em que a legislação sobre o direito ao silêncio vai se transformar em uma colcha de retalhos.

Haverá retalhos maiores e menores porque, além dos estados, condados e municípios também têm suas próprias leis penais e poderão legislar sobre o tema. E serão retalhos multicoloridos porque, em alguns lugares, vão seguir o espírito liberal-democrata (azul), em outros, o espírito conservador-republicano (vermelho) e ainda em outros, alguns espíritos intermediários (meios-tons).

Os estados democratas vão, provavelmente, aprovar leis que espelhem o conteúdo da "advertência de Miranda" — e, quiçá, até melhorá-lo um pouco. Nos estados republicanos, não se pode esperar muita boa-vontade a favor dos suspeitos de crime. Uma das bandeiras eleitorais mais badaladas pelos políticos republicanos é a de ser "duro contra o crime" — significando não dar colher de chá.

Portanto, não será uma prioridade nas assembleias legislativas controladas por republicanos regulamentar esses direitos constitucionais das pessoas detidas pela polícia. Ou podem ser regulamentados, mas a legislação pode dar mais asas para os detetives serem mais bem-sucedidos em seus interrogatórios.

Para se valer de seus direitos, sejam quais forem em um estado ou outro, os suspeitos terão de conhecê-los por conta própria. Nesse caso, a condenação de Ernesto Miranda não teria sido anulada, porque ele não tinha conhecimento desses preceitos constitucionais.

Fonte: Conjur - 13/06/2022 

Três pessoas morrem e oito ficam feridas em acidente envolvendo três carros na BR-116 trecho de Serrinha-Teofilândia


                                            foto:reprodução/redes sociais


Um acidente envolvendo três veículos na BR-116, no trecho entre Serrinha e Teofilândia, no nordeste da Bahia, deixou três mortos e oito feridos na noite de sábado (11).

Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF) o acidente foi uma batida frontal envolvendo três carros de passeio. As três vítimas, que ocupavam o mesmo veículo, foram identificadas como Cleiton dos Santos Mota, Dacicleide Cardoso Almeida e José Fábio Silva de Almeida, todos naturais do município de Serrinha. Não há informações sobre a identidade ou estado de saúde dos feridos.

Sobre o caso, a Prefeitura de Serrinha emitiu uma nota de pesar e anunciou a suspensão de todos os eventos festivos em alusão ao aniversário de 146 anos da cidade que ocorreriam nesta segunda-feira (13).

"Manifestamos o nosso mais profundo pesar, ao tempo em que nos solidarizamos com as famílias e agradecemos os serviços prestados. Nossos sinceros sentimentos", diz em nota.

Fonte: Correio da Bahia 13/06/2022

Salvador: Ferry-boat e rodoviária terão operações especiais durante feriado de São João



                                             foto:Metro1/reprodução

Após dois anos sem um funcionamento especial durante os festejos juninos,  a Agerba montou uma operação especial para o Ferry-Boat e Rodoviária para atender a grande demanda do período. Os terminais irão estender seus horários e funcionar com uma rota maior de transportes.

 

No Terminal Rodoviário de Salvador a operação acontece entre os dias 18 e 24 de junho, e mais de 170 mil pessoas devem utilizar o terminal de transportes para deixar a cidade e curtir o feriadão. Cerca de mil horários extras, além dos 540 horários regulares operados diariamente, estão sendo ofertados. Para embarque nos ônibus é necessário que o passageiro apresente o comprovante de vacinação contra a Covid-19, seguindo o cronograma vacinal estabelecido para a sua idade. Além disso, é recomendável a manutenção do uso de máscaras faciais de proteção durante as viagens. A rodoviária irá operar com sua capacidade regular neste feriadão de Corpus Christi, mas entre os dias 15 e 17 de junho, caso identifiquem aumento de demanda, as empresas de ônibus poderão ofertar horários extras. 

 

As cidades mais procuradas até o momento são: Cachoeira, Castro Alves, Conceição do Almeida, Cruz das Almas, Muritiba, Santo Amaro, Santo Antônio de Jesus, São Felipe e São Félix.


 Além de cidades como Senhor do Bonfim, Itaberaba, Bom Jesus da Lapa, Eunápolis, Alagoinhas, Ibicuí, Jequié, Riachão do Jacuípe, Irecê, Barra e São Desidério.

 

Já no sistema ferry-boat será realizada operação especial nos dois feriados. Por esse motivo o reforço terá início na quarta-feira (15), com duração até o dia 28 de junho, com operação de retorno do São João. Sete embarcações estão à disposição neste período e viagens extras serão programadas, nos momentos de maior demanda. Para os festejos juninos cerca de 480 vagas extras no sistema de hora marcada foram disponibilizadas em horários alternativos. Durante os dois feriados, nos momentos de maior fluxo de veículos e pedestres, e com um maior número de embarcações à disposição, as saídas estão previstas para ocorrer a cada 30 minutos.

 

A operação do Sistema Ferry-boat conta com apoio e parceria de órgãos de Salvador e Itaparica, como a Transalvador, Corpo de Bombeiros, Polícia Militar (16ª CIPM e 5ª CIPM), Batalhão de Polícia Rodoviária Estadual (5ª CIPM), Secretaria Municipal de Transporte de Itaparica e Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).O funcionamento oficial do sistema, com horários regulares, é de hora e hora: das 5h às 23h30 de segunda a sábado, e das 6h às 23h30 aos domingos e feriados.


Fonte:BN - 13/06/2022 19h:10

ICMS: Estados pedem que União compense 100% das perdas de arrecadação


     

                               foto:reprodução

                           
O Comitê Nacional de Secretários de Fazenda, Finanças, Receita ou Tributação dos Estados e do Distrito Federal (Consefaz) enviou proposta de acordo ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta segunda-feira (13/6), para o modelo de cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).

O documento, endereçado ao ministro André Mendonça, propõe compensação integral das perdas de arrecadação que as unidades da Federação terão com as novas regras, entre outros pontos.

“Compensação integral das perdas arrecadatórias dos Estados com as novas regras de tributação dos combustíveis, transportes coletivos, energia elétrica e telecomunicações, mediante transferência de receitas da União e/ou abatimento da dívida de cada ente federativo, observado o gatilho de 5% (cinco por cento) das quedas de arrecadação”, diz um dos trechos da proposta.

O Consefaz também pede que a proibição de cobrança de alíquota do ICMS sobre energia elétrica e telecomunicações pelos estados em percentual acima do praticado em outros produtos seja cumprida só a partir de 2024. A determinação foi tomada pelo próprio STF no ano passado.

Nesta segunda-feira, Mendonça deferiu pedido de liminar da Advocacia-Geral da União (AGU) para suspender decisão do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) que definiu as alíquotas do ICMS sobre o diesel nos estados.

No dia 25 de março, por meio do Confaz, governadores decidiram estabelecer o valor de cerca de R$ 1 por litro para o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre o óleo diesel. O presidente Jair Bolsonaro (PL), por sua vez, chamou a medida de “esculacho”.

Fonte: Metropoles/reprodução 13/06/2022

Desaparecidos no AM: veja vídeo de onde estavam objetos de Dom e Bruno

Vídeos obtidos pela coluna mostram o local onde os objetos do indigenista Bruno Pereira foram encontrados. As buscas ocorreram em Atalaia do Norte (AM), no Vale do Javari. Bruno Pereira estava com o jornalista Dom Phillips quando ambos desapareceram há oito dias. Os investigadores da Polícia Federal (PF) ainda apuram o que aconteceu com os dois.

Foram encontrados amarrados em uma árvore submersa no igapó – pedaço da floresta inundado pela água – uma mochila preta (com objetos no interior) pertencente a Bruno; dois pares de botas (de tamanhos diferentes), reconhecidos como sendo dos dois; uma calça preta tática, de Bruno; um cartão de saúde com o nome completo do indigenista; um chinelo preto da marca Havaianas, também de Bruno; e uma lona preta que estava na embarcação. Os materiais foram entregues à Polícia Federal (PF) para perícia.



Leia a nota divulgada pela Polícia Federal na noite desse domingo:

Nota da Polícia Federal sobre o caso de Dom Phillips e Bruno Pereira

Novo nome

Material exclusivo obtido pela Coluna Na Mira, do Metrópoles, insere no caso o nome de um ribeirinho conhecido na região como Dos Santos. Pelos relatos do homem, que acompanhou a jornada de Bruno e Dom Phillips, de 3 a 5 de junho, Dos Santos teria entrado no barco de Amarildo da Costa Oliveira, conhecido como Pelado, com uma espingarda calibre 16.

De acordo com a testemunha, o indigenista e o jornalista britânico se deslocavam de barco entre a comunidade ribeirinha de São Rafael e a cidade de Atalaia do Norte no mesmo momento em que ele fazia a viagem, que dura cerca de quatro horas. No meio do caminho, ele relatou ter sido ultrapassado pela “voadora” (voadeira é uma embarcação movida a motor com estrutura e casco de metal, composta com motor de popa) de Bruno e Dom.

Dois minutos depois, viu uma “voadora” de cor verde aparecer atrás dos dois. A testemunha logo identificou o barco verde como sendo de Pelado, pois já o conhecia.

O depoente continuou seguindo viagem para Atalaia do Norte quando foi parado por Dos Santos, nas proximidades de onde o ribeirinho mora, no Lago Ipuca. Dos Santos pediu ajuda ao depoente. “Me leva ali embaixo”, teria dito.

A testemunha levou o conhecido até um ponto do rio no qual avistaram a lancha de Pelado. Dos Santos, então, pediu para que o depoente o deixasse ali, pegou seu pequeno barco e foi remando ao encontro de Pelado. A testemunha percebeu que Dos Santos portava uma espingarda calibre 16 e uma cartucheira na cintura.

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O homem não conseguiu ver dentro do barco de Pelado, mas relatou que ele estava sozinho até encontrar Dos Santos. De lá, os dois partiram para o lado oposto da testemunha, que foi para Atalaia do Norte. Quando chegou às margens do rio, já em Atalaia do Norte, no entanto, a família de Bruno o aguardava a fim de perguntar se ele sabia onde o indigenista estava. O depoente respondeu que o viu passar no rio.

Os desaparecidos

Dom Phillips é um jornalista britânico de 57 anos. Ele estava na região do Vale do Javari (AM) realizando pesquisa para um livro que escreve sobre a região da Amazônia. Dom é colaborador do jornal The Guardian e tem larga experiência na cobertura da região.

Bruno Pereira, servidor de carreira da Fundação Nacional do Índio (Funai), estava de licença do órgão desde que foi exonerado, em 2019, e acompanhava Dom Phillips em um trabalho investigativo sobre pesca e extração de madeira ilegal na área.

Os dois desapareceram em 5 de junho, quando se deslocavam de barco entre a comunidade ribeirinha de São Rafael e a cidade de Atalaia do Norte.

Fonte: Metropoles - 13/06/2022 08h:25

Nos EUA: Ministro da Justiça esteve em evento com foragido Allan dos Santos

Anderson Torres, ministro da Justiça e Segurança Pública, é convidado a prestar esclarecimentos sobre morte de crianças da etnia Yanomami por ação de garimpeiros na CâmaraIgo Estrela/Metrópoles

O militante esteve na motociata que Bolsonaro organizou em Orlando.

No Twitter, Torres respondeu a uma postagem do deputado Alencar Santana, do PT de São Paulo, que o acusava de cometer o crime de prevaricação.

“Caso queira, posso poupar seu trabalho, pois as premissas são falsas. Não consta o nome do “foragido” na difusão vermelha da Interpol, portanto, na verdade, ele não é foragido. Alerto também que eu e o PR não temos poder de polícia nos EUA”, afirmou o ministro.

Apesar de o ministro do STF Alexandre de Moraes ter determinado a inclusão de Allan dos Santos na lista de procurados da Interpol e a sua extradição, o processo, que depende da atuação do Ministério da Justiça, se arrasta.

A delegada Silvia Amelia, que pediu a extradição de Allan dos Santos quando estava na chefia do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI), foi exonerada do cargo em novembro de 2021. A delegada Priscila Santos Campelo Macorin é a atual diretora do DRCI.

O governo brasileiro nega estar dificultando o processo de extradição.

Fonte: Guiherme Amado/Metrópoles/reprodução - 13/06/2022



EUA: Assessores de Trump dizem ter falado a ele que queixas de fraude eleitoral eram ilegítimas


                            Foto: reprodução 

WASHINGTON (Reuters) - Importantes assessores do então presidente dos Estados Unidos Donald Trump afirmaram que disseram a ele que as acusações de fraude eleitoral generalizada não eram fundamentadas e não reverteriam sua derrota nas urnas, de acordo com um depoimento por vídeo transmitido nesta segunda-feira pelo comitê que investiga a invasão de 6 de janeiro de 2021 no Capitólio norte-americano.

O painel da Câmara dos Deputados, liderado por membros do Partido Democrata, defende a tese de que Trump decidiu afirmar que a eleição presidencial de 2020 foi "roubada" dele, mesmo com muitos membros de sua equipe afirmando que o democrata Joe Biden recebeu mais votos.

"Ele e seus assessores mais próximos sabiam que as acusações eram falsas, mas continuaram insistindo nelas mesmo assim, até o momento em que uma turba de apoiadores de Trump atacou o Capitólio", afirmou a deputada democrata Zoe Lofgren ao painel em sua segunda audiência.

Em um depoimento por vídeo, o ex-procurador-geral de Trump William Barr rejeitou as acusações de fraude como "besteira" e "loucura".

"Se ele realmente acredita nessas coisas, ele se descolou da realidade", disse Barr.

Trump nega qualquer irregularidade, e tem repetidamente insistido que não perdeu, classificando a investigação do comitê como uma "caça às bruxas política".

Fonte: Reuters (Reportagem de Patricia Zengerle e Richard Cowan) - 13/06/2022

domingo, 12 de junho de 2022

Lava Jato: Delator da Odebrecht diz que foi pressionado para comprometer Lula

 

                                           Crédito foto: Pedro Ladeira/Folhapress - 06/03/2017


Em depoimento inédito para o filme 'Amigo Secreto', que chega aos cinemas nesta semana, Alexandrino Alencar afirma que levava bola preta de procuradores antes de citar o petista.


CONFIRA A REPORTAGEM NA COLUNA DE MÔNICA BERGAMO DA FOLHA DE HOJE (12)

Ensino Superior: Metade é a favor de cotas raciais em universidades; 34% são contra, diz Datafolha

fot:reprodução

Metade da população é a favor das cotas raciais nas universidades públicas, mostra pesquisa Datafolha. O apoio é maior, de 60%, entre as pessoas com filhos em escolas particulares --que, teoricamente, seriam preteridos com a ação afirmativa.
 

Quanto mais jovem, escolarizada e de maior renda a pessoa, maior é o apoio a essa ação afirmativa. Também há aprovação levemente superior entre a população preta (53%) e parda (52%) do que entre brancos (50%).
 

A pesquisa Datafolha foi feita em parceria com o Cesop-Unicamp sob a coordenação da Ação Educativa e do Cenpec. O levantamento, realizado em março, aborda várias agendas educacionais.
 

"Esse apoio é significativo porque as cotas raciais mostraram o potencial de democratização do ensino superior brasileiro", diz Denise Carreira, da Ação Educativa.
 

Posicionam-se contrários às cotas raciais 34%. Outros 3% se mostraram indiferentes e 12% disseram não saber responder.
 

A pesquisa ouviu 2.090 pessoas a partir de 16 anos em 130 municípios. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
 

A primeira universidade de grande porte a reservar vagas foi a Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), em 2003. No mesmo ano, a UnB (Universidade de Brasília) seria a pioneira a ter cotas raciais. Foi com a Lei de Cotas, de 2012, que todas as federais passaram a adotar a política.
 

As cotas passaram a ser implementadas de forma escalonada até chegar, em 2016, à reserva de 50% das vagas para a escola pública. A legislação exige separação de cadeiras para pretos, pardos e indígenas de acordo com a proporção da população de cada estado, além de preconizar corte de renda.
 

A lei prevê revisão do programa de acesso para este ano, dez anos após seu início. O recorte racial das cotas sempre esteve no centro dos debates mais intensos: fruto de intensa mobilização do movimento negro, enfrentou resistências de vários setores da sociedade e de dentro do mundo acadêmico. Essa pesquisa Datafolha não traz perguntas sobre as cotas sociais.
 

Evidências têm se acumulado sobre o efeito positivo da inclusão com as cotas ao transformar o retrato racial e social das universidades para algo mais próximo da realidade da sociedade --que financia a universidade pública.
 

Estudos e análises também indicam que não houve, como alardeavam os críticos, prejuízos de qualidade no desempenho do alunado, o que também quebrou barreiras. A USP (Universidade São Paulo), com histórico de rejeição às cotas, decidiu em 2018 adotar a reserva também com critérios raciais.
 

A instituição tomou a decisão depois de insistir por anos em uma política de bonificação que, com algum efeito na inclusão de egressos de escolas públicas, não foi efetiva para negros. Pesquisa mostrou que a diferença de notas entre cotistas e não cotistas é pequena e cai durante o curso.
 

Um estudo recente do pesquisador Adriano Sekenvics, do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), mostrou que a a participação de pretos, pardos e indígenas nas instituições federais de ensino superior vindos da escola pública passou de 27,7%, em 2012, para 38,4% em 2016.
 

Dados de 2019 mostram uma proporção de 39% desse público nas universidades, segundo pesquisa da Ação Educativa e Lepes (Laboratório de Estudos e Pesquisas em Educação Superior) da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Pretos, pardos e indígenas somavam naquele ano 56% da população com idade entre 18 e 24 anos.
 

"Nossa avaliação a partir das pesquisas é que as cotas são um programa muito bem sucedido, e que de fato contribuiu para mudar a cara das universidades, dos nossos campi, e principalmente nas instituições e cursos mais seletivos. Isso é a grande diferença", diz Rosana Heringer, coordenadora do Lepes-UFRJ.
 

"Em 2016, começa a se sentir fortemente o processo de democratização, com inclusão de negros e indígenas", diz a professora Dyane Brito, da UFRB (Universidade Federal do Recôncavo da Bahia). "É um crescimento nunca antes visto no Brasil", completa.
 

Segundo especialistas, dados do Datafolha corroboram outras investigações qualitativas que apontam uma maior aderência à política quanto maior é o nível de informação e de contato com a universidade ou com seus efeitos sobre a inclusão.
 

João Feres, coordenador do Gemaa (Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa) da Uerj, explica que ainda há um grande desconhecimento sobre como as cotas funcionam. Isso explicaria, inclusive, por que a aceitação entre as pessoas de maior renda, escolaridade e com com filhos em escola privada.
 

"Como a universidade foi por muito anos lugar de privilégios, há um movimento de autoexclusão, os meninos negros e brancos de escola pública ainda não se veem ali".
 

O Datafolha aponta maior falta de opinião sobre as cotas entre aqueles com filhos em escolas públicas: 11% desse grupo respondem não saber sobre a questão, enquanto o percentual é de 3% no outro grupo.
 

Quando foi aprovada, a lei previu que a revisão fosse feita pelo governo. Uma mudança em 2016, quando foi incluída reserva para pessoas com deficiência, retirou essa atribuição e agora o Congresso tem se debruçado sobre o tema.
 

O presidente Jair Bolsonaro (PL) já disse ser contrário à política, mas não houve movimentações consistentes no governo para alterá-la. Questionado, o MEC (Ministério da Educação) não respondeu.
 

Há movimentações para adiar qualquer alteração, baseada na avaliação de que a conjuntura política e ideológica do governo Bolsonaro não favoreceria uma revisão qualificada.
 

A pesquisa Datafolha também reforça o caráter ideológico que permeia a avaliação sobre a política. A aprovação é maior entre as pessoas que consideram o governo Bolsonaro péssimo (57%) do que entre aqueles que avaliam a gestão como ótima (31%).
 

Foram apresentadas nesta legislatura na Câmara 19 proposições sobre a Lei de Cotas, segundo o Observatório do Legislativo Brasileiro. Dessas, nove são favoráveis, uma neutra, e nove contrárias, segundo o órgão. Tal disputa está centrada na manutenção do recorte racial.
 

Segundo Feres, também coordenador do Observatório, o cenário no Legislativo ainda é incerto, mas a crítica às cotas perdeu força nos últimos anos. "Não acho que exista ainda hoje uma campanha contrária sistemática, como houve antigamente e que por muito tempo foi bancada pela mídia".
 

Em 2006, mais de uma centena de intelectuais e artistas divulgaram manifesto contrário à proposta. Reportagem da Folha mostrou que mais de uma dezena de signatários mudaram de opinião recentemente.
 

A política ainda enfrenta entraves, segundo especialistas, com a redução de orçamento para permanência estudantil e um empenho tímido das próprias universidades para garantir o sucesso acadêmico desses estudantes.
 

Especialistas dizem que traços de um racismo estrutural ainda permeiam a questão ao normalizar a ausência de negros, assim como indígenas e pessoas com deficiência em ambientes como as universidades. Por isso, há a defesa de que esses temas sejam debatidos na educação básica.
 

A pesquisa Datafolha também fez perguntas sobre a abordagem de discriminação racial nas escolas e respeito a crenças religiosas.
 

A maioria (81,4%) concorda totalmente que a discriminação racial deve ser discutida na escola. O respeito na escola pública a todas as práticas religiosas --inclusive o candomblé, a umbanda e até mesmo o ateísmo-- é apoiado por 93,7%.


Fonte: BN -12/06/2022

Blog do Noblat: Bolsonaro pediu a Joe Biden ajuda americana para derrotar Lula

                                           

                                     O presidente dos Estados Unidos fez de conta que não ouviu

foto:reprodução

O amadorismo de Jair Bolsonaro é de dar pena. (Não, não dá.) Para além do amadorismo, seu desespero e medo de ser preso caso não se reeleja podem inspirar piedade nas almas mais sensíveis.

Ele foi o último chefe de Estado a cumprimentar Joe Biden depois da eleição para presidente dos Estados Unidos. Bolsonaro preferiu acreditar em Donald Trump, que denunciou fraude.

Na semana passada, por muita insistência de Biden, voou a Los Angeles para participar da Cúpula da Democracia. Os dois tiveram um encontro a sós, e Bolsonaro afirmou que fora “magnífico”.

Inteiramente a sós, não foi. Havia assessores de um lado e do outro, e tradutores, porque Bolsonaro não fala inglês, nem Biden português. Bolsonaro voltou ao Brasil encantado com Biden.

Admitiu ter conversado vagamente com ele sobre as eleições de outubro aqui. Mas nada mais disse sobre isso. Não disse, mas a agência de notícias americana Bloomberg descobriu e publicou.

Eric Martin, que já morou e trabalhou no Brasil, repórter há dois anos do escritório da agência em Washington, conta que Bolsonaro pediu ajuda a Biden para se reeleger. (Sim, foi o que você leu.)

Bolsonaro disse que Lula é um esquerdista radical e perigoso para os interesses americanos no Brasil. Biden mudou de assunto, segundo testemunhas da conversa.

Como de praxe no jornalismo americano, a Bloomberg acionou seu correspondente no Brasil e pediu um comentário ao Palácio do Planalto, que não respondeu imediatamente.

Pediu também à Casa Branca, que se recusou a comentar neste momento. Naturalmente, foi por lá que vazou a notícia, de vez que ao governo brasileiro o vazamento seria prejudicial.

Por três vezes, no ano passado, emissários de Biden vieram ao Brasil e advertiram Bolsonaro que o governo Biden jamais apoiará um golpe. Um dos emissários foi o próprio chefe da CIA.

Em todas as ocasiões, informações a respeito das sucessivas advertências vazaram por fontes americanas. Bolsonaro, de fato, seria mais permeável aos interesses americanos do que Lula.

Ele e seus filhos não cansam de demonstrar seu amor aos Estados Unidos. Bolsonaro bate continência para a bandeira americana toda vez que uma é hasteada ou exibida a ele.

O deputado Eduardo Bolsonaro, antes de se eleger, trabalhou numa hamburgueria nos Estados Unidos. Seu pai pensou em promovê-lo a embaixador do Brasil em Washington. Deu ruim.

m qualquer lugar dos Estados Unidos, Bolsonaro sente-se em casa. Ontem, usando capacete (aqui nem sempre usa), ele liderou uma motociata em Orlando, onde falou a evangélicos brasileiros.

Encontrou-se com o blogueiro Allan dos Santos, foragido da Justiça brasileira. Há um pedido de prisão contra Allan assinado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.

Nunca antes na história do Brasil aconteceu algo parecido.

Fonte: BLOG DO NOBLAT - 12/06/2022