• Praça do Feijão, Irecê - BA

sábado, 27 de fevereiro de 2021

Covid-19: Brasil bate novo recorde de morte e presidente e filhos voltam a criticar medidas de isolamento

[Em meio ao avanço da pandemia, Bolsonaro e filhos voltam a criticar medidas de isolamento ]

Bolsonaro no Ceará  - Foto : Clauber Cleber Caetano/PR

A família Bolsonaro voltou a criticar as medidas de isolamento social para enfrentamento da covid-19, em meio ao pior momento da pandemia no País e ao endurecimento de restrições por parte da maioria dos Estados para frear o contágio da doença. "O isolamento não adianta de nada e já sabemos o resultado!", escreveu o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), na sua conta oficial do Facebook.

Todas as autoridades sanitárias do mundo recomendam medidas de distanciamento para reduzir o contágio pelo coronavírus. Os protocolos rigorosos de isolamento, como o lockdown adotado por diversos países europeus, levaram à redução de casos da doença em vários países, a exemplo do Reino Unido.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) afirmou, no entanto, que "lockdown só é eficaz para aglomerar". "Ainda não aprenderam com a redução de horário do comércio", escreveu no Twitter.

Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), vereador pelo Rio, também criticou o isolamento social. "Qualquer um que saia de casa, aglomere e não use máscara, sendo do lado de lá, está permitido, inclusive o discurso de acusar o outro daquele que faz com a maior cara lavada do mundo! A diferença é que as aglomerações são prudentes e sofisticadas e não para ouvir o povo!", afirmou no Twitter.

Mais cedo, o presidente Jair Bolsonaro republicou em rede social um trecho de vídeo de sua visita ao Ceará ontem. Nas imagens, há uma aglomeração de pessoas sem máscara em torno do presidente. "Os que me criticam, façam como eu: venham para o meio do povo. O que mais ouvi no meio deles foi: "EU QUERO TRABALHAR!", escreveu.


fonte: O metro - 27/02/2021 -23h:08min

Covid-19: Quatro ex-ministros da Saúde recomendam lockdown para evitar colapso do país diante da nova escalada

                         foto:reprodução

José Serra (1998-2002), José Gomes Temporão (2007-2011), Alexandre Padilha (2011-2014) e Luiz Henrique Mandetta (2019-2020) comandaram o Ministério da Saúde e, à frente do cargo, conheceram os principais desafios do SUS e os esforços para criar campanhas de alcance nacional, como a vacinação. Agora, porém, veem o país caminhar a passos largos para um colapso diante da disseminação do coronavírus, que já provocou mais de 250 mil mortes desde sua chegada ao Brasil, em março do ano passado.

Serra, Temporão, Padilha e Mandetta, ministros de quatro governos distintos, defendem medidas em comum, como a necessidade de divulgar medidas de distanciamento social e fechar estabelecimentos comerciais, ao menos nas próximas semanas, para evitar um aumento descontrolado no número de internações e óbitos. Da mesma forma, condenam o presidente Jair Bolsonaro, que ainda menospreza os efeitos da pandemia e parece mais preocupado em alardear factoides, e o atual ocupante do ministério, Eduardo Pazuello, por não contestar os desmandos do Palácio do Planalto e falhar na logística da campanha da vacinação.

O agravamento da pandemia está levando os sistemas hospitalares de diversos estados ao colapso, assim como o SUS. O que é preciso fazer para evitar a paralisação da saúde no país?

José Serra: O Ministério da Saúde deveria estar muito mais ativo, com campanhas de conscientização, alertando a população 24 horas por dia a respeito do momento crítico e de altíssimo risco para todos. Os brasileiros sempre responderam ao chamado do Estado com responsabilidade, como na época do apagão ou da crise hídrica. Mas o Ministério parece distante e perdido. Por isso mesmo não vejo outro caminho diferente de um lockdown total de 14 dias, ao menos, para que se avalie, a partir daí, os resultados.

José Gomes Temporão: As pessoas não estão se protegendo, o distanciamento caiu drasticamente, novas cepas surgiram, as pessoas não usam máscara e se aglomeram, autoridades se omitem. A capacidade de atendimento é limitada, e se o profissional não é experiente a taxa de letalidade aumenta. Então tem que ir na raiz do problema, a circulação do vírus. Como resolve? Fechando tudo, por três semanas. Restringir horários não adianta. Todas as medidas têm que ser cumpridas: lockdown, máscara, higiene das mãos e vacinação, ampliar drasticamente o ritmo.

Alexandre Padilha: O mais importante é acelerar a vacinação, não faz sentido o Brasil estar com esse número de mortes e o sistema de saúde privado e público colapsado e o governo federal não estar acelerando as vacinas. Em segundo lugar, o ministério precisa coordenar as restrições, adaptando às realidades regionais. Não dá para adotar uma decisão única de fechamento num país heterogêneo assim. Mas, em algumas regiões, ou se faz lockdown ou será insustentável o colapso do sistema de saúde em duas semanas. E as decisões têm que ser regionais.

Luiz Henrique Mandetta: Primeiro é preciso colocar o SUS no centro da solução, ter liderança em saúde, senão vai continuar essa terra de ninguém. O segundo passo é estabelecer a velocidade de contaminação da nova cepa e simular para ver se as capitais aguentam. Se não aguentar, tem que criar mais leito, mais equipe, mais oxigênio. E vai ter que ter mais afastamento. Em alguns lugares vai ter que botar lockdown absoluto mesmo.

O ministro Pazuello (Saúde) reconheceu a piora da situação. Não caberia ao ministério organizar uma campanha nacional de conscientização, para que os cidadãos evitem circular e, com isso, reduzir as chances de contraírem a Covid?

Serra: Se ele fosse um ministro com autonomia e tivesse liberdade para tomar as decisões necessárias e urgentes, sim. Até o momento, infelizmente, ele tem seguido o roteiro do presidente, que, já sabemos, não é o aceitável para o combate à pandemia.

Temporão: Tudo teria que vir acompanhado de uma campanha de comunicação, porque as pessoas estão perdidas. A conduta do presidente é permanente, ele tem um projeto, não se trata de omissão, ele está executando um enfrentamento da doença que levou a 250 mil mortes, e o ministro participa por omissão. As próximas semanas serão terríveis. Vai ter que vacinar todo mundo, chegar a 80% da população brasileira. São necessárias 352 milhões de doses de vacina. O cenário é o pior possível, não vamos dispor disso em prazo curto.

Padilha: Tem que constituir um gabinete de crise com técnicos para estabelecer um conjunto de ações, como destravar o problema da testagem e fazer uma campanha de comunicação. É preciso envolver as equipes de saúde da família, que têm sido desprezadas pelo governo.

Mandetta: Tinha que fazer uma campanha transparente: temos uma ameaça nova, não aglomere, use máscara, o sistema de saúde não aguenta. Tinha que ter uma fala do presidente, do ministro. Propaganda nacional, com mea culpa.

Especialistas defendem que os governos estaduais criem uma comissão para encontrar soluções para o problema. É um caminho viável?

Serra: É viável e ajudaria. Mas de nada adiantará se continuarmos tentando equilibrar saúde e economia. É prioridade absoluta para a saúde.

Padilha: Defendo um comitê nacional de crise, que pode ser convocado pelo Congresso, com secretarias municipais, estaduais, o governo federal. É preciso ter uniformidade nas decisões, mas reconhecidas as diferenças regionais. É necessária participação do Judiciário, porque vão chegar ações contra o lockdown. Tem que haver mobilização nacional pela vida.

Temporão: Politicamente é pouco provável que a ideia prospere. O que realmente funcionaria seria o afastamento do presidente e a instituição de um governo de salvação nacional.

Mandetta: Para se defender da morte pode surgir um comando informal paralelo, mas que não vai ter os instrumentos que o governo legítimo tem. É perigoso ter um duplo comando nacional, e seria extremamente complexo. No final de tudo isso tem o povo, que se pergunta: escuto quem? Teremos 60, 90 dias extremamente duros, uma megaepidemia de Norte a Sul.

Existe alternativa de curto prazo para acelerar a vacinação?

Serra: Sim. Precisaríamos de mudança radical na posição do governo federal, que deve buscar comprar vacinas sem criar entraves burocráticos! Só a vacina nos tirará desse caos. Já são mais de 250 mil brasileiros mortos. O governo não pode continuar indiferente.

Padilha: Há três alternativas: aquisição imediata de vacinas da Pfizer e Janssen; autorização emergencial para incorporação da Sputnik 5; e fazer uma solicitação emergencial para ampliar sua cota de vacinas da Covax junto à OMS, passando de 10% a 30% da população.

Temporão: A Anvisa tem que ser respeitada, mas a decisão do Supremo de que governos e municípios possam adquirir vacinas, se for feita de forma articulada, poderia funcionar.

Mandetta: Estamos vacinando aos soluços porque a estratégia foi errada. Só em agosto vamos ter boa quantidade de vacina. Até lá, é liderar, explicar, dar segurança. Temos 340 mil agentes de saúde, tem que trazer esse povo pro seu lado. Tem que verificar geladeira, capacitar pessoal, trazer quem tem visibilidade nacional, abrir igrejas para vacinar, todo mundo tem que participar. O vírus está de Ferrari, e nós de carroça. Em junho teremos um Fusca.

fonte:THN1 - 27/02/2021 - 22h.49min.

Advogados de direita convocam dedos-duros para fazer a defesa de Bolsonaro

Em defesa de Bolsonaro, advogados criam "disque-denúncia" para processar quem critica o presidente -                                 MARCOS CORREA/PR
Em defesa de Bolsonaro, advogados criam 'disque-denúncia' para processar quem critica o presidenteImagem: MARCOS CORREA/PR


Confira a opinião da coluna de Ricardo Kotscho do site UOL  de hoje(27) no link abaixo:


 https://noticias.uol.com.br/colunas/balaio-do-kotscho/2021/02/27/advogados-de-direita-convocam-dedos-duros-para-fazer-a-defesa-de-bolsonaro.htm

Bahia registra 6.520 novos casos de Covid-19 nas últimas 24 horas

                                  Pelourinho- Centro Histórico de Salvador - foto:Michele Rocha

Na Bahia, nas últimas 24 horas, foram registrados 6.520 casos de Covid-19 (taxa de crescimento de +1,0%) e 5.672 recuperados (+0,9%). Este foi o maior incremento de novos casos em 2021 e segundo maior da pandemia. Dos 680.904 casos confirmados desde o início da pandemia, 648.593 já são considerados recuperados e 20.582 encontram-se ativos.

O boletim epidemiológico contabiliza ainda 1.033.493 casos descartados e 159.580 em investigação. Estes dados representam notificações oficiais compiladas pelo Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde da Bahia (Cievs-BA), em conjunto com as vigilâncias municipais e as bases de dados do Ministério da Saúde até as 17 horas deste sábado (27). 

Na Bahia, 42.876 profissionais da saúde foram confirmados para Covid-19. Para acessar o boletim completo, clique aqui ou acesse o Business Intelligence. Informações da Sesab c/adaptações.

‘Manter presidente é condenar o povo à morte’, diz Ciro Gomes

Crédito: Reprodução/ TV Cultura

Ciro Gomes (Crédito: Reprodução/ TV Cultura)

O ex-governador Ciro Gomes (PDT) criticou a condução do governo federal na pandemia da Covid-19 e pediu o impeachment do presidente Jair Bolsonaro.

“Mais uma vez me dirijo ao que resta de decência do Congresso Nacional: manter Bolsonaro como presidente é manter nosso povo acuado, sem emprego, sem renda, sem comida e condenado à morte!”, disse Ciro.

O ex-candidato à presidência da República chamou de “criminosas” as aglomerações provocadas por Bolsonaro e elogiou as medidas tomadas por governadores e prefeitos para controlar a transmissão do novo coronavírus e disse que eles “estão tentando proteger a população com medidas restritivas, como toque de recolher e lockdown”. Informações da Istoé em 27/02/2021

Brasil: “você está preparado para ver caminhões transportando corpos?” Bolsonaro: “Sim”, revela ex- ministro Mandetta em livro


Ex- ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta e Jair Bolsonaro (Foto: Erasmo Salomão/MS)


O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, revela em seu livro “Um paciente chamado Brasil” que o presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido) teria dito a ele que aguentaria sim ver caminhão do exército todo dia passando na tevê transportando cadáveres de vítimas do coronavírus.

Mandetta tentou, na época, convencer Bolsonaro a dar autoridade aos governadores e prefeitos para lidar com a pandemia localmente, incluindo João Doria (SP).

O presidente respondeu: “Aí não, pô, aquele Doria quer me foder, aquilo é um filho da puta”.

Mandeta diz que Bolsonaro teve um surto, saiu da sala e cerca de 10 minutos depois voltou.

O ex-ministro então perguntou se ele aguentava todo dia passando na tevê caminhão do Exército transportando cadáver de corona, como tava lá na Itália. Ele respondeu que aguentava, sim”, escreveu.

A pergunta já era conhecida de todos desde março do ano passado. A jornalista Eliane Cantanhêde a publicou em um texto seu, ainda no início da pandemia:

“Estamos preparados para o pior cenário, com caminhões do Exército transportando corpos pelas ruas? Com transmissão ao vivo pela internet?”

Já resposta de Bolsonaro, apenas Mandetta conhecia e resolveu revelar só agora.

fonte: Revista Fórum -27/02/2021

Defensoria da Bahia presta orientação jurídica à família do cantor Menor Nico

Defensoria presta orientação jurídica à família do cantor Menor Nico

Foto: Reprodução/Instagram

A unidade da Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA em Santo Estevão, foi procurada para dar orientação jurídica aos familiares de VSP, conhecido nas redes sociais como Menor Nico. Trata-se de adolescente, portanto hipossuficiênte, vive em um povoado rural no município Antônio Cardoso com familiares em situação de vulnerabilidade. Seus genitores são analfabetos, cabendo a atuação da Defensoria Pública, especificamente a especializada da infância.

Cabe destacar que o adolescente ganhou projeção nacional com a música “Amor ou o Litrão, sucesso de música e dos mais de 4,3 milhões de seguidores em sua conta oficial do Instagram. Possuindo outras músicas lançadas, acordos com artistas conhecidos e ainda canal no YouTube, direitos autorais e digitais a serem resguardados.

A assessoria do jovem informa que quando da assinatura dos contratos o cantor e genitores são acompanhados pelo seu irmão mais velho, maior de idade, o qual lê os referidos documentos. Ademais, com os valores até então recebidos, estão sendo usado na construção de uma nova casa.

Chegada por meio do Conselho Tutelar e da Procuradoria do município de Antônio Cardoso, a demanda foi atendida com orientação a família do cantor quanto ao Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, aos contratos firmados junto ao empresário, as autorizações de uso de imagem e outros pontos, a fim de resguardar os direitos do Menor Nico. A defensora pública Ana Jamille Costa Nascimento teve reunião com o Conselho e com a assessoria, empresário e representantes do adolescente na sede da DPE de Santo Estevão, o que foi prontamente atendida.

“Tratou-se de um atendimento de cunho protetivo, a fim de que fossem observadas as questões de dignidade, saúde, educação e também orientações a serem seguidas nas redes sociais, assegurando e orientando ainda a importância dos direitos financeiros a serem preservados em favor do adolescente. Foi fundamental informá-los sobre a importância de respeitar e saber sobre tais direitos e também deveres, tanto dos responsáveis legais quanto da assessoria e do empresário do adolescente”, explicou a defensora pública Ana Jamille, que atua na unidade da DPE/BA em Santo Estevão, comarca que tem como subdistrito Antônio Cardoso e Ipecaetá

Coordenadora da Especializada dos Direitos da Criança e do Adolescente da DPE/BA, a defensora pública Gisele Aguiar destacou a importância da atuação da Defensoria junto à rede de proteção para resguardar esse segmento da população e, especificamente neste caso, para garantir o retorno financeiro ao pequeno artista.

“A Defensoria foi demandada em razão de uma suposta vulnerabilidade e deficiência do menor e tem que se manter atenta, não apenas à defesa dos direitos da criança e do adolescente nas suas comunidades, mas a toda a rede de proteção, ao Conselho Tutelar, que foi quem buscou a nossa atuação”, explicou.

Família acolhedora

A presença da Instituição em Antônio Cardoso incluiu ainda uma reunião com o Conselho Tutelar para tratar da lei municipal de implementação do serviço de família acolhedora. Foram recebidas dúvidas, houve diálogos sobre dificuldades e ações que podem ser tomadas para ajudar as crianças e adolescentes daquela cidade. O Estatuto da Criança e do Adolescente também foi pauta do encontro.

“Conversamos sobre as situações em que a Defensoria poderia auxiliar o Conselho Tutelar e destacamos a atuação da Instituição na área de infância e juventude. Sobre os desafios existentes no município há a necessidade de criação do serviço de família acolhedora ou de casa de acolhimento. Também questionaram se a Defensoria poderia realizar o exame de DNA em casos necessários, e dentro dos requisitos, ação de alimentos, além de outros tipos de questões que, muitas vezes, chegam ao Conselho Tutelar, mas demandam uma resposta ou uma ação mais específica”, explicou a defensora Ana Jamille.

Fonte: Defensoria Pública - 27/02/2021

Saída honrosa proposta para Pazuello opõe Bolsonaro ao Exército

 

Saída honrosa proposta para Pazuello opõe Bolsonaro ao Exército
Foto: Tony Winston/MS

O presidente Jair Bolsonaro estuda o que considera uma saída honrosa para tirar o ministro Eduardo Pazuello da Saúde: promovê-lo a um grau hierárquico hoje inexistente no Exército.

Só que a mera ideia, que circulou no começo do mês e voltou a ganhar força, gerou grande contrariedade no Alto-Comando do Exército, que discutiu o tema durante uma reunião regular nesta semana.

Há forte resistência ao arranjo proposto, que parece de execução quase impossível. Se Bolsonaro insistir, terá uma crise contratada.

A proposta surgiu após o aumento da pressão do centrão para retomar a pasta, que comandou no governo Michel Temer (MDB), e pelo fracasso gerencial de Pazuello evidenciado pelo agravamento da pandemia de Covid-19 no país.

O centrão quer a volta do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), para o cargo que já ocupou.

Pazuello é general-de-divisão da ativa. Só que ele é um intendente, ou seja, militar que cuida de logística, para quem as três estrelas sobre o ombro são o topo da carreira.

Na ideia formulada na Casa Civil a pedido de Bolsonaro, o decreto 3.998/2001, que regula a lei 5.8121/1972, seria alterado para permitir que um intendente vire general-de-exército, quatro estrelas e cume hierárquico na Força.

Há um consenso relativo no Planalto de que a manobra é exequível legalmente, mas ela esbarra num detalhe: o regramento interno do Exército e o princípio de hierarquia.

Só podem ser promovidos a oficiais-generais nomes indicados pelo Alto-Comando, um colegiado que reúne o comandante da Força e 15 chefes militares.

Há uma série de condições para isso, a começar pela antiguidade. Um militar só pode ficar no generalato no máximo por 12 anos, divididos de forma mais ou menos equânime entre os três graus hierárquicos.

Isso considerando alguém promovido sempre, o que ao fim só acontece com quatro integrantes de cada turma com mais de 400 alunos formados anualmente pela Academia das Agulhas Negras.

Pazuello foi promovido a general-de-brigada, o primeiro posto do generalato, com duas estrelas, em 2014. Ganhou a terceira estrela quatro anos depois.

Neste ano, estão disputando vagas para virar quatro estrelas ao menos nove integrantes da turma de 1983.

Se fosse elegível a mais uma promoção, Pazuello, que é da turma de 1984, disputaria naturalmente uma das três vagas que serão abertas no Alto-Comando no ano que vem.

Ou seja, se ele for promovido agora, irá deixar para trás toda uma geração de generais de três estrelas mais antigos na Força que ele, o que é considerado inadmissível no meio militar.

O Alto-Comando tem três vagas para decidir neste ano: duas agora e outra em agosto.

Para um dos postos foi indicado o general Guido Amin Naves, que chefiou a divisão de segurança cibernética do Exército. O candidato mais forte para a segunda vaga é André Luís Novaes Miranda, subcomandante de Operações Terrestres.

Os nomes precisam ser referendados pelo presidente, o que é usualmente uma formalidade.

A confusão proposta por Bolsonaro azeda ainda mais as relações entre o Planalto e o serviço ativo, que busca uma forma de se desvincular do governo após ter apoiado e aderido a ele, com a presença maciça de oficiais na Esplanada.

O fato de Pazuello não ter deixado a ativa, estando emprestado ao governo, incomoda de sobremaneira a cúpula militar.

A fama de bom organizador que ele auferiu trabalhando como refugiados venezuelanos esvaiu-se com a tragédia em curso na condução da crise sanitária, com mais de 250 mil mortos e uma política de vacinação errática, para dizer o mínimo.

A turbulência na relação remonta ao começo do governo, quando diversos oficiais da reserva e da ativa foram para o ministério do capitão reformado Bolsonaro, que deixou o Exército em 1988 sob graves acusações de indisciplina.

Após um primeiro ano de disputa por espaços, a ala militar consolidou sua força com o enfraquecimento político de Bolsonaro em 2020, que descambou para um ensaio de crise institucional promovido pelo presidente.

Os militares do governo se viram envolvidos na confusão, com crescentes boatos de que poderiam apoiar o golpe contra Supremo Tribunal Federal e Congresso que manifestantes pediam na presença de Bolsonaro.

O mal-estar cresceu no serviço ativo, culminando na fala do comandante do Exército, Edson Leal Pujol, afirmando que militar não deveria ter lugar na política.

A linha foi riscada, apesar de a associação com o governo ser considerada inevitável mesmo pelos generais.

Não ajuda o fato de que Pazuello não foi à reserva, como queriam seus superiores. A sugestão do Planalto adicionou insulto à injúria, nas palavras de um oficial-general.


fonte:Informações da Folhapress - 27/02/2021

Covid-19: Drauzio Varella diz que “Não é mau comportamento. É crime”, o que Bolsonaro cometeu no Ceará



Em entrevista à GloboNews na noite desta sexta-feira (26), o médico Drauzio Varella não poupou críticas ao presidente Jair Bolsonaro, que mais cedo visitou o Ceará e, mais uma vez, promoveu aglomerações, não usou máscara e desrespeitou protocolos contra o contágio da Covid-19.

A fala incisiva de Drauzio contra o presidente, cujo o negacionismo não é novidade, se deu principalmente pelo fato da nova atitude irresponsável do titular do Planalto ter se dado justamente um dia após o Brasil bater recorde de mortes em um só dia em decorrência da doença do coronavírus. Além disso, o estado do Ceará, assim como a maior parte das regiões brasileiras, está com superlotação nos hospitais, o que obrigou o governador a endurecer as medidas de restrição.

“Morrem 1.500 pessoas ontem, hoje o presidente da República sai sem máscara e provoca aglomeração”, declarou.

“Como a gente classifica um comportamento desse? Você vai dizer: ‘é um mau comportamento’. Não, mau comportamento é outra coisa, todos nós temos maus comportamentos às vezes. Isso é um crime, eu não consigo encontrar outra palavra para definir esse tipo de atitude”, disparou ainda o médico.

Leia também: Diretor da OMS diz que Brasil vive “tragédia” e fala em “quarta onda”

Segundo Drauzio, Bolsonaro é o “grande responsável” pela situação crítica em que o Brasil se encontra e classificou as atitudes do presidente como “demagogas”.

“Qual o interesse desses demagogos todos? Eles pensam assim: está todo mundo cansado de ficar em casa, eu vou dizer que pode sair, que para com essa besteira de epidemia, não é assim também, não pega assim desse jeito, o vírus não é uma doença grave, se você pegar e tomar cloroquina tudo bem, você vai ficar bem, não vai acontecer nada com você. Percebe? Estão enganando a população, são demagogos, eles fazem isso porque acham que vão colher dividendos políticos para eles”, pontuou.

Pior momento

Segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o Brasil vive o pior cenário já observado durante a pandemia. As taxas de ocupação de UTIs do sistema público estão acima de 80% em 17 capitais, mas muitas cidades já enfrentam 100% de ocupação dos leitos.  Na quinta-feira (25), o país bateu o recorde de mortes registradas em um único dia: 1.582.

O médico e pesquisador Miguel Nicolelis, coordenador do Comitê Científico do Consórcio Nordeste, disse em entrevista a O Globo nesta sexta que há a possibilidade de um colapso nacional e exigiu um lockdown em todo o território nacional.

fonte:Revista Fórum  27/02/2021 00h:23min.