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sábado, 27 de abril de 2019

SP: Quem era o modelo mineiro que morreu na SPFW

O modelo Tales Cotta
Modelo tinha 26 anos e era mineiro de Manhuaçu -foto:reprodução/Instragam
O modelo Tales Cotta, que morreu neste sábado, 27, depois de sofrer um mal súbito durante um desfile, participava de sua segunda São Paulo Fashion Week (SPFW). Tales caiu na passarela durante o desfile da marca Ocksa, foi atendido por socorristas e levado ao hospital, mas não resistiu. “Lamentamos esta fatalidade e prestamos nossas sinceras condolências à família de Tales”, diz comunicado divulgado pela SPFW.
Natural de Manhuaçu, município no interior de Minas Gerais, a 290 quilômetros de Belo Horizonte, Cotta, cujo verdadeiro nome era Tales Soares, começou a trabalhar com Base MGT, agência de modelos e atores de São Paulo, em setembro de 2018. No site da agência, ele é descrito como um modelo de “olhos verdes e cabelo platinado”. O jovem informava em seu Instagram que era vegetariano.
Durante o desfile, Cotta teria tropeçado na sandália e caiu na passarela. Os participantes do evento, por pensarem que se tratava de uma performance do desfile, demoraram a reagir. Segundo testemunhas, a equipe de socorristas levou em torno de três minutos para prestar o atendimento. Na sequência, a transmissão dos desfiles foi cortada. Nos bastidores do SPFW, o clima é de comoção.
Neste sábado, Cotta fazia seu segunda desfile na edição atual da SPFW. Na sexta-feira 26, o modelo desfilou para a grife Ratier. O mineiro também trabalhou para o estilista Felipe Fanaia e para as marcas Age e C&A.
Em um post de 26 de outubro de 2018, Cotta escreveu sobre a emoção de ter participado de sua primeira SPFW: “Hoje foi superação. É olhar pra trás a cada dia e dizer: ‘Não desista’. Gratidão eterna a toda equipe @ratierclothing : @vivirivaben@ratierdedge@danielraad, meu booker de SP @booker_piazzi i, a toda equipe maravilhosa da @base_mgt e a minha agência mãe @agenciaallmodels e meu booker @faeloribeiro que são parte da minha história, são minha família. Amigxs que acompanham e torcem por mim: Esse sonho é nosso e foi concluído com sucesso. Seguimos”.

O modelo Tales Cotta desmaiou durante desfile na SPFW Tales recebeu atendimento ainda na passarela da SPFW
Tales recebeu atendimento ainda na passarela da SPFW (Leco Viana/Thenews2/Folhapress)

Fonte:Veja.com

Bolsonaro diz que ministros devem seguir seus pensamentos ou ficar 'em silêncio'

 O Presidente e o ministro da Educação -foto:reprodução

BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro disse neste sábado, 27, que seus ministros devem seguir sua linha de pensamento ou ficar “em silêncio”, se discordarem das orientações. O comentário expõe mais um capítulo da disputa dentro do governo, após a polêmica envolvendo uma propaganda do Banco do Brasil, que foi retirada do ar por ordem do presidente.
“Quem indica e nomeia presidente do Banco do Brasil? Sou eu? Não preciso falar mais nada, então”, afirmou Bolsonaro. “A linha mudou. A massa quer o quê? Respeito à família. Ninguém quer perseguir minoria nenhuma. E nós não queremos que dinheiro público seja usado dessa maneira.”
Bolsonaro fez a afirmação um dia depois de a Secretaria de Governo, comandada pelo general Carlos Alberto dos Santos Cruz, ter desautorizado uma ordem da Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) para que todo o material de propaganda da administração, incluindo o das estatais, passasse por análise prévia da pasta.
Em nota divulgada na noite desta sexta-feira, a Secretaria de Governo -- à qual a Secom está subordinada -- diz que a medida fere a Lei das Estatais, “pois não cabe à administração direta intervir no conteúdo da publicidade estritamente mercadológica das empresas estatais”.
Houve, na prática, um recuo, mas Bolsonaro não gostou. Após o presidente ter mandado cancelar a propaganda do Banco do Brasil, a Secom havia enviado um e-mail a estatais com instruções para controlar os comerciais e “maximizar o alinhamento de toda ação de publicidade”. Teve, porém, de voltar atrás na determinação.
Com apenas 30 segundos, a propaganda do Banco do Brasil era protagonizada por mulheres e homens negros e tatuados, além de uma transexual. Dirigida ao público jovem, a campanha publicitária mostrava atores que representavam a diversidade racial e sexual. “Não é a minha linha. Vocês sabem que não é minha linha”, insistiu Bolsonaro neste sábado.
O caso custou o cargo do diretor de Comunicação e Marketing do banco, Delano Valentim. Questionado sobre como pretendia controlar a publicidade de estatais, o presidente respondeu que os ministros devem seguir seu pensamento ou não se pronunciar. “Olha, por exemplo, meus ministros... Eu tinha uma linha, armamento. Eu não sou armamentista? Então, ministro meu ou é armamentista ou fica em silêncio. É a regra do jogo”, afirmou ele. A frase foi interpretada até por aliados como um puxão de orelha em Santos Cruz.
Mais tarde, após participar neste sábado de um almoço de comemoração do aniversário do ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Walton Alencar Rodrigues, Bolsonaro foi questionado pelo Estado se estava mandando um recado para Santos Cruz com suas declarações. “Santos Cruz é meu irmão. O que é isso?”, respondeu o presidente. “Não tem nada a ver. Tem um novo chefe da Secom, estamos ajustando ainda”, acrescentou ele, em uma referência ao publicitário Fábio Wajngarten, que comanda a Secom há duas semanas e até agora não se entendeu com Santos Cruz.
De acordo com Bolsonaro, todos os seus ministros têm autonomia de ação. “Não queremos impedir nada, mas quem quiser fazer diferente do que a maioria quer, que não faça com verba pública. Só isso”, disse o presidente.
Presidente rebate Lula e acena a Maia
Pela manhã, Bolsonaro rebateu declaração do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para quem o Brasil é governado atualmente por um “bando de malucos”. “Bem, pelo menos não é um bando de cachaceiros, né?”, afirmou.
Condenado e preso na Operação Lava Jato, Lula fez a crítica em entrevista aos jornais 'El País' e 'Folha de S. Paulo', autorizada pela Justiça e realizada na sede da Polícia Federal, em Curitiba, onde o petista cumpre a pena. Bolsonaro afirmou considerar um erro da Justiça a autorização para a entrevista.
“Olha, eu acho que o Lula, primeiro, não deveria falar. Falou besteira. Maluco? Quem era o time dele?”, perguntou o presidente. Ele mesmo respondeu: “Grande parte está preso ou está sendo processado. Tinha um plano de poder onde, nos finalmentes, nos roubaria a nossa liberdade, ok?. Eu acho um equívoco, um erro da Justiça ter dado direito a dar uma entrevista. Presidiário tem que cumprir sua pena.”
No almoço na casa do ministro do TCU, Bolsonaro se encontrou com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e tentou desfazer o mal estar com o deputado, um dia depois de o site 'Buzzfeed' divulgar uma entrevista atribuindo ao parlamentar uma série de críticas aos filhos de Bolsonaro. “Estou namorando Rodrigo Maia. (Tive) uma conversa maravilhosa com ele”, afirmou o presidente. “Sem problema. Estamos aí 100%”.
De acordo com o site, Maia disse que o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) vive um “momento de deslumbramento” e é quem, na prática, comanda as Relações Exteriores do País. O vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), por sua vez, poderia ser “doido à vontade”, porque teria aval do pai para suas ações e a estratégia definida por ele nas redes sociais.
“Eu tenho certeza que isso é um fake (falso). Eu gosto do Rodrigo Maia, ele tem respeito comigo e eu tenho por ele. Mandei mensagem via Onyx (Lorenzoni, ministro da Casa Civil) para ele ontem à noite dizendo que o que nós dois juntos podemos fazer não tem preço. E 208 milhões de pessoas precisam de mim e dele, e grande parte de vocês. Rodrigo Maia é pessoa importantíssima para o futuro de 208 milhões de pessoas. Espero brevemente poder conversar com ele”, afirmou o presidente.
Bolsonaro defende reforma da Previdência sem alterações
Sobre a reforma da Previdência, em tramitação na Câmara, Bolsonaro afirmou que a proposta “não pode ser desidratada”. No seu diagnóstico, se o texto aprovado pelo Congresso representar uma economia abaixo de R$ 800 bilhões, será o mesmo que “retardar a queda do avião".
“Ela (a proposta) não pode ser desidratada, tem um limite. Abaixo disso apenas, como disse Paulo Guedes (ministro da Economia), vai retardar a queda do avião. O Brasil não pode quebrar. Nós temos que alçar um voo seguro para que todos possam se beneficiar da nossa economia”, argumentou.
O comentário foi feito por Bolsonaro quando ele mencionou as críticas do presidente da comissão especial que analisa a proposta de emenda à Constituição (PEC) da reforma, o deputado Marcelo Ramos (PR-AM). Para o deputado, o presidente prejudica a reforma ao falar dela. Na quinta-feira, Bolsonaro disse a jornalistas, durante café da manhã no Palácio do Planalto, que uma economia de R$ 800 bilhões seria um ponto de inflexão positivo na economia. Um valor abaixo, na sua avaliação, poderia levar a uma crise como a da Argentina. A proposta original da equipe econômica, porém, previa mais de R$ 1 trilhão de economia ao governo.
Bolsonaro esteve neste sábado pela manhã na periferia de Brasília, visitando a menina Yasmin Alves, que participou da comemoração de Páscoa no Palácio do Planalto, na semana passada. O presidente contou que perguntou ao grupo de crianças que esteve no Planalto quem ali era palmeirense. “E ela falou que não. Nada mais além disso”, afirmou.
Na ocasião, o Estado publicou, com base no vídeo postado nas redes sociais do presidente, que a menina havia se recusado a cumprimentá-lo. A informação foi corrigida imediatamente após o governo esclarecer que a negativa da menina era, na verdade, uma resposta ao questionamento do presidente sobre futebol.
fonte:Estadão/reprodução 27/04/19 -21:45min.

Gov. Rui Costa rebate Bolsonaro e diz que apologia ao turismo sexual é inaceitável

[Rui Costa rebate Jair Bolsonaro e diz que apologia ao turismo sexual é inaceitável]
Foto:Mateus Pereira/Gov. da Bahia/reprodução


Em visita ao município de Nova Fátima no nordeste baiano, o governador Rui Costa repudiou as declarações do presidente Bolsonaro essa semana quanto a visita de turistas ao país.

Segundo a revista Crusoé, Bolsonaro disse que “o Brasil não pode ser um país do mundo gay, de turismo gay. Temos famílias”, e completou em seguida: “quem quiser vir aqui fazer sexo com uma mulher, fique à vontade”. A declaração foi feita após ser questionado sobre a decisão do Museu Americano de História Natural de Nova Iorque de não sediar um evento em homenagem a ele. O presidente avaliou que a recusa foi motivada pela fama de homofóbico à qual estaria associado no exterior.

O governador afirmou " O  Brasil é um país de gente séria e trabalhadora. Turistas são bem vindos para conhecerem nossa natureza, culinária e cultura. Mas aqui não é lugar de exploração ou turismo sexual. Nós lutamos muito por anos para melhorar a imagem no Brasil no exterior e é inadmissível ouvir as asneiras que temos ouvido.  Não podemos nos calar. Respeitem as mulheres brasileiras!"




fonte:BNews c/adaptações

Sul: Governos de sete estados assinam carta em apoio à reforma da Previdência

Governos de sete estados do Sul assinam carta em apoio à reforma da Previdência
Foto: Divulgação / GOVSP
Governadores de Estados que compõem as regiões Sul e Sudeste do Brasil se reuniram neste sábado em São Paulo e, no intervalo do encontro, distribuíram à imprensa uma carta de apoio à reforma da Previdência do governo Jair Bolsonaro (PSL), que também prevê mudanças para os Estados e municípios, de acordo com o jornal Estadão.

No documento, deixaram claro que são contra a retirada dos Estados e municípios da reforma. Os governadores também fizeram questão de ressaltar que, além da reforma da Previdência, é importante aprovar no Congresso o plano do governo federal de socorro aos Estados, conhecido como Plano Mansueto.

A reunião contou com a presença dos governadores de São Paulo, João Doria; de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), e de Santa Catarina, Carlos Moisés (PSL). O Rio de Janeiro e o Paraná foram representados pelos vice-governadores Cláudio Castro (PSC) e Darsi Piana (PSD), respectivamente. Informações do BN.

Brasil deve ter 50 mil mortes até 2030 por decisões políticas


BRASIL DEVE TER 50 MIL MORTES ATÉ 2030 POR DECISÕES POLÍTICAS
foto:reprodução
Um estudo do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (ISC/UFBA) apontou que 50 mil pessoas devem perder a vida, entre 2017 e 2030, em decorrência de medidas de austeridade fiscal na cobertura da Atenção Primária à Saúde (APS). O levantamento foi realizado em colaboração com pesquisadores da Universidade de Stanford e do Imperial College de Londres.
Segundo o professor e pesquisador do ISC/UFBA, Davide Rassela, que liderou o estudo, a pesquisa começou há dois anos e analisou dados de 5.507 municípios brasileiros. São consideradas mortes prematuras os óbitos que acontecem em pessoas com menos de 70 anos, provocadas por problemas na Atenção Primária, como doenças infecciosas e deficiências nutricionais.
“O que percebemos foi que a tomada de decisões políticas, sobre austeridade fiscal e ligadas à cobertura da Atenção Básica, terão impacto direto sobre a saúde da população, principalmente, sobre as mais pobres e que dependem dessas assistências. Essa foi a primeira vez que foi realizado um estudo como esse no Brasil, que analisa concretamente as consequências das decisões políticas na saúde da população”, afirmou.
Na prática, os pesquisadores fizeram projeções matemáticas tomando como base o congelamento dos gastos com a saúde por 20 anos anunciado pelo Governo Federal em 2016, na possível extinção do Programa Mais Médicos e na Emenda Constitucional 95/2016, que instituiu em 2016 um Novo Regime Fiscal no país. De acordo com o levantamento, essas mudanças políticas vão afetar diretamente a qualidade de vida dos brasileiros e provocar 50 mil mortes até 2030. Hoje, o Brasil tem uma média de 1,1 milhão de óbitos por ano.
O estudo que apontou as 50 mil mortes prematuras como consequência de decisões políticas contou com a participação de outros cinco pesquisadores e foi publicado na BMC Medicine, uma das principais revistas médicas do mundo. O levantamento mostra um impacto maior nos municípios mais pobres, além de um aumento nas desigualdades ao afetar, principalmente, a população negra (pretos e pardos).  Para os pesquisadores, apesar de realizar uma projeção para o Brasil, o estudo é um alerta para todos os países de baixa e média renda.

fonte:Bahia Econômica/27/04/19 -17:44min.

"O governo federal quer aprisionar a cultura " diz cineasta Cacá Diegues


Governo quer se vingar dos artistas, diz Cacá Diegues
foto:reprodução
O cineasta Cacá Diegues, 78 anos, é um profundo conhecedor da alma do brasileiro – e, para que tal elogio fique claro, é só lembrarmos que é dele o fenomenal filme “Bye Bye Brasil”. Por isso, leve-se a sério quando Cacá diz que anda preocupado e atento em relação à “ideológica política cultural” e ao desmanche da cultura do País que estão sendo promovidos pelo governo federal. Em uma definição precisa, ele aponta: “a cultura se tornou uma cultura de governo” – e disso decorre, em sua opinião, a falácia do “marxismo cultural”. Na última semana, o diretor-presidente da Agência Nacional de Cinema (Ancine), Christian de Castro, determinou a suspensão total do repasse de novas verbas para produção de filmes e séries de tevê. Em seguida, vieram as mudanças na lei Rouanet, reduzindo o teto de recursos para projetos: de R$ 60 milhões para R$ 1 milhão. No ano passado, Cacá lançou o seu décimo sétimo longa-metragem, “O Grande Circo Místico”, baseado no poema Túnica Inconsútil, de Jorge de Lima. No último dia 12, ele assumiu a cadeira número 7 da Academia Brasileira de Letras.
Há uma desmanche da área cultural promovido pelo governo federal?
Há um equívoco em relação à cultura. Não é verdade que a Lei Rouanet seja um prejuízo para o País. Ao contrário, a Lei Rouanet permite a produção cultural e está provado que de cada real gasto com incentivos fiscais voltam dois, três, quatro reais para o Estado, por meio de impostos.
O que está então acontecendo?
O projeto cultural não deve ser do governo, deve ser do Estado. E o governo está tomando o projeto cultural para ele, está colocando a cultura dentro de uma ideologia e dentro de uma concepção política que não é a do Estado, é a do governo. Acho que o principal equívoco é esse.

Qual é o objetivo?
Eu não tenho a menor ideia, de tão absurdo que é. Para se vingar dos artistas? O governo federal quer se vingar dos artistas, mas os artistas não fizeram nada de mal ao Brasil. Realmente não consigo entender qual é o objetivo.
O governo os considera uma ameaça? Oposição?
Não sei se considera que todos são de oposição, mas, de qualquer maneira, o governo não respeita os artistas. Não só os artistas, mas os produtores de cultura de um modo geral. Não tem nenhum respeito. Ninguém chamou a gente para discutir como vai ser, como não vai ser. Nenhum produtor de cultura foi chamado para discutir o projeto cultural do governo. Isso significa que há uma espécie de desinteresse de envolver os produtores culturais. O governo quer aprisionar a cultura em um projeto partidário.
Os governos anteriores também falharam?
Os governos anteriores também são culpados. Existe um não entendimento do que deve ser o projeto cultural do Estado, essa é uma coisa que sempre aconteceu no Brasil. Dessa vez está sendo mais cruel, estamos vendo a eliminação da produção cultural no Brasil por meio de cortes de verbas, de mudanças de lei. Por exemplo, esse negócio da Lei Rouanet. Estou à vontade para falar porque o cinema não se beneficia dela. O cinema é financiado pela Lei do Audiovisual.
Há um convencimento da população…
Houve uma campanha muito grande contra a produção cultural no Brasil. Daí a ideia de que as pessoas ficam milionárias com a Lei Rouanet. Não conheço ninguém que tenha ficado rico com investimento na cultura no País. Não conheço mesmo. Não há dúvida de que trataram a cabeça da população contra a produção cultural, como se essa produção fosse praticada por um bando de vagabundos que ganham dinheiro do Estado. Enfim, é uma loucura.
A Ancine também está passando por muitas mudanças?
Acho que a Ancine tem um erro básico, um pecado original. A Ancine foi criada em 1991 e não era para ser o que ela é hoje. A Ancine era para ser dividida em três. Não podemos ter uma agência que regula, fiscaliza e fomenta. Isso aí é uma coisa que vai dar errado. É como o Supremo Tribunal Federal, quem investiga não julga. Quem fomenta não regula e quem regula não fiscaliza. Isso não faz sentido. Quando Gilberto Gil se tornou ministro da Cultura achavam que ia ser a salvação do cinema brasileiro. Isso não é culpa do Gilberto Gil, é culpa dos cineastas.
Isso prejudicou?
Tinha de dar nesse erro que está dando agora. Como é possível fomentar uma atividade que regula e fiscaliza. Estamos sendo vítimas desse equívoco que foi produzido pelos próprios cineastas, quando Gilberto Gil assumiu o Ministério da Cultura. E ele não tem nada a ver com esse movimento. Esse movimento foi desencadeado pela própria atividade com o apoio de Juca Ferreira, que foi o secretário executivo do Gil. E aí a Ancine perdeu o sentido. E tudo que está acontecendo é resultado disso, resultado dessa atrofia, dessa maluquice da agência fazer essas três coisas simultaneamente.
No ano passado, o Brasil produziu 160 filmes, É um recorde histórico? A Ancine participou do financiamento da maioria deles?
A Ancine participou do financiamento da maioria deles, por meio do Fundo Setorial do Audiovisual. É como eu estava dizendo: a Ancine controla o Fundo, que é quem financia, e ao mesmo tempo ela é reguladora e fiscalizadora. Não vai dar certo, é óbvio. Tem de começar do zero, fazer tudo de novo.
Não existe uma forma de financiamento privado para o cinema brasileiro?
Estamos partindo para isso. Os produtores estão procurando, alguns acham, outros não. Mas quando se parte para o financiamento privado, o financiamento só vai para o filme que garante bilheteria, que tem um artista conhecido do público. Não tem mais experiências, não tem experimentação. Apesar disso, o financiamento privado é muito bom e vai aparecer. Mas vai surgir para esses filmes que a gente sabe que são comerciais, que dão dinheiro.

A censura está de volta no Brasil?
No cinema ainda não apareceu esse retorno da censura. A censura grave que teve na semana passada foi a do Supremo Tribunal Federal. Foi essa coisa maluca que o juiz Alexandre de Moraes e o Dias Toffoli produziram, censurando a revista Crusoé e o site Antagonista. É inacreditável que o Supremo Tribunal Federal tenha tomado essa atitude. Até bem pouco tempo eu achava que os juízes do STF eram a garantia da democracia brasileira. Mas não são.
Isso não pode se alastrar?
Claro que pode se alastrar. Lógico que pode se alastrar. Acho que uma coisa boa é que a população está contra isso. Direita e esquerda estão contra. Eu não vi ninguém apoiar essa censura, a não ser o Gilmar Mendes. Não vi ninguém apoiar, o que para mim é um grande alívio. O perigo é que a censura esteve nas mãos do STF e ninguém manda no STF.
São identificados traços de autoritarismo?
Essa é uma tendência no mundo todo. Acho que nós estamos diante de uma situação nova. O mundo está experimentando um populismo autoritário que começou com Donald Trump.
Também no Brasil? Há risco de ditadura?
Ditadura é outra coisa. É o que eu digo sempre. Na ditadura, a gente dormia e, quando acordava, os militares estavam à beira da nossa cama. Agora é diferente. Agora há um presidente da República que foi eleito pelo povo. Eu não votei nele, mas eu tenho de respeitá-lo. E posso respeitar reclamando, mas não estamos em uma ditadura como estávamos em 1964.
E o uso da mídias sociais, essa democracia mediada digitalmente?
Acho que a mídia social não vai acabar com a democracia. Fake News é o seguinte: se formos levar a sério esse negócio de fake news acabaremos valorizando o autoritarismo. Quem está no poder, não importa qual deles numa república, não pode justificar suas doidices com fake news. Se as mídias sociais vierem a prejudicar a democracia, é preciso educar a população para usá-las corretamente. Não adiante somente punir, o importante é educar. Não podemos acabar com as mídias sociais, com a cultura digital que está emergente, que está surgindo e vai dominar a cultura mundial de forma plena e absoluta.
E produzem novidades políticas.
Sim. O novo presidente da Ucrânia, Volodmyr Zelenski, é o Jô Soares de lá. O cara que brincava de presidente na televisão virou presidente de verdade, graças às mídias sociais. Ele foi eleito e não participou de nenhum debate, não foi para a televisão, só foi para as mídias sociais. E ganhou, 60% dos votos. Não se pode achar isso absurdo. É a cultura emergente. Nós temos de educar nossos filhos para essa cultura, para evitar que ela mate a democracia.
Hoje a mídia digital liga-se muito à promoção do ódio.
Esse ódio, se ele está sendo expresso agora, é porque ele já existia. O que está acontecendo é que ele está sendo manifestado. Deram a voz aos imbecis por meio das mídias sociais. O ódio não surge da noite para o dia.
O governo se apega muito ao conceito de marxismo cultural. O que acha disso?
Acho que marxismo cultural é uma coisa que não existe. O que existe é macartismo cultural. Aquele que não concordar comigo, é um bandido, um comunista, sei lá o quê. Isso é macartismo. Marxismo cultural não sei o que é porque a base do marxismo é a luta de classes, é econômico, social, não tem nada de cultural o marxismo. Inventar um marxismo cultural é iludir a população com algo que não existe.
É de sua autoria a expressão patrulhamento ideológico. Ele está acontecendo?
Acho que sim. Quando falei sobre isso, era uma piada. A patrulha ideológica era um impedimento para se produzir coisas que não tivessem a ideologia conveniente ou a ideologia consagrada pelo poder ou por segmentos sociais. A patrulha ideológica vem de todos os lados, de todas as pessoas. Não acredito muito nesse negócio de direita e esquerda, mas para simplificar: a direita faz patrulha ideológica e a esquerda também a faz.
Tem um patrulhamento moral?
O patrulhamento moral faz parte do patrulhamento ideológico, porque esse conceito moral é um conceito da ideologia de quem pratica essa moral. No fundo é a mesma coisa.

fonte:Portal Terra/ reprodução 27/04/19 -16:29min.

Educação: Por que os cursos de Filosofia e Sociologia incomodam Bolsonaro?




Para especialista ouvido por CartaCapital, presidente culpa a educação pela incompetência financeira do governo

O presidente Jair Bolsonaro iniciou a sexta-feira 26 alarmando a sociedade. Algo que já tem se tornado frequente na gestão do capitão. O foco? A educação, área que tem sido palco de preocupantes investidas governamentais. Em um tweet publicado no início da manhã, o presidente anunciou que o ministro da Educação, Abraham Weintraub, estuda descentralizar investimentos em faculdades de Filosofia e Sociologia.






O Ministro da Educação @abrahamWeinT estuda descentralizar investimento em faculdades de filosofia e sociologia (humanas). Alunos já matriculados não serão afetados. O objetivo é focar em áreas que gerem retorno imediato ao contribuinte, como: veterinária, engenharia e medicina.
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O objetivo seria focar em áreas que gerem retorno imediato ao contribuinte, como veterinária, engenharia e medicina. “A função do governo é respeitar o dinheiro do contribuinte, ensinando para os jovens a leitura, escrita e a fazer conta e depois um ofício que gere renda para a pessoa e bem-estar para a família, que melhore a sociedade em sua volta”, apontou o presidente em um segundo tweet.
O Ministro da Educação @abrahamWeinT estuda descentralizar investimento em faculdades de filosofia e sociologia (humanas). Alunos já matriculados não serão afetados. O objetivo é focar em áreas que gerem retorno imediato ao contribuinte, como: veterinária, engenharia e medicina.
A função do governo é respeitar o dinheiro do contribuinte, ensinando para os jovens a leitura, escrita e a fazer conta e depois um ofício que gere renda para a pessoa e bem-estar para a família, que melhore a sociedade em sua volta.
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O coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, crava que o argumento utilizado pelo presidente é falso. “Não é o curso universitário que gera recurso econômico. O que gera retorno econômico, a partir da formação, é o crescimento econômico. Ou seja, não basta que a pessoa tenha um diploma universitário, é necessário que o mercado de trabalho tenha uma vaga para contratar essa pessoa”, analisa.
Esta semana, dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) da Secretaria de Trabalho do Ministério da Economia, mostraram que o País teve o pior mês de março desde 2017, em relação a empregos com carteira assinada. O saldo negativo foi de 43.196 empregos a menos.

Segundo Cara, a questão central é que o Brasil volte a crescer, o que, em sua análise, não deve ocorrer com as diretrizes do atual governo. “As políticas de austeridade econômica empreendidas desde o governo de Michel Temer e em curso no governo Bolsonaro não vão nos tirar desse cenário”, atesta, afirmando que o País continua em um quadro de depressão econômica. “Bolsonaro quer responsabilizar a educação pela incompetência econômica de seu governo”, critica.
Ainda assim, o especialista reforça que não é momento para pânico, sobretudo acerca da ideia do fim dos cursos de Filosofia e Sociologia vigentes nas universidades públicas e privadas. “As universidades, especialmente as públicas, são administradas a partir do princípio constitucional da autonomia universitária, ou seja, quem decide o que vai ser lecionado são as próprias universidades. O ministro Weintraub está querendo aparecer, não tem nenhuma consistência no que foi afirmado”, contesta.

Outra questão que o especialista explica é que, para existir, as universidades obrigatoriamente precisam ter o conjunto das áreas do conhecimento. Isso se aplica também às universidades privadas que recebem apoio do Fies ou Prouni. Em sua análise, os cursos não estão ameaçados de fechamento. “Pode até ser que o governo proíba o investimento, evitando os empréstimos do Fies ou negando a renúncia fiscal para esses cursos no caso do Prouni, mas é difícil que as universidades aceitem esse tipo de interferência”, atesta.
Bolsonaro não entende de Educação. Tampouco compreende a Economia.

Ele quer tirar recursos das Ciências Humanas para investir em cursos que "dão retorno econômico".

1) Ignora a Autonomia Universitária;
2) Desconhece que emprego é fruto de crescimento econômico, não de formação.
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Filosofia e Sociologia nas redes

A polêmica declaração do presidente fez com que o tema Filosofia e Sociologia virasse um dos assuntos mais comentados do Twitter nesta sexta-feira.
O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB) reagiu à declaração e disse que “vai manter o respeito aos cursos de Filosofia e Sociologia”.
No âmbito estadual, sempre manterei o respeito aos cursos de filosofia e sociologia. Sem ideias e pensamento crítico nenhuma sociedade se desenvolve de verdade. E não haverá o bem viver que tanto buscamos como direito de todos
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O ataque aos cursos de Filosofia e Sociologia é a cruzada de um presidente fanático contra o pensamento. É um projeto de mediocridade para o país.
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Tirar recursos de faculdades de filosofia e sociologia mostra o real projeto deste governo: de emburrecimento do país. Os cursos de humanas são fundamentais para a construção de ideias e pensamento críticos em qualquer sociedade. Um povo que não pensa não luta por seus direitos.
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Bolsonaro retira recursos das faculdades de Filosofia e Sociologia.

"Seria uma atitude ingênua esperar que as classes dominantes desenvolvessem uma forma de educação que proporcionasse às classes dominadas perceber as injustiças sociais de maneira crítica."

- Paulo Freire

fonte:Carta Capitalonline 27/04/19 - 08:49min.