A megaoperação policial nos complexos da Penha e do Alemão, na zona norte do Rio, que deixou ao menos 121 mortos e se tornou a mais letal do país, expôs o que os especialistas descrevem como "um retrato brutal do colapso do Estado", que terão "impacto inimaginável" em moradores e, especialmente, crianças das comunidades.
O QUE ACONTECEU
Sem presença policial, perícia ou isolamento da área, moradores recolheram cerca de 70 corpos encontrados na Mata da Vacaria, entre a Penha e o Alemão, após a operação. Por volta das 3h da manhã do dia seguinte à operação, os cadáveres começaram a ser alinhados na Praça São Lucas, na Penha. Somente às 10h, o Bope chegou ao local e um rabecão dos Bombeiros iniciou a remoção oficial. A Polícia do Rio alega que não retirou os corpos da mata porque, inicialmente, "não sabia da existência" deles.
Crianças estiveram em veículo que resgatou parte dos corpos. Em imagens registradas pelo UOL, elas aparecem com luvas cirúrgicas em cima de uma caminhonete usada para transportar os mortos até a praça.
"É muito choro, muito grito. Acabei de ver uma mãe identificando o seu filho, filhos identificando seus pais. Tá muito sinistro, o cheiro podre de pessoas mortas, o grito, o choro (...)".disse.Raul Santiago, comunicador que esteve no local.
Ouvidora diz que impacto na vida dos moradores, especialmente crianças, será "inimaginável". Fabiana Silva, da Defensoria Pública do Rio de Janeiro, esteve nas comunidades e presenciou o resgate dos corpos. "Todos muito traumatizados e em choque", relatou. "Infelizmente, haverá, ao meu ver, uma apatia pós-traumática."
"Essas cenas foram as mais difíceis que eu já vi na minha vida. Estamos falando de crianças e adolescentes que tiveram um contato muito direto com uma violência inimaginável para qualquer pessoa. Agora, imagine para sujeitos em formação? O impacto disso é inimaginável, em um grau que a gente vai colher os resultados só a longo prazo. Falhamos, e muito, enquanto sociedade", disse Fabiana Silva, ouvidora da Defensoria Pública do RJ.
Produção de imagens por moradores é "estratégia de sobrevivência" e operação terá impacto "devastador" sobre comunidades. A avaliação é da especialista em segurança pública Natália Pollachi, do Instituto Sou da Paz. Para ela, assim como ocorreu nos episódios conhecidos como massacre do Carandiru e da Candelária, registrar o que acontece é uma estratégia adotada pela população local de "provar fatos e pedir socorro". Ela ressalta que operações policiais precisam priorizar a segurança da população local e o acolhimento às comunidades afetadas.
"Para além das mortes, o que já é terrível, havia um clima de terror: pessoas impedidas de trabalhar, de ir à escola, à faculdade, de receber atendimento de saúde, trancadas em casa tentando se proteger. O dano psicológico é muito profundo nessas populações", disse Natália Pollachi, do Instituto Sou da Paz.
MORADORES E CRIANÇAS ASSUMEM TAREFAS DO ESTADO
"Trabalho de lidar com a morte recaiu sobre quem deveria ser protegido", diz Cecília Oliveira, do Instituto Fogo Cruzado. Para ela, as imagens de crianças ajudando a transportar corpos expressam a "naturalização da barbárie" nas favelas do Rio.
"Quando jovens assumem este papel, fica evidente que o Estado não apenas se ausentou, mas transferiu às vítimas a responsabilidade pela própria sobrevivência. É a imagem perfeita da exceção transformada em rotina, em um país que naturalizou que seus filhos cresçam convivendo com massacres e pilhas de corpos", disse Cecília Oliveira, do Instituto Fogo Cruzado.
Coronel da reserva vê o resgate dos corpos por moradores como "enorme problema embaraçoso para o governo do Rio". Ao UOL, José Vicente da Silva Filho, ex-secretário Nacional de Segurança Pública, avaliou ser "impossível que a polícia não soubesse que havia uma quantidade imensa de corpos na mata" onde os mortos foram encontrados.
"A população foi resgatar e entregou ali na praça pública para mostrar a ineficiência e o descuido consciente da polícia", diz José Vicente da Silva Filho.
O QUE DIZ O GOVERNO DO RIO
Secretário de Segurança do Rio afirmou que tiroteio foi deslocado para mata para "preservar a vida dos moradores". Em coletiva de imprensa durante a semana, Victor Santos afirmou que o deslocamento ocorreu para "preservar a vida dos moradores e evitar o dano colateral". E acrescentou: "Tivemos um dano colateral baixo, quatro inocentes [policiais] foram baleados e mortos".
Governador Cláudio Castro (PL) disse que eventuais erros na operação são "irrisórios". Segundo ele, todos os mortos na mata eram criminosos. "O conflito foi todo na mata, não creio que tivesse alguém passeando em dia de confronto. Podemos tranquilamente classificar [os mortos] como criminosos. De vítimas nesta sexta-feira (31), só tivemos os policiais", afirmou.
Ouvidoria da Defensoria Pública do Rio documentou relatos de abusos cometidos por policiais na comunidade. O documento, obtido pelo UOL, reúne, entre outras denúncias, relatos sobre agressão contra mulher grávida e tiros de arma de fogo disparados de forma "indiscriminada" na direção de casas de moradores. Procurada, a Secretaria de Segurança Pública ainda não se manifestou sobre o relatório.
Fonte: Por Manuela Rached Pereira | Folhapress/REPRODUÇÃO 01/11/2025
Pç. do feijão - Centro da cidade de Irecê -foto: Blog Fique Informado/arquivo
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu um alerta para mais de 70 municípios baianos sobre baixa de umidade. O aviso, informado nesta sexta-feira (31), vale até este sábado (1º), sobretudo para o Oeste, onde os índices podem variar entre 30% e 20%.
Entre os municípios mais afetados estão Barreiras e Luís Eduardo Magalhães, que têm enfrentado clima quente e seco.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), índices abaixo de 60% não são ideais para a saúde humana, podendo causar irritação nos olhos, garganta seca e desconforto respiratório. O Inmet orienta a população a evitar atividades físicas intensas nas horas mais quentes do dia; reduzir a exposição ao sol entre o fim da manhã e o meio da tarde; e beber bastante água para manter a hidratação.
Entre as 70 cidades com alerta de baixa umidade estão: Angical, Barreiras, Bom Jesus da Lapa, Brotas de Macaúbas, Caetité, Correntina, Guanambi, Irecê, Luís Eduardo Magalhães, Paratinga, Riachão das Neves, Santa Maria da Vitória, São Desidério, Serra do Ramalho, Xique-Xique, entre outras do Oeste e Sertão baiano.
O tempo seco deve persistir nos próximos dias, com possibilidade de chuvas isoladas em regiões pontuais do interior.
A entidade Human Rights Watch denuncia "graves falhas na investigação da operação policial mais letal do Rio de Janeiro". É uma das entidades de direitos humanos de maior prestígio internacional.
Confira a reportagem completa no link abaixo do site UOL da coluna de Jamil Chade:
Moradores dos complexos da Penha e do Alemão e de outras favelas do Rio de Janeiro realizaram um protesto na tarde desta sexta-feira (31), após a morte de 121 pessoas na operação policial da última terça-feira (29). O céu cinzento e a chuva fina pareciam acompanhar o clima de luto que tomava conta do trajeto. “O dia está triste pela morte desses jovens. Deus com certeza está também”, disse uma mulher.
“Hoje foi a primeira vez que eu consegui chorar”, relatou o fotógrafo Rafael Henrique Brito, em entrevista ao ICL Notícias. Ele esteve na favela desde o primeiro momento após a chacina, registrando as primeiras imagens dos corpos enfileirados na Praça São Lucas, e também participou do protesto nesta sexta. “Senti o cheiro da morte”, disse, sobre testemunhar as cenas dos corpos resgatados da mata. “Hoje consegui processar, dar conta do tamanho do que está acontecendo”, relatou.
“Enquanto ativista e fotógrafo, o meu sentimento passa pela revolta e ao mesmo tempo pelo desânimo, por saber que boa parte da sociedade aplaude essa barbárie e utiliza esses corpos como palanque político. Dói muito enxergar nos olhos das mães, mulheres que estavam no protesto, tanta dor. Por saber que esses corpos são desumanizados. Que são as pessoas da favela novamente humilhadas”, relatou Rafael, que atualmente trabalha na equipe da ONG Rio de Paz.
Foto: Tânia Rêgo – Agência Brasil
O foco do trabalho do Rafael é documentar a realidade de violação dos direitos humanos nas favelas. “Sou um fotógrafo negro, e nos caixões que registro vejo rostos com minha cor, meu cabelo, os traços da minha família. Sem registro, a história se apaga. Lutar pela vida, pela dignidade e pela justiça é o que me move. Em dias como hoje, eu ainda me impressiono com o quanto as pessoas conseguem tirar força pra lutar”, observou.
O ato teve início no Campo do Ordem, um campo de futebol na Vila Cruzeiro, e seguiu pelas ruas do Complexo da Penha. O campo de futebol fica a poucos metros da praça, onde, na quarta-feira (30), os mais de 60 corpos encontrados na Serra da Misericórdia foram expostos.
Foto: Rafael Henrique Brito | ONG Rio de Paz
Durante o percurso, moradores estenderam faixas com frases como “Fora Cláudio Castro. Chega de matança nas favelas”, em referência ao governador do estado, Cláudio Castro, do PL. Também havia cartazes com dizeres “Morador não é criminoso” e “Mais de 120 vidas perdidas não é sucesso”.
Entre os participantes do protesto, estavam mães de jovens mortos em outras ações policiais, além de representantes de movimentos sociais e trabalhistas, que denunciaram a violência e pediram justiça pelos mortos.
Foto: Tânia Rêgo – Agência Brasil
Em entrevista ao ICL Notícias, Zen Ferreira, de 53 anos, nascido e criado no Complexo da Penha, desabafou. Ele foi um dos moradores que ajudou a retirar os corpos da mata e também esteve no protesto.
“Subi com um grupo de moradores na madrugada, eram 2h40 da manhã. Passamos a noite descendo com os corpos, ajudando a recolher as vítimas. As cenas eram de filme de terror — corpos com facadas, tiros na cabeça, uma cabeça pendurada num galho. Nunca vi nada parecido. Foi um genocídio, uma carnificina, uma tortura”, disse Zen, lamentando que, “mais uma vez, o Complexo da Penha vira destaque pro mundo com uma tragédia que eu nunca queria ver”.
“Ninguém mostra as crianças que a gente leva pra dançar, os projetos de arte, os prêmios que conquistamos. Eu sou produtor artístico do Projeto Vidançar e jornalista comunitário, e estou completamente arrebentado com tudo isso. Quem mais sofre somos nós, os moradores. É fácil pra sociedade julgar. A polícia tem que trabalhar, sim — mas não dessa forma. Tá todo mundo muito abalado, gente chorando o dia todo”, disse ele.
Foto: Camila Pizzolotto
Ao ICL Notícias, a historiadora Camila Pizzolotto também relatou um pouco do que viu e sentiu durante o protesto. “Vi muita tristeza nas pessoas ao longo da caminhada. Gente com aparência machucada, abatida. Esse território vive cercado por uma polícia extremamente violenta, mas mesmo assim alguns moradores foram até as janelas para aplaudir a manifestação. E ao mesmo tempo parecia haver uma sensação de tensão no rosto dos moradores”, disse Camila.
Segundo ela, o protesto desta sexta-feira (31) marca apenas o início das mobilizações. “Havia muita gente jovem, o movimento negro presente, todos tentando transformar a dor em força. Eu, pessoalmente, senti muita tristeza e muita raiva. Principalmente ao ver que parece que o restante da cidade segue normal, enquanto o subúrbio e a periferia vivem esse luto, esse silêncio”, relatou.
Foto: Tânia Rego – Agência Brasil
Batizado de “Chega de Massacre”, o ato pediu o fim da violência contra a população negra e periférica. Manifestantes vestiam branco como símbolo da paz.
Além de moradores e ativistas, estiveram presentes os deputados federais Pastor Henrique Vieira, Glauber Braga e Tarcísio Motta, e a vereadora Mônica Benício, viúva de Marielle Franco, do PSOL.
O protesto foi organizado por movimentos sociais e coletivos ligados à pauta antirracista, como Coalizão Negra por Direitos, Mulheres Negras Decidem, Instituto Papo Reto e Voz das Comunidades. Outras manifestações foram registradas em diversas capitais brasileiras, como São Paulo e Brasília.
Veja outras imagens do protesto no RJ
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Manifestantes gritam “Sem hipocrisia. Essa polícia mata pobre todo dia”.
Foto: Ana Paula Martins – Instituto Marielle FrancoFoto: Ana Paula Martins – Instituto Marielle FrancoFoto: Rafael Henrique Brito | ONG Rio de PazFoto: Rafael Henrique Brito | ONG Rio de PazFoto: Rafael Henrique Brito | ONG Rio de Paz FONTE: Por Amanda Prado/ICL NOTÍCIAS - 01/11/2025
Antes de ser apontado como o “engenheiro militar” do Comando Vermelho (CV), Rian Maurício Tavares Mota (foto em destaque) vestiu a farda da Marinha do Brasil e passou por cursos considerados entre os mais rigorosos das Forças Armadas. Hoje, ele está na lista de presos que devem ser transferidos para presídios federais de segurança máxima, após a megaoperação realizada nesta semana nos Complexos do Alemão e da Penha.
Mota é suspeito de ter sido o responsável por levar ao crime organizado uma tecnologia que se tornou estratégica nos confrontos nas favelas do Rio: drones adaptados para lançar granadas.
Segundo a Polícia Federal, ele usou seus conhecimentos técnicos para transformar equipamentos de espionagem em armas de ataque aéreo.
Interceptações telefônicas mostram que o ex-militar dava orientações detalhadas a integrantes da cúpula do CV, incluindo Edgar Alves de Andrade, o Doca, principal alvo da megaoperação e ainda foragido.
A PF afirma que esse tipo de equipamento já impediu que líderes do CV fossem capturados em ações anteriores.
Durante a operação de terça-feira (28/10), policiais relataram ter sido atacados com artefatos explosivos arremessados de drones, tática semelhante à observada em guerras como as da Ucrânia e do Oriente Médio.
Mota foi preso em 2024 dentro de um quartel, após investigação da PF. Ele integrava o Comando da Força de Superfície, setor responsável por parte da estrutura naval do país, e havia concluído o curso de mergulhador, considerado de alta qualificação.
A investigação aponta que ele estruturou o setor de drones do CV, projetou métodos de ataque aéreo contra forças policiais e ajudou a treinar operadores dentro das comunidades.
Além dele, outros nove alvos de “alta periculosidade” também devem ser transferidos.
UNEB - Universidade do Estado da Bahia, organizadora do Processo Seletivo para Professor da Educação Básica (REDA) da Secretaria de Educação do Estado, divulgou nesta última quinta-feira(30) o resultado definitivo da concurso referente ao Edital 13/2025.
Nenhum dos nomes dos 99 mortos na megaoperação nos Complexos da Penha e Alemão divulgados hoje pela polícia constam em denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro obtida pelo UOL que faz parte do processo que baseou a operação. A ação deixou 121 mortos, entre eles quatro policiais.
Confira a reportagem completa no link abaixo do site UOL desta sexta-feira (31):
O corpo do rodoviário Adailton Oliva Pereira, de 49 anos, foi encontrado
na tarde desta sexta-feira (31) na cidade de Camaçari, Região
Metropolitana de Salvador (RMS).
Adailton foi visto pela última vez na quarta-feira (29). O cobrador de ônibus desapareceu logo após terminar o trabalho no bairro de Jardim das Margaridas, em Salvador.
O filho do rodoviário foi até o local onde o corpo estava e confirmou
o óbito do pai, conforme apurado pelo PSNotícias.
Foto: Divulgação
Adailton foi visto pela última vez na quarta-feira (29). O cobrador de ônibus desapareceu logo após terminar o trabalho no bairro de Jardim
A nova denúncia do Ministério Público da Bahia (MP-BA) contra o deputado estadual Kléber Cristian Escolano de Almeida, conhecido como Binho Galinha, aponta que o parlamentar continuou exercendo a liderança do grupo mesmo após a deflagração da Operação El Patrón pela Polícia Federal.
Segundo o MP-BA, a organização criminosa armada é investigada por lavagem de capitais, exploração clandestina de jogos de azar, agiotagem, extorsão majorada, receptação qualificada, e embaraço à investigação.
Um dos pontos usados pelo Ministério Público para corroborar a continuidade das atividades ilícitas foi estabelecer o contexto histórico e a solidez da hierarquia na ORCRIM, estabelecendo a posição de comando do deputado: registros mostram que os atos praticados só são executados com a autorização expressa dele.
Nesse contexto, foram encontrados diálogos no celular de Jorge Vinícius de Souza Santana, "Piano", considerado o principal operador financeiro do grupo, que reforçam as provas de que Binho Galinha é o "líder-maior". Nas conversas, Piano recebia os valores ilicitamente auferidos e posteriormente dividia os ganhos com o casal Kléber Cristian (Binho) e Mayana Cerqueira (esposa do deputado).
Em um dos registros encontrados, Piano fala "expressamente sobre o depósito de valores nas contas" de Binho Galinha, ao confirmar as informações e o recebimento. O MP também aponta que o deputado chegou a fornecer o próprio CPF como chave Pix. Também é indicado que, na divisão de valores, os lucros são expressivamente destinados a Binho, cabendo a Jorge Piano uma fração muito menor.
Na mensagem em questão, de um total de R$ 160 mil, R$ 155.230 foi destinado ao chefe da organização, ficando o restante, apenas R$ 4.770, com o operador financeiro. Em outra conversa, Piano repassa valores prestando contas dos lucros obtidos com o ponto de apostas sob a responsabilidade de Kléber Herculano de Jesus, o Charutinho - morto após deixar a prisão no último mês de julho.
Ainda na esteira de funcionamento das atividades, a Polícia Federal apurou que, após o bloqueio das contas bancárias de Mayana Cerqueira e João Guilherme (filho de Binho Galinha), ambos passaram a contar com o apoio de Cristiano de Oliveira Machado, que assumiu a responsabilidade de receber, em sua própria conta, os valores oriundos de atividades ilícitas, realizando posteriormente a pulverização desses montantes.
Ele é apontado como componente do núcleo financeiro da ORCRIM e "laranja". Segundo as investigações, ele atuaria como “longa manus” de Mayana, operando em nome da acusada na gestão e pulverização de recursos financeiros da organização após o bloqueio das contas.
Também foi constatado que, no mês de março de 2024, já após grande divulgação e repercussão da operação “El Patrón” e da prisão de alguns dos principais membros da organização criminosa, Cristiano passou a exercer a função de realizar cobranças relativas aos lucros obtidos com os pontos de apostas ilegais. Essas cobranças se mantiveram ao longo do mês de abril de 2024, o que evidencia a continuidade das atividades criminosas sob a anuência do líder.
NOVOS ELEMENTOS
No dia 29 de junho de 2024, durante o cumprimento dos mandados de busca e apreensão expedidos no bojo da Operação Hybris III foi encontrado na residência do denunciado um veículo Toyota Corolla Cross, 2021/2022, placa RPD 1J66, que segundo Ministério Público, estivesse em nome de terceiro, pertencia a Binho Galinha. Isso porque no interior do carro foram encontrados itens pessoais somente de Binho e de João Guilherme, inclusive a identidade funcional do primeiro como parlamentar.
O uso de "laranjas" para ocultar a verdadeira titularidade de bens, configura uma prática reiterada no âmbito do grupo criminoso, especialmente por parte de Kléber Cristian e seus familiares. Ainda conforme a denúncia, a conduta reforça as provas de que ele continuou a usufruir dos bens oriundos de atividades ilícitas, além de evidenciar que permanece exercendo a liderança sobre a organização criminosa.
A Polícia Federal constatou, ainda, que Mayana Cerqueira continuou exercendo suas funções nos negócios ilícitos da organização, mesmo após ter sido presa preventivamente e posteriormente colocada em prisão domiciliar — medida concedida em virtude de ser mãe de uma criança menor de idade –, como as negociações à frente da loja TendTudo, mesmo com decisão judicial que tinha suspendido o exercício das atividades econômicas.
Foi verificado que ela, por intermédio da rede de colaboradores do grupo criminoso, tem adotado estratégias para manter os fluxos financeiros de seus interesses, se valendo de “laranjas” para operacionalização de suas atividades, configurando novos episódios de lavagem de dinheiro.