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sábado, 7 de maio de 2022

Le Monde, Al Jazeera, El País, Ansa, The Guardian, imprensa mundial repercute lançamento da pré-candidatura da chapa Lula/Alckmin

                            foto:reprodução

                               
O lançamento oficial da chapa Lula/Alckmin, ocorrido em São Paulo neste sábado (7), repercutiu na imprensa mundial, que vê no ex-presidente de esquerda, respeitado e reconhecido em todo planeta por políticos dos mais diferentes matizes ideológicos, uma esperança para derrotar o extremista ultrarreacionário Jair Bolsonaro, que isolou o Brasil do resto da comunidade internacional e quer mais um mandato à frente do Palácio do Planalto.

Veja o que disseram os principais veículos de imprensa de vários países:

The Guardian

Um dos mais importantes diários do Reino Unido, a publicação britânica destacou a importância de Lula para o Brasil e para a América Latina.

“O ex-líder do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva deu o pontapé inicial no que ele espera que seja um final sensacional para uma das carreiras políticas mais extraordinárias da América Latina, declarando publicamente sua intenção de desafiar Jair Bolsonaro para a presidência, pedindo aos cidadãos para se unirem contra o populista incompetente e autoritário de extrema-direita.”

https://www.theguardian.com/world/2022/may/07/lula-launches-campaign-to-reclaim-brazilian-presidency-from-bolsanaro

El País

O maior jornal da Espanha também destacou a luta do ex-presidente, que desafia a idade nunca desiste, para acabar com o legado de destruição de Jair Bolsonaro

“A aposentadoria nunca passou pela cabeça de Luiz Inácio Lula da Silva. Nem a prisão, nem a idade, nem seu próximo casamento diminuíram sua paixão pela política. O trabalhador que fez história ao chegar à presidência do Brasil há duas décadas oficializou sua candidatura às eleições de outubro em São Paulo neste sábado, nas quais é o favorito para impedir a reeleição do ultradireitista Jair Bolsonaro.”

https://elpais.com/internacional/2022-05-07/lula-se-lanza-a-la-carrera-electoral-para-devolver-el-fascismo-a-la-alcantarilla.html

Le Monde

O principal jornal diário da França, o Le Monde, salientou a importância de Lula num futuro processo de reconstrução do Brasil e falou sobre seu papel central na esquerda do país.

“Ele pretende "voltar ao combate". O ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva anunciou no sábado, 7 de maio, que concorreria a um terceiro mandato nas eleições de outubro para "reconstruir" o país, após a "gestão irresponsável e criminosa de Jair Bolsonaro. Doze anos depois de deixar o poder com uma taxa de aprovação estratosférica (87%), o ex-sindicalista, que ainda não tem sucessor na esquerda, concorrerá a um terceiro mandato.”

https://www.lemonde.fr/international/article/2022/05/07/lula-annonce-sa-candidature-a-l-election-presidentielle-pour-reconstruire-le-bresil_6125184_3210.html

Ansa

A mais importante agência de notícias da Itália tratou do lançamento da chapa e aproveitou para contextualizar a confusão promovida por Bolsonaro para tirar a credibilidade do processo eleitoral brasileiro, colocando os militares no meio de um assunto sobre o qual não têm qualquer atribuição.

“O fundador do PT é o líder nas pesquisas com entre 41 e 45% dos votos e supera Bolsonaro entre 8 e 15 pontos, que por sua vez levantou dúvidas sobre transparência eleitoral e está usando as Forças Armadas como uma espécie de "fiador" do Tribunal Superior Eleitoral, que já acusou de tentar prejudicá-lo.”

https://ansabrasil.com.br/americalatina/noticia/brasil/2022/05/07/lula-lanza-su-candidatura_e2b91e63-50fb-467e-9da2-8499b6068ef6.html

Al Jazeera

O mais influente grupo de comunicação do mundo árabe, a Al Jazeera, com sede em Doha, no Catar, destacou a missão de Lula, que é derrotar o autoritarismo de Jair Bolsonaro.

“O ex-presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva lançou oficialmente sua campanha para as eleições presidenciais, pedindo que as pessoas se unam atrás dele para derrotar a ameaça totalitária, sem mencionar o titular de extrema-direita Jair Bolsonaro.”

https://www.aljazeera.com/news/2022/5/7/lula-launches-official-campaign-for-brazil-presidency

Financial Times

Para o influente diário Financial Times, de circulação mundial e com sede no Reino Unido, voltado aos negócios e economia, o evento de lançamento aguçou a memória dos brasileiros de épocas melhores e foi um chamado à esperança.

“Luiz Inácio Lula da Silva lançou sua candidatura à presidência do Brasil neste sábado com um evento de campanha estridente que se concentrou na construção de uma grande coalizão para derrubar o líder Jair Bolsonaro. Subindo ao palco em São Paulo na frente de milhares de membros de seu Partido dos Trabalhadores, de esquerda, o ex-presidente mais conhecido como Lula foi recebido com aplausos estrondosos e jingles musicais anunciando o florescimento da esperança.”

https://www.ft.com/content/073d25fb-6a46-4f18-9b3f-02e87ddfefda

Fonte: Brasil - 07/05/2022 23h:20

Brasil vira terra livre para agrotóxicos proibidos na Europa e nos EUA


Atividade agrícola no Brasil (agronegócio)Rafaela Felicciano/Metrópoles
foto: Rafaella Felliciano/reprodução


Muitos agrotóxicos proibidos em países da União Europeia (UE)nos Estados Unidos (EUA), e no Reino Unido são liberados no Brasil. Somente no último dia 26, ato do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) autorizou o registro de 26 novas marcas dos químicos. Um deles, inclusive, passa por reavaliação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que pode proibir seu uso. O fungicida se chama carbendazim e é suspeito de provocar malformações em fetos e está associado ao desenvolvimento de câncer.

Além do carbendazim, muito usado em plantações como as de soja, feijão e arroz, os agroquímicos imidacloprido e tiametoxam estão liberados no Brasil. Os três são proibidos na UE. O imidacloprido é vedado nos EUA desde 2010. O governo ainda concedeu registro a marcas de agrotóxicos à base de acetamiprido, banido na França, e de epoxiconazol, vetado na França e no Reino Unido.

Desses princípios ativos, o imidacloprido, o tiametoxam e o acetamiprido foram banidos por esses países por prejudicarem a atividade de insetos polinizadores, como as abelhas. Os dois primeiros foram proibidos na UE, em 27 de abril de 2018, e o último, na França, em 1º de setembro de 2018. Já o fungicida epoxiconazol está relacionado com problemas hormonais nos humanos e foi vetado na França, em 28 de maio de 2019.



A agrônoma Marina Lacôrte enxerga um lobby “pesadíssimo” dos ruralistas. Ela afirma que a Anvisa tem liberado números exorbitantes de agroquímicos desde a nomeação da ministra Tereza Cristina (PP-MS) para o Mapa, em 2019. Naquele ano, 474 novos pesticidas foram registrados, número recorde até aquele momento. Esse total, porém, foi superado nos dois anos seguintes: 493 (2020) e 562 (2021).

Um relatório da ONU critica a indústria e aponta “táticas agressivas e antiéticas” das grandes empresas químicas que produzem e vendem as substâncias tóxicas. Segundo publicado em revista da Unesp, a comercialização de defensivos agrícolas movimenta cerca de US$ 10 bilhões por ano no Brasil, algo em torno de 20% do mercado global.

O Ministério da Agricultura afirma que “as decisões em relação aos registros de agrotóxicos estão em concordância com a Lei 7.802/89 e não seguem necessariamente as mesmas decisões tomadas por países terceiros”. Pontua ainda que “todos os produtos citados foram avaliados e aprovados pelos três órgãos competentes ao tema (Mapa, Anvisa e Ibama), de forma que são considerados seguros”.

A pasta salienta que recebe as aprovações referentes à saúde, da Anvisa, e ao meio ambiente, do Ibama, e frisa que “não pode indeferir o registro de um produto que foi avaliado como seguro pelos órgãos participantes do processo de registro”, como no caso do carbendazim.

Agrotóxicos são produtos de ação física, química ou biológica que servem para alterar a composição química da flora e da fauna, a fim de preservar a cultura implantada na área cultivada, além de atuarem no armazenamento do que foi colhido.

Engenheira agrônoma e professora da Universidade Católica de Brasília, Fabiana Fonseca explica que a natureza do plantio em larga escala brasileiro, principalmente em monocultura (uma única espécie implantada na área por vez), facilita o surgimento de pragas. Daí, faz-se necessária a adoção de métodos para combate. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), cerca de 40% da produção de alimentos é perdida, anualmente, por causa de pragas.

Apesar de os agroquímicos terem o objetivo de melhorar o aproveitamento da produção, eles deixam resíduos que podem ser tóxicos, em maior ou menor grau, nos alimentos. Os efeitos podem ser agudos e crônicos.

O primeiro tipo aparece mais rapidamente, e costuma causar sintomas como irritação na pele, ardência no nariz e boca, tosses, dor no peito, dificuldade para respirar, até mesmo náuseas, vômitos e diarreia.

Os efeitos crônicos envolvem desde dificuldades para dormir e esquecimento até anormalidades em órgãos, sistema reprodutor e hormonal (caso do epoxiconazol), malformação em fetos (como no caso do carbendazim) e problemas de desenvolvimento físico e intelectual em crianças.

No ponto ambiental, a agrônoma e porta-voz da Campanha de Agricultura e Alimentação do Greenpeace, Marina Lacôrte, explica que o uso de defensivos agrícolas causa contaminação da água, do solo e do ar, o que degrada o solo e acaba matando, além das pragas, outros animais do ecossistema. Muitas vezes, predadores naturais de outras espécies, o que gera desequilíbrio e pode causar mais problemas com pragas novas.

Outro exemplo em que o uso de agrotóxicos é um “tiro no pé” do setor produtivo do agro, segundo a agrônoma, é a morte de abelhas. Inseticidas aplicados para combate a outros insetos matam abelhas, animais primordiais para a polinização da própria plantação, motivo de banimento do imidacloprido, tiametoxam e acetamiprido da UE.

Omissão do governo

Marina aponta que os governos brasileiros sempre foram omissos e coniventes com o agronegócio – e aqui ela enfatiza que não se deve confundir a agricultura familiar, a agroecológica e a de pequenos produtores com a monocultura de latifúndios, que concentra a maior parte do capital e da produção das commodities.

A profissional avalia, porém, que desde 2019, primeiro ano do governo Bolsonaro, houve desmonte no Ministério do Meio Ambiente muito mais acentuado, bem como emparelhamento dos ministérios da Agricultura, do Meio Ambiente e da Saúde com os interesses do agronegócio.

Outra agricultura

A agrônoma do Greenpeace Marina Lacôrte avalia que o modelo atual de agricultura, de grandes propriedades, concentração de terras e uso intensivo defensivos, foi intencionalmente definido. “O Brasil escolheu ser o celeiro do mundo. Não para alimentar o mundo, mas para dar lucro.” Com isso, o governo dá alguns fomentos, como crédito, incentivos fiscais e subsídios.

Ela explica que há modelos alternativos interessantes, como os adotados em pequena escala pela agricultura familiar e pela agroecologia. Nesses casos, o manejo evita os insumos industrializados e prioriza os naturais.

Marina defende que uma reforma agrária é pauta interessante para o capitalismo, pois ela garante a segurança alimentar da população. Isso porque a maior parte dos alimentos que são servidos à mesa das pessoas advém de pequenos produtores rurais. Parcela significativa das grandes lavouras brasileiras cultiva a rotação das monoculturas de soja e milho, que são exportados em grãos ou têm destino na alimentação animal.

A professora Fabiana Fonseca aponta que métodos alternativos de cultivo mais sustentável são pouco adotados por terem custo maior, exigirem mais tempo e produzirem menor volume, como é o exemplo dos produtos orgânicos, bem comuns nos cultivos de hortaliças.

A agrônoma do Greenpeace reconhece, apesar de tudo, que uma mudança para um modo de cultivo econômico, ambiental e socialmente sustentável deve ser gradual, com transição que, aos poucos, vai deixando de adotar agroquímicos.

A reportagem solicitou posicionamento do Ministério do Meio Ambiente sobre o assunto, mas, até o momento, não obteve resposta. O espaço segue aberto.

Fonte: Artur Lesnau/Metropoles/reprodução- 07/05/2022

Ensino Superior: Cotista tem nota de corte maior que não cotista em 25% dos cursos do Sisu

 

Cotista tem nota de corte maior que não cotista em 25% dos cursos do Sisu
Foto: Elza Fiuza/Agência Brasil

Criado para garantir o acesso de grupos historicamente sub-representados nas universidades, o sistema de cotas, da forma como é implementado, pode dificultar o ingresso de alunos que têm direito a elas em 1.551 graduações do país.

 

A Folha chegou ao número após uma análise das notas de corte de 6.146 cursos presentes no Sisu (Sistema de Seleção Unificada), do Ministério da Educação, do primeiro semestre de 2022. Eles são ofertados por universidades públicas e institutos federais de todo o país.
 

Neles, a nota mínima no Enem necessária para a aprovação é mais alta para cotistas de determinados grupos do que para candidatos inscritos no sistema de ampla concorrência, como estudantes de escola particular.
 

A situação ocorre em 25,3% do total de graduações do Sisu, em uma ou mais "subcotas". No total, o número de vagas afetadas é de 6.014, o que corresponde a uma parcela minoritária (5,2%) das reservadas a ações afirmativas.
 

esde 2019, ano com dados mais antigos disponibilizados pelo MEC, 26.892 vagas de cotistas tiveram essa característica.
 

Para fazer a análise, a Folha considerou apenas casos em que houve um número de inscritos maior do que a quantidade de vagas. Além disso, foram descartadas as ocorrências em que não havia candidatos inscritos ou aprovados em ampla concorrência, pois nelas a nota de corte é zerada, impossibilitando a comparação.
 

Considerou-se uma mesma graduação (direito, por exemplo) em turnos diferentes (matutino e noturno, por exemplo) como dois cursos diferentes.
 

A ocorrência de notas de corte mais altas para cotistas vem sendo apontada por acadêmicos como uma distorção do princípio que norteou a criação das ações afirmativas nas universidades.
 

A situação decorre da forma como o Sisu operacionaliza a Lei de Cotas, que completa dez anos.
 

A norma reserva metade das vagas em instituições federais de ensino a alunos que cursaram o ensino médio exclusivamente em escolas públicas. E metade dessas, por sua vez, é destinada a estudantes com renda familiar per capita de até 1,5 salário mínimo.
 

A distribuição deve ainda respeitar a proporção de pretos, pardos, indígenas e pessoas com deficiência de cada estado.
 

Para contemplar todas as categorias, o Sisu oferece aos candidatos de instituições de ensino federais pelo menos oito tipos de cota, resultantes da combinação desses quatro recortes previstos na legislação: tipo de escola de ensino médio, renda, cor e existência ou não de deficiência.
 

Na inscrição, o candidato só pode escolher uma dessas modalidades de cota, ou "subcotas", mesmo que esteja habilitado para outras. Um aluno preto com deficiência, renda de até 1,5 salário e egresso de escola pública, por exemplo, está habilitado para as oito categorias, já que se enquadra em todos os critérios de ação afirmativa, mas só pode escolher uma.
 

Além disso, as universidades e institutos também têm autonomia para instituir outras modalidades próprias de ação afirmativa.
 

Como o sistema, ao longo do período de inscrição, atualiza as notas de corte dos candidatos, a opção por determinado curso ou modalidade de cota decorre de uma decisão estratégica: o estudante tende a escolher o curso em que considera ter mais chance de entrar.
 

Com uma nota de corte mais alta, e sem mobilidade entre categorias de concorrência, o sistema pode deixar de fora um candidato que se inscreveu como cotista e tirou nota maior do que um não cotista, aluno de escola particular.
 

A análise feita pela Folha mostra que o grupo mais prejudicado por essa distorção é justamente o de alunos de escola pública que não se enquadram em nenhum outro critério de ação afirmativa (cor, renda ou deficiência). É esse tipo de cota que com mais frequência tem nota de corte mais alta que a ampla concorrência.
 

Um exemplo é a UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), que tem 17 cursos com essa situação. No de engenharia florestal matutino, por exemplo, o cotista de escola pública tem nota de corte de 642,74, enquanto um aluno que estudou em escola particular precisa tirar 21 pontos a menos (621,66) para entrar.
 

Em nota, a universidade afirma que a situação já havia sido detectada em anos anteriores. Em muitos casos, diz, esses cotistas com altas notas eram egressos de escolas federais de ensino médio, que tradicionalmente têm alto desempenho.
 

"Ainda que não seja um percentual significativo [de vagas nessa situação], pode ser considerado um elemento para aprimorar o sistema de entrada por meio da reserva de cotas", diz a UFMG.
 

A universidade observa ainda que, no Brasil, 87,7% dos estudantes do ensino médio estão na rede pública de ensino e apenas 50% das vagas são reservadas a eles, o que pode impactar a relação de candidatos por vaga, tornando as cotas mais disputadas.
 

Mas a maior discrepância está na UFJ (Universidade Federal de Jataí), em Goiás. No bacharelado noturno de geografia, a pontuação para entrada pela cota de escola pública foi de 621,56, e a da ampla concorrência, de 424,22, uma diferença de quase 200 pontos.
 

A ocorrência de casos assim já havia sido detectada em estudo de 2014 feito por pesquisadores do Gemaa (Grupo de Estudos Multidisciplinares de Ação Afirmativa) da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro). Eles observaram que em 11% dos cursos parte dos candidatos de ações afirmativas ingressava com notas superiores às dos demais.
 

"Nesses casos, em vez de funcionar como um piso garantidor de uma presença mínima dos cotistas, o modelo das cotas atualmente empregado acaba por funcionar como um teto para essa presença, restringindo a possibilidade de mais estudantes provenientes dos grupos beneficiários de entrar no ensino superior", escreveram Luiz Augusto Campos, João Feres Júnior e Verônica Toste Daflon.
 

Para Campos, a persistência da situação revela uma distorção que já deveria ter sido corrigida pelo Ministério da Educação, oito anos depois do trabalho.
 

Em sua avaliação, para evitar que isso ocorra, o cotista com nota maior que o concorrente da ampla concorrência deveria entrar fora das cotas, permitindo que a vaga de ação afirmativa fosse destinada a outro estudante.
 

Esse desvio foi também observado em outro estudo, publicado no ano passado no periódico American Economic Journal: Microeconomics, de autoria dos economistas Inácio Bó, da Southwestern University of Finance and Economics, na China, e Orhan Aygun, da Universidade Bogazici, da Turquia.
 

Eles constataram a situação ao analisar dados da edição de 2013 do Sisu, um ano após a Lei de Cotas, e classificaram a situação como injusta. "Um estudante de baixa renda, pertencente a uma minoria e com uma nota alta no exame pode ser rejeitado, enquanto um estudante branco, de alta renda e com uma nota baixa é aceito", escreveram.
 

O que dizem o MEC e as universidades Procurado pela reportagem, o MEC afirmou apenas que o candidato que atenda aos critérios das cotas pode escolher se quer concorrer pela reserva de vagas e dispõe de informações para tomar a decisão.
 

"Um estudante que atenda aos critérios exigidos pela Lei de Cotas verá no sistema informações da nota de corte dos cursos, por modalidades de concorrência, durante todo o período de inscrição, podendo escolher se quer disputar uma vaga pela modalidade de ampla concorrência, lei de cotas ou ação afirmativa própria das instituições que ofertem essa última opção", diz a pasta em nota.
 

De forma geral, as universidades procuradas pela Folha afirmaram que pouco podem fazer, uma vez que o Sisu é operado pelo MEC.
 

É um fenômeno nacional, diz Kátia Cilene, pró-reitora de Graduação da Ufersa (federal do Semi-Árido). "A tendência é que haja uma migração da concorrência por cotas para a ampla concorrência, até que os pontos de corte voltem a ficar mais altos e aconteça uma nova migração inversa", avalia.
 

Algumas instituições, como a UFV (federal de Viçosa), a UFRN (federal do Rio Grande do Norte) e a UFPel (federal de Pelotas) afirmam que, na convocação dos candidatos da lista de espera, os cotistas são colocados para concorrer também fora das cotas, aumentando a chance de admissão nessa etapa subsequente.
 

Outras instituições disseram não ver problema no fato de cotistas terem uma nota de corte mais alta. "A cota é um direito, não uma obrigação, sendo livre o candidato que a ela tem direito poder se inscrever na ampla concorrência", disse a UFC (federal do Ceará).
 

A UFPE (federal de Pernambuco) afirma que a situação é resultado da "excelência da qualidade do ensino público".
 

Há ainda questões locais. A Unemat (estadual do Mato Grosso) diz que um dos fatores que influencia a nota de corte mais alta entre cotistas é a oferta de cursos de licenciatura no interior do estado, tradicionalmente mais procurados por alunos da rede pública. A instituição reserva 60% de suas vagas para ação afirmativa.


Fonte:Folhapress -07/05/2022

Operação Rochedo: Dois acusados investigados por fraudes em licitações em Ibititá se apresentam na sede da PF em Salvador

                                                      O ex- prefeito por duas gestões de Ibititá - Foto:reprodução

Foi apreendida uma aeronave registrada em nome de empresa do ex-prefeito de cidade de Ibititá. — Foto: Divulgação / PF

Foi apreendida uma aeronave registrada em nome de empresa do ex-prefeito de cidade de Ibititá. — Foto: Divulgação / PF

 Dois investigados da Operação Rochedo, que investiga fraudes em licitações nas áreas da educação e saúde, se apresentaram neste sábado (07) na sede da Polícia Federal, em Salvador. Ambos tiveram mandado de prisão

 temporária decretada pela 2ª Vara Federal da capital.

Os nomes dos acusados não foram revelados. Em nota, a PF informa que já são cinco presos até o momento

 em decorrência da Operação Rochedo. Na última quinta-feira (05), foram presos o ex-prefeito de cidade de

 Ibititá, na região da Chapada Diamantina, e outras duas pessoas. A PF também cumpriu 

31 mandados de busca e apreensão em Salvador e outras seis cidades do interior da Bahia, 

incluindo a própria Ibititá.

A PF informou que na tarde da sexta-feira (06), após audiência de custódia, 

as três primeiras prisões realizadas na última quinta-feira foram mantidas

 pela Justiça Federal, dentre as quais a do ex-gestor de Ibititá, Cafu Barreto.

 [Leia a nota de defesa do ex-prefeito]

Também foi divulgada apreensão de aeronave, registrada em nome de empresa do 

ex-gestor. 

Além de preso em flagrante por posse ilegal de arma de fogo, ele cumpre

 mandado de prisão temporária na sede da Polícia Federal, em Salvador.

Juntamente com os outros quatro presos, ele responde por fraude a licitações, 

superfaturamento de contratos, desvio de recursos, lavagem de dinheiro e

 organização criminosa.


Fraudes em licitações


De acordo com a PF, a Operação Rochedo investiga denúncias de licitação fraudulentas entre 

os anos de 2013 a 2020. Duas pessoas foram afastadas de cargos públicos, mas a Polícia

 Federal não detalhou quem são os servidores, nem a participação deles no crime.

As investigações apontam que houve um esquema de lavagem de dinheiro e desvio

 de recursos públicos federais repassados, em Ibititá. Além dos dois servidores

públicos, também estão envolvidos com o crime empresários, um advogado, contadores 

e “laranjas" – que são pessoas usadas nos esquemas para ocultar bens ilícitos.

Segundo a PF, a organização criminosa desviou mais de R$ 7 milhões de recursos

públicos do Governo Federal, por meio do Programa Nacional de Apoio ao Transporte

do Escolar (PNATE) e do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação 

Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).

Também foram desviadas verbas do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento 

do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef) e de recursos 

destinados ao combate da pandemia de Covid-19.

Além das licitações fraudulentas, a polícia também afirma que houve superfaturamento

 de contratos, com extensão para lavagem de dinheiro. Só no período de 2013 a 2016,

 uma única empresa de construção civil firmou 15 contratos superfaturados com

 a prefeitura de Ibititá, no valor de R$ 11 milhões.

Depois disso, essa empresa repassou parte significativa dos valores para empresas 

constituídas em nome de “laranjas” do ex-prefeito. Três empresas do mesmo grupo

 familiar dele também foram contratadas irregularmente.

O dinheiro era usado para injetar capital em empresas de fachada controladas pelo 

ex-prefeito, pagar as despesas pessoais dele e comprando veículos e imóveis para 

“laranjas” vinculados a ele. Em sua publicação na internet, Cafu Barreto não

 comentou as acusações da PF.


Fonte: G1/ Bahia - 07/05/2022