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sábado, 27 de maio de 2023

"Ideia de que Espanha não é racista é um velho mito franquista", diz antropólogo Fernando Rodrigues

                                             foto:Blog do Boitempo/reprodução

Um aluno negro do professor Fernando Barbosa Rodrigues no departamento de Antropologia Social, na Universidade Complutense, de Madri, lhe contou que foi obrigado a abandonar seu emprego como segurança em um shopping de luxo na capital espanhola porque foi orientado pelos patrões a redobrar a atenção com clientes de pele escura.

Afrodescendentes que querem alugar apartamento nas grandes cidades espanholas costumam ter muito mais dificuldade, o que motivou uma campanha do Ministério da Igualdade do país ("Não sou racista, maaaaaaas não alugas tua casa a uma pessoa negra", diz o slogan), assim como os que buscam emprego.

 

O próprio professor Barbosa -um português filho de cabo-verdianos nascido em Luanda, "café-com-leite", como diz, que mudou-se para Lisboa aos 12 anos fugindo da guerra civil angolana- foi recentemente abordado por dois policiais na Puerta del Sol, praça histórica no coração de Madri, sob a alegação de que em seu entorno exalava um cheiro de maconha. "Quando os questionei por que escolheram logo a mim para ser parado, eles retrucaram: 'Ah, o senhor está nos chamando de racistas?'".
 

A negação dos policiais é a mesma que espalhou-se pela sociedade espanhola como reação às evidências de que o racismo contra o jogador brasileiro Vinicius Junior não se limita aos estádios do país. Refutar parece inútil, pois a Espanha é sim um país racista, afirma Barbosa. O antropólogo -um dos retratados numa exposição sobre afrodescendentes na Espanha em cartaz no Museu Nacional de Antropologia de Madri- coordenou em 2020 um estudo para tentar quantificar e conhecer a população negra do país.
 

Trata-se de um esforço isolado do observatório do racismo e da xenofobia ligado ao governo, já que o Estado espanhol, como ocorre na maioria dos países europeus, não coleta dados estatísticos sobre raça/etnia de seus habitantes, uma lacuna tida como obstáculo na luta contra o preconceito racial.
 

Barbosa aponta o Brasil como referência nessa cruzada, sustenta que a Espanha é sim um país racista e associa o fenômeno ao passado colonial e ao entulho da ditadura de Francisco Franco, que vigorou de 1939 a 1975.
 

*
 

*Folha - A Espanha é um país racista?*
 

*Fernando Rodrigues -* Sim, é racista. A ideia de que a Espanha não é um país racista é um velho mito franquista. O franquismo deu a ideia de que a Espanha, tal qual Portugal, tinha uma vocação mundial. Durante sete séculos houve aqui gente africana. Os negros não chegaram à Espanha ontem, nas tropas muçulmanas que ocuparam a Espanha por sete séculos [711 a 1492] havia gente de pele escura. O que ocorre é que foram inviabilizados historicamente e desapareceram no relato. Se a Espanha não fosse racista, tínhamos que dizer que esse episódio [de Vinicius Junior] tinha que ver com falta de educação, falta de espírito esportivo. Falei com árbitros que me disseram: não é tudo racismo, é uma maneira de desconstruir a força do teu oponente, buscando coisas que podem ofender. Mas como vou ofender um negro chamando-lhe de macaco, se nós todos descendemos do macaco?
 

*Folha - Mas decerto o racismo não nasceu com Franco. Quais as raízes históricas do racismo espanhol? Qual sua conexão com o passado colonial do país?*
 

*Fernando Rodrigues -* Sim, há vários estágios. O primeiro seria a negação e o falso mito da reconquista contra os muçulmanos. Todo o sentimento antimuçulmano foi um primeiro ato de racismo e de limpeza étnica, para dizer que a Espanha é branca e cristã. O segundo estágio é a expansão colonial marítima, a batalha que a Espanha e Portugal encaram como uma missão cristã e civilizadora.
 

Volto à ideia franquista, porque o retorno à democracia tem 46 anos, mas o país ainda não resolveu sua história colonial. Portanto você vê essas manifestações em atos discriminatórios cotidianos, como ocorre com Vinicius. A pessoa que o chama de macaco aprendeu na escola que os negros, os índios, os amarelos eram inferiores a ele. Quando você não corrige isso nos livros escolares, a pessoa pensa: eu não sou racista, mas eles não têm a mesma capacidade que eu, e aí entramos no campo da supremacia europeia ou supremacia branca.
 

*Folha - O presidente da LaLiga, Javier Tebas, é eleitor do partido ultradireitista Vox. Isso ajuda a explicar a reação débil das autoridades esportivas em relação ao racismo?*
 

*Fernando Rodrigues -* Agora você pode fazer perfeitamente a conexão com esses restos do mito franquista que são capazes de afirmar uma coisa e negá-la no minuto seguinte. As ligações desse senhor com o Vox já são denunciadoras de que ele não é trigo limpo.
 

*Folha - Como episódios de racismo nos estádios se inserem num quadro mais geral de racismo na Espanha? Há mais racismo nos estádios que nas ruas?*
 

*Fernando Rodrigues -* Sim, porque a concentração de massas, o anonimato e a paixão que o futebol desata também desata nossos piores fantasmas. E, portanto, num estádio você pode ver grandes manifestações de solidariedade como pode ver o pior de nossa sociedade. E o pior da nossa sociedade também está metido no futebol, esses hooligans que apoiam seus clubes até à morte, [torcidas] em que estão infiltrados neonazistas e integrantes da extrema direita, usam os jovens como caldo de cultivo de sua imoralidade, porque o racismo é uma imoralidade, e as pessoas que o cometem dão rédea solta ao pior do ser humano. Antes de Vini, Eto'o e muitos outros foram vítimas de racismo. [O ex-técnico da seleção espanhola] Luis Aragonés, espécie de herói nacional, calou contra atitudes e declarações racistas. Primeira reação é defensiva, negamos, não existe. Espanha não é racista, e por não ser racista, aqui há um "episódio", um "incidente crítico". Mentira. O incidente crítico ocorre porque o racismo estrutural e sutil está metido até os ossos. Quando se fecha os olhos e olha para outro lado e diz "como a Espanha não é racista, tudo bem", e resumem o problema a um ou alguns indivíduos. Mentira. Este indivíduo está apoiado por uma massa de pessoas que gritaram "macaco".
 

*Folha - É possível comparar o que viveu Vinicius nos estádios com o que vivem afrodescendentes diariamente?*
 

*Fernando Rodrigues -* O que Vini viveu nos estádios é uma exposição aumentada dos pequenos "incidentes críticos" que todos os dias uma pessoa de origem não branca na Espanha pode sofrer. Por exemplo, ser parada mais vezes pelo perfil racial.
 

*Folha - Por que só agora, depois de incontáveis episódios de racismo, houve alguma atitude por parte das autoridades?*
 

*Fernando Rodrigues -* Os astros coincidiram. O grande presidente Lula da Silva veio recentemente à Espanha e a Portugal. Quando Lula -que deu maior projeção ao Brasil, goste-se dele ou não- falou disso num palco internacional [na reunião do G7 no Japão], afetou a boa imagem que a Espanha quer ter no consórcio internacional.
 

*Folha - Acha então que a declaração de Lula contribuiu para provocar a ação das autoridades espanholas?*
 

*Fernando Rodrigues -* Foi importantíssima, desatou tudo, pôs contra a parede as incongruências da esquerda e do governo socialista. Expôs a inoperância e a falta de coragem da esquerda socialista no governo em enfrentar este tema. Dou graças a Deus que o presidente Lula tenha dito isso. Agora está aqui um escândalo que você não pode imaginar. As notícias não param, os telejornais abrem com notícias de Vinicius, ontem todo mundo vestia a camisa 20 de Vinicius, é Vini, Vini, Vini, na rodada de futebol exibiram faixas "Racistas, fora do futebol".
 

*Folha - Em que medida a falta de dados sobre a população afrodescendente atrapalha no combate ao racismo?*
 

*Fernando Rodrigues -* Em tudo. Obstrui, não nos permite chegar ao detalhe para poder saber onde se concentram e como combater manifestações de discriminação. O Brasil avançou com passos de gigante e virou uma referência para todos na luta contra o racismo, enfrentando o problema com legislação contra crimes de ódio, injúria, tipificação de atos racistas. A Europa está 200 anos atrás do Brasil, deve ser orgulho para a nação brasileira o que vocês conseguiram. Nós estamos tendo de forçar o debate na Europa, que olhemos para o exemplo do Brasil. O problema da supremacia europeia é que sempre olha para as nações do Sul como se não pudessem lhes ensinar nada. São capazes de dizer que o Brasil foi o último país a abolir a escravidão, que o Brasil tem racismo. Muito bem, mas o Brasil está a fazer os seus deveres.
 

E nisso culpo também a esquerda espanhola, covarde e imoral. Pensar que ser de esquerda é [automaticamente] não ser racista é um mito. Você pode ser perfeitamente progressista e não ter feito o dever de casa para resolver os seus preconceitos raciais. Por isso estamos à espera de uma lei contra o racismo que ficou engavetada, uma iniciativa do Podemos [partido de esquerda que integra a coalizão governista] fruto de uma consulta a afrodescendentes e sociedade em geral. Essa lei não saiu porque o PSOE [do premiê Pedro Sánchez] e o Podemos não entram em acordo, têm medo de enfrentar a direita e a extrema direita, porque são leis que perturbam. Dizem que vão prejudicar o debate político, porque o que tem de se falar é dos empregos. Como se abrir mão de enfrentar as desigualdades, inclusive no plano racial, pudesse resolver os outros conflitos.
 

*Folha - Advogados espanhóis ouvidos pela Folha defendem que a punição aos episódios de racismo nos estádios deveriam ser no âmbito esportivo e não no âmbito penal. Concorda?*
 

*Fernando Rodrigues -* Não concordo. A judicatura da Espanha tem que fazer um aggiornamento [atualização], porque o mundo mudou. É exatamente a mesma tensão que temos com os juízes que não querem reconhecer os avanços e exigências que o feminismo trouxe contra violência de gênero e o machismo. Os que se opõem têm que voltar a estudar, têm que voltar às carteiras da escola. Porque o mundo mudou, e a complexidade das nossas sociedades cada vez mais diversas exige uma resposta clara nos planos penal, político e jurídico. Todos têm que viver em paz, as sociedades têm que viver na base da confiança, e quem destrói a confiança porque crê que pode dizer que o outro é um macaco também tem de ter um castigo no plano moral, uma reeducação para a convivência.
 

 

RAIO-X
 

Fernando Barbosa Rodrigues, 59 anos
 

Professor associado do Departamento de Antropologia Social e Psicologia Social da Faculdade de Ciências Políticas e Sociologia da Universidade Complutense de Madri. Entre seus temas de pesquisa estão política linguística, pós-colonialismo, questões de raça, etnicidade e miscigenação em Portugal e Espanha. Coordenou o "Estudo para o reconhecimento e caracterização da comunidade africana e afrodescendente" da Espanha. Nascido em Luanda (Angola), mudou-se aos 12 anos para Lisboa e vive em Madri.


Fonte: Por Fabio Victor | Folhapress 27/05/2023

Educafro pede R$ 100 milhões do Google de indenização por jogo Simulador de Escravidão

                                                         imagem:reprodução/CNN

A Educafro Brasil ingressou na Justiça com uma ação civil pública contra o Google em que pede R$ 100 milhões de indenização pelo fato de a empresa ter disponibilizado em sua loja para aplicativos de celular, a Play Store, um jogo chamado Simulador de Escravidão.
 

Nele, os jogadores podem comprar escravos, praticar castigos físicos, enriquecer com o trabalho deles e evitar rebeliões e fugas.
 

Procurado, o Google não se manifestou até a conclusão deste texto.
 

A ação foi protocolada neste sábado (27), no Foro Central Cível do Rio de Janeiro, e trata de dano moral coletivo. Segundo a Educafro, os R$ 100 milhões de indenização devem ser revertidos para o Fundo Nacional de Defesa do Consumidor e ao Fundo de Defesa dos Direitos Difusos
 

O jogo foi lançado no dia 20 de abril e contava com mais de mil downloads, além de diversas avaliações positivas. Após repercussão negativa, o Google removeu o jogo da loja e afirmou que tem um conjunto de políticas que visam manter os usuários seguros e que devem ser seguidas por todos os desenvolvedores.
 

"Não permitimos apps que promovam violência ou incitem ódio contra indivíduos ou grupos com base em raça ou origem étnica, ou que retratem ou promovam violência gratuita ou outras atividades perigosas", afirmou a empresa na ocasião.
 

Até quinta-feira (25), porém, o jogo continuava em funcionamento para quem já tinha baixado o aplicativo no celular ou outro aparelho eletrônico. O Ministério Público do Estado de São Paulo e o Ministério Público Federal cobraram explicações dos responsáveis.
 

"Chega a ser inacreditável que, em pleno ano de 2023, a população negra, não só do Brasil, mas de todos os países onde o fato repercutiu, a testemunhar a maior empresa de tecnologia do mundo inteiro auferir com racismo explícito e clara apologia à escravidão, violência física, verbal e sexual de pessoas negras como forma de entretenimento", afirma a Educafro na ação.
 

"E ainda mais estarrecedor é o fato que o 'jogo' só foi removido da plataforma Play Store após a divulgação de sua existência por veículos de comunicação de grande alcance", prossegue o texto.
 

No documento, eles também pedem a concessão de tutela de urgência para que o Google comprove a exclusão integral do aplicativo Simulador de Escravidão da Play Store em todo o Brasil. Solicitam também que sejam fiscalizados e coibidos de forma ativa pela plataforma a existência de outros jogos que possuam conteúdo discriminatório e ofensivo a minorias.
 

JOGO
 

A imagem que ilustrava o jogo na loja é a de um homem negro sem camisa, ao lado de um homem branco bem vestido, de chapéu. .
 

Na descrição que estava disponível para Android constava ser "o melhor simulador de proprietários de escravos e comércio de escravos". Na loja virtual, o estúdio desenvolvedor dizia que aplicativo é apenas para entretenimento. "Condenamos a escravidão no mundo real."
 

"Neste simulador de escravidão existem três tipos de escravo: trabalhadores, gladiadores e escravos de prazer. Compre e venda-os. Cada escravo é adequado para um determinado negócio. Treine seus escravos para aumentar seu nível de maestria e renda", afirma a descrição do jogo.
 

No aplicativo é possível reduzir a alimentação dos escravos, entre outras opções.
 

Na avaliação dos usuários o jogo havia recebido, antes de ser removido, nota 4 (em uma escala que vai até 5). Também contava com vários comentários favoráveis à prática da tortura.
 

"Ótimo jogo para passar o tempo. Mas acho que faltava mais opções de tortura. Poderiam instalar a opção de açoitar o escravo também. Mas fora isso, o jogo é perfeito", escreveu um usuário.
 

"Muito bom mesmo, retrata bem o que eu gostaria de fazer na vida real", afirmou outro.
 

Em posicionamento enviado na quarta (24) após a remoção do jogo, o Google afirmou que não permite aplicativos "que promovam violência ou incitem ódio contra indivíduos ou grupos com base em raça ou origem étnica ou que retratem ou promovam violência gratuita ou outras atividades perigosas".
 

"Qualquer pessoa que acredite ter encontrado um aplicativo que esteja em desacordo com as nossas regras pode fazer uma denúncia. Quando identificamos uma violação de política, tomamos as ações devidas", acrescentou o Google.


Fonte:Mônica Bergamo/Folha de S. Paulo - 27/05/2023 

Economia: Montadoras cancelam férias coletivas após pacote de incentivos anunciados por Lula

 

Reunião entre membros do governo Lula e carros estacionados
Reunião entre membros do governo Lula e carros estacionados (Foto: Joédson Alves/Agência Brasil | REUTERS/Paulo Whitaker)

247 - O presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Márcio de Lima Leite, prevê um crescimento de 200 mil a 300 mil veículos nas vendas, após a implementação do pacote de incentivos anunciado pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

De acordo com reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, as montadoras esperam que os incentivos tenham uma validade de pelo menos um ano, para que os efeitos sejam duradouros. No entanto, o prazo ainda não foi estabelecido pelo Ministério do Desenvolvimento.

Segundo o presidente da Anfavea, três montadoras que planejavam interromper a produção nos próximos dias reconsideraram as medidas. Uma delas é a Volkswagen, que cancelou as férias coletivas previamente agendadas para sua fábrica em Taubaté (SP).

A entidade acredita que a redução dos preços dos carros e a facilidade de crédito pode beneficiar os consumidores que atualmente estão fora do mercado de veícu
los zero km.
Fonte:Brasil 247 - 27/05/2023

SC: Assessora parlamentar é investigada por fala racista após matéria de jornal baiano sobre o curso de Medicina na UFBA

 

                                                (reprodução/redes sociais)


A assessora parlamentar Rosangela Colombi, de Chapecó, em Santa Catarina, teve mensagens de texto de teor racista e homofóbico vazadas e virou alvo do Ministério Público de Santa Catarina. As falas foram uma reação à matéria do CORREIO que fala sobre a  "nova cara" da medicina na Universidade Federal da Bahia (Ufba), com metade dos alunos cotistas e majoritariamente pretos ou pardos.

 "Não tenho nada contra negros, homo, e essas raças (sic) criadas pela esquerda. Eu só quero garantir o meu direito de ser branca, italiana", diz ela na mensagem. Rosangela Colombi é assessora parlamentar do vereador de Chapecó Valdemir Stobe (PTB), o Tigrão. A fala foi dita em um grupo de WhatsApp descrito como "Chapecó Somos Todos". As informações são do UOL.

A Câmara Municipal de Chapecó confirmou ao portal que Rosangela é assessora parlamentar comissionada do vereador Valdemir. Rosangela tem o salário líquido mensal de R$ 5.330,99, segundo o Portal da Transparência da Câmara Municipal. Procurada pelo UOL, Rosangela não retornou às tentativas de contato.

No entanto, o MPSC informou que a 40ª Promotoria de Justiça da Capital "tomou conhecimento de suposta troca de mensagens de cunho racista em aplicativo de mensagens em Chapecó e que irá apurar o caso".

 

Leia a matéria na íntegra: Com 40 novos alunos negros ou pardos por semestre, Medicina na Ufba tem nova cara

 Fonte: Correio da Bahia - 27/05/2023

Lula vetará MP que afrouxa proteção à Mata Atlântica, diz ministra Marina Silva


Foto colorida de Marina Silva - MetrópolesMario Tama/Getty Images

Após uma semana conturbada, com derrotas e registro de atritos com colegas do próprio governo, Marina Silva divulgou um vídeo neste sábado (27/5) no qual aparece em frente a um retrato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na gravação, a ministra do Meio Ambiente garantiu veto presidencial à medida provisória, aprovada na Câmara dos Deputados, para afrouxar regras de proteção à Mata Atlântica.

“Tivemos ontem uma notícia muito ruim. Aquele dispositivo que dificulta a proteção à Mata Atlântica voltou. Mas hoje temos uma notícia boa, como na primeira vez que esse dispositivo veio à cena, o presidente Lula disse novamente que irá votar”, disse Marina Silva, em vídeo publicado no Twitter. A publicação acontece no Dia Nacional da Mata Atlântica, celebrado neste sábado.

Twitter @MarinaSilvaMarina Silva fala sobre veto de Lula à MP da Mata Atlântica
Marina Silva fala sobre veto de Lula à MP da Mata Atlântica

A ministra do Meio Ambiente classificou como a proteção e restauração da Mata Atlântica como “fundamental” para a qualidade de vida pessoas dependentes dos recursos e serviços oferecidos pela preservação da biodiversidade, na regulação do clima e na provisão de serviços ecossistêmicos essenciais. Além disso, destacou sua importância para a sobrevivência das espécies que habitam o bioma.
A Mata Atlântica faz parte dos biomas de floresta tropical e abrange boa parte da costa leste da América do Sul, ocupando áreas do Nordeste, Sudeste e Sul do Brasil. Entre 2021 e 2022, foram derrubados 20.075 hectares dessa floresta, de acordo com pesquisa da Fundação SOS Mata Atlântica, em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Entre 2017 e 2018, foram 11.399 hectares, de acordo com o mesmo levantamento.

“Nesse Dia da Mata Atlântica celebro os movimentos da sociedade que tem dado suporte à criação de medidas protetivas a esse importante bioma. E venho reforçar o compromisso que o presidente Lula tem assumido em vetar as emendas que atacam a lei da Mata Atlântica”, reforçou Marina Silva na publicação.

Derrotas e reação

Na última quarta-feira (24/5), a comissão do Congresso Nacional responsável por avaliar a medida provisória (MP) de reorganização da Esplanada dos Ministérios aprovou o relatório do deputado Isnaldo Bulhões (MDB-AL), que retirou do Ministério do Meio Ambiente o controle do Cadastro Ambiental Rural (CAR). Além disso, Marina perdeu a gestão sobre a Agência Nacional de Águas (ANA).

Nessa sexta-feira (26/5), o presidente Lula e seus ministros decidiram trabalhar para reverter, em plenário, as mudanças impostas na medida provisória que reorganizou a estrutura do governo. Isso aconte porque, além do enfraquecimento de Marina, a desidratação de ministérios causou causando muito mal-estar na militância petista e tem suscitado críticas por contrariar o discurso ambiental adotado durante a campanha eleitoral.

Nos corredores do Congresso, a possibilidade de Marina Silva sair do governo foi especulada. Apesar de compor a Rede, partido com somente um deputado federal e que perdeu seu único senador com a saída de Randolfe Rodrigues (AP), líder do governo no Congresso, o consenso é que a ministra, caso saísse, levaria consigo seu prestígio e daria à Esplanada sua primeira baixa desde o afastamento de Gonçalves Dias, ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).

Fonte: Metrópoles - 27/05/2023

Defesa de Bolsonaro estuda vaquinha para pagar processos, diz CNN





Advogados de Jair Bolsonaro (PL) afirmaram à CNN que, após um levantamento de ações, estimam que a soma de processos judiciais em andamento – caso o ex-presidente seja condenado – deva chegar a R$ 2 milhões nos próximos meses. A defesa diz que irá recorrer de todos os processos. Veja o vídeo acima da CNN/YOUTUBE.

80 anos após massacre liderado por fazendeiros, povo krahô vence em Festival de Cannes

 Cena do filme "Flor de Buriti" - Divulgação

Cena do filme 'Flor de Buriti'Imagem: Divulgação
CONFIRA A REPORTAGEM COMPLETA  DE PEU ARAÚJO COM COLABORAÇÃO PARA O ECOA UOL PUBLICADA HOJE(27) CONFORME LINK ABAIXO:
https://www.uol.com.br/ecoa/ultimas-noticias/2023/05/27/80-anos-apos-massacre-liderado-por-fazendeiros-povo-kraho-vence-em-cannes.htm

Salvador: ‘Vamos ver mais negros como diretores’, diz professor eleito para dirigir FMB/Ufba depois de 215 anos


(Foto: Marina Silva/CORREIO)


Foi em 1970 que o então estudante Antonio Alberto da Silva Lopes começou sua trajetória na Faculdade de Medicina da Bahia (FMB). Tinha acabado de ser aprovado na Ufba e também em primeiro lugar na Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública. Tornou-se médico nefrologista, fez mestrado e, depois, tornou-se PhD em Ciência Epidemiológica pela Universidade de Michigan, nos Estados Unidos. 

Desde 1980, é professor da Ufba, onde já foi pró-reitor de pesquisa e pós-graduação, coordenador do programa de Medicina e Saúde e chefe do Núcleo de Medicina Baseada em Evidências do Hospital Universitário Professor Edgard Santos. Pesquisador reconhecido internacionalmente, Lopes deu um novo passo na carreira esta semana. 

Na última quinta-feira (25), 53 anos após ter iniciado seus estudos, ele foi eleito diretor da FMB.

"Como professor e pesquisador, acredito que a comunidade considerou o fato de ser um estudioso e inovador na educação médica e um pesquisador reconhecido internacionalmente", avalia. 

Mas o feito não é apenas histórico para ele: pela primeira vez, depois de 215 anos de existência, a primeira faculdade de medicina do Brasil terá um diretor negro. 

Ele chegou a ser vítima de ataques racistas durante os dias que antecederam ao pleito. "Como diretor, terei tolerância zero a qualquer tipo de preconceito", adianta. Em entrevista ao CORREIO, o médico e professor conversou sobre o futuro da faculdade, a carreira e o ensino da Medicina no país. 

Confira os principais trechos da entrevista

  • O senhor acaba de ser eleito o novo diretor da FMB. Que mensagem o senhor acredita que a comunidade da faculdade deu com esse resultado?

Entendo que, como deve ocorrer em instituição universitária, a comunidade levou em consideração os currículos acadêmicos dos candidatos a diretor e vice-diretor, o professor Eduardo Reis, como gestor, professor de medicina e pesquisador, e as propostas que foram apresentadas para o ensino, a pesquisa científica e a extensão. 

Como gestor, tem experiência ao nível da administração central da Ufba como pró-reitor de pesquisa e pós-Graduação e, a nível da Faculdade de Medicina da Bahia, como coordenador de programa de pós-Graduação, coordenações de diversas disciplinas da graduação e pós-Graduação, chefia de serviço de enfermaria/Ambulatório do Hospital Universitário Professor Edgard Santos (Hupes) e chefia do hospital. Como professor e pesquisador, acredito que a comunidade considerou o fato de ser um estudioso e inovador na educação médica e um pesquisador reconhecido internacionalmente através de trabalhos desenvolvidos na Faculdade de Medicina. 

  • Ao longo de sua carreira, o senhor se destacou tanto por ser um dos pesquisadores mais importantes (com grande número de citações em publicações) da faculdade quanto por ter desempenhado cargos como o de pró-reitor na Ufba. Como essa experiência anterior pode ajudar nessa nova função?

A pró-reitoria permitiu entender a administração central da Ufba, como buscar recursos de manutenção de prédios e pesquisa através de editais, ampliar bolsas de auxílio a estudantes carentes, entre outras ações. Além disso, vai me facilitar dialogar com administração central da Ufba visando as nossas propostas específicas para a FMB.  

  • Como começou a sua relação com a própria FMB? Pode falar um pouco de sua trajetória, inclusive os principais interesses de pesquisa? 

Entrei como estudante de Medicina da Faculdade de Medicina da Ufba, logo após ter sido aprovado em primeiro lugar no concorrido vestibular de Medicina da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública.

Já como estudante, exercia liderança acadêmica de diversas formas, formando grupos de estudos com os colegas e organizando atividades extracurriculares com professores que se entusiasmavam em ensinar ao ver a nossa vontade de aprender medicina. 

Era indicado pelos colegas de turma para ser representante de grupos em atividades extra-curriculares prioritariamente acadêmicas como sessões de discussões de casos, de correlação clínico-radiológicas e sessões anátomo-clínicas em hospital de emergência (no antigo Hospital Getúlio Vargas) e no Hospital Couto Maia. Após a conclusão do curso de medicina, fiz residência de clínica médica e nefrologia, parte no Hupes/Ufba na Universidade de São Paulo (USP). Fiz mestrado em medicina interna no programa de pós-graduação em Medicina e Saúde da FMB e mestrado em Saúde Pública e PhD em Ciência Epidemiológica na Universidade de Michigan. 

  • Os dias que antecederam à consulta foram marcados por ofensas e ataques, inclusive de cunho racista. Como o senhor viu esses ataques à candidatura da sua chapa?

Achei extremamente deploráveis e procurei agir serenamente para não interferir na nos projetos de campanha da minha chapa nos momentos finais que antecederam à eleição. Como diretor, terei tolerância zero a qualquer tipo de preconceito. Será criada uma ouvidoria para quem se sentir atingido por preconceitos reporte e as queixas sejam investigadas pelas vias competentes.  

  • Sua candidatura foi abraçada por grandes pesquisadores da Ufba e também de outras instituições (como Júlio Croda, da Fiocruz e da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul). A que atribui esse movimento? 

Pesquisadores valorizam o que produzimos em prol do conhecimento científico, o que as pesquisas contribuem para a sociedade e a contribuição para formar novos pesquisadores. Atribuo o movimento pelo reconhecimento das minhas contribuições ao conhecimento científico, de desenvolver uma linha de pesquisa com foco em problemas prevalentes na sociedade com doença renal crônica e hipertensão arterial e já ter contribuído para formar inúmeros mestres e doutores. Júlio Croda  é um bom exemplo de egresso da FMB de grande destaque como pesquisador e gestor, particularmente pelo trabalho durante a pandemia da Covid-19.

  • Em 215 anos, a Faculdade de Medicina mais antiga do Brasil nunca teve um diretor negro e sequer teve candidato negro em outras eleições. Por que acredita que demorou tanto a acontecer, em uma cidade com a população majoritariamente negra? 

Boa pergunta. Não sei dizer exatamente as razões, embora acredite que seja devido a vários fatores, sendo um deles o percentual de pessoas negras bem menor que as brancas que entravam na Faculdade de Medicina e outras faculdades até pouco tempo. Acredito que vamos ver mais professores negros como diretores da Faculdade de Medicina da Bahia nas próximas décadas com o maior acesso de pessoas negras nas faculdades públicas de Medicina.

  • No começo da semana, publicamos uma reportagem sobre a nova cara dos estudantes de Medicina da Ufba, que são mais diversos, inclusive racialmente. Como o senhor vê esse novo momento da faculdade? Como essa diversidade pode ajudar a desenvolver o ensino, a pesquisa e a extensão na unidade? 

A nova cara dos estudantes representa o que muitos de nós queríamos. É muito bem-vinda. Os dados mostram que os estudantes são muito interessados em aproveitar ao máximo as oportunidades de ensino, pesquisa e extensão que não teriam se não fossem as políticas de maior inclusão de pessoas pobres e negras. 

  • Quais são os seus planos para a FMB? Quais serão as prioridades para os próximos quatro anos?  

Os planos são vários e estão descritos no plano de gestão. Entre eles estão: ampliação dos campos de práticas, de urgência-emergência, atenção básica à saúde, saúde da família e terapia ocupacional que sejam próprios da Faculdade de Medicina de uma forma que evite que os estudantes tenham o aprendizado comprometido por não terem prioridade de atuação com relação a estudantes de escolas privadas de medicina. 

(Vamos) Incentivar um modelo pedagógico orientado por evidências científicas da área educacional, saúde e medicina, que integre áreas de conhecimento para melhorar a formação dos novos médicos, mais hábitos a atenderem a demanda do Sistema Único de Saúde.

Na área de extensão, uma das nossas propostas é a criação do Centro Internacional de Estudos da Saúde da População Negra e Indígena, agregado ao Memorial da Medicina Brasileira no prédio da Faculdade de Medicina no Terreiro de Jesus. 

Entre as atividades do centro está formação de um grupo de fomento à pesquisa que promova maior integração de pesquisadores e das pós-Graduações da Faculdade de Medicina com outras unidades da Ufba, Fiocruz e outros institutos de pesquisa nacionais e do exterior, para incentivar pesquisas em áreas temáticas que respondam a questões prioritárias de saúde da nossa população. Exemplos disso são estudos para avaliar efetividade de tratamento, e programas educativos  visando redução de crises, prevenção de complicações em portadores doenças prevalentes e graves na nossa população como anemia falciforme, hipertensão arterial, diabetes, doenças neurológicas, doenças renais, hepatopatias, cardiopatias, depressão, doenças endócrinas e pulmonares.

  • Nos últimos anos, vimos um crescimento grande de vagas de graduação em Medicina em universidades privadas que cobram altas mensalidades. Como o diretor da faculdade mais antiga do país, de que forma vê essa ampliação de vagas em geral? 

Vemos o grande crescimento grande de vagas de graduação em Medicina em universidades privadas que cobram altas mensalidades como muito preocupante, particularmente ao se observar que o crescimento de vagas não se acompanha de melhor qualidade na formação médica.

  • Vivemos um momento em que, apesar de ter aumentado o número de vagas de graduação, inclusive no interior, a concentração de médicos especialistas fora de Salvador ainda é pequena. Pensando em sua ligação com a comunidade e em seu dever social, como a faculdade pode contribuir para a interiorização de mais médicos especialistas no estado?

Formar médico com boa formação geral, que inclua conhecimento e prática em atenção básica, saúde da família e urgência/emergência de forma a atender as demandas das comunidades do interior. Desenvolver trabalho conjunto com o programa de residência médica do Hospital Universitário Professor Edgard Santos da Faculdade de Medicina visando médicos especialistas. (Também) Em parcerias com o governo estadual e Ministério da Saúde (MS), a nível nacional criar condições favoráveis de trabalho, incluindo bons salários,  para que os médicos permaneçam em atividades prioritariamente em cidades do interior da Bahia, o que atualmente deve ser facilitado pelo estrutura de cargos, salários e benefícios para os médicos desenvolvida pelo MS.

Fonte: Correio da Bahia/reprodução - 27/05/2023 13h:15

Salvador: Redução da carga horária do curso de Medicina obedece diretrizes nacionais, diz Ufba

 

(Foto: Nara Gentil/CORREIO)

A Universidade Federal da Bahia (Ufba) se manifestou, na tarde desta sexta-feira (26) a respeito da redução da carga horária do curso de Medicina. Após as críticas sofridas nas redes sociais, vindas de perfis que apontavam que a diminuição de 1.590 horas provocaria a precarização do curso, a universidade afirmou, por meio de nota, que a alteração na carga horária visa o cumprimento das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN).

Segundo a Ufba, a grade curricular do curso tinha uma carga horária elevada, que ia de encontro à de outros cursos tradicionais no Brasil com o mesmo nível de qualidade da UFBA - eram 8.952 horas-aula, enquanto as DCN estabelecem 7.200. Com a alteração, a graduação em medicina da UFBA passou a ter uma grade de 7.282 horas-aula a partir deste ano. Desse modo, a redução, na realidade, foi de 1.670 horas.

Ainda de acordo com a universidade, as mudanças atendem a exigências de inclusão de componentes curriculares como os da área de Urgência e Emergência, bem como às diretrizes do Conselho Nacional de Educação, que preconizam a inclusão da curricularização da extensão e dos temas transversais. 

“É de todo equivocada, portanto, a ilação de que tal redução de carga horária - item no bojo de uma ampla e qualificada reforma, elaborada e discutida ao longo de meses em diversas instâncias da universidade, nos marcos de sua autonomia didático-científica - implique perda de qualidade do ensino na medicina na UFBA”, declarou.

Outra motivação para a diminuição da carga horária do curso foi a atenção com os novos alunos egressos que estão mudando o perfil da faculdade, historicamente branco e elitizado em Salvador. Muitos desses novos alunos precisam trabalhar e não teriam como se dedicar o dia inteiro à universidade com uma carga horária tão elevada. Essa motivação, em especial, foi alvo de críticas severas nas redes sociais. Quanto a isso, a Ufba também se posicionou.

“Tal suposição [de perda de qualidade do ensino da medicina na Ufba] só poderia ter origem em grupos de mentalidade obtusa e ideologicamente orientados, aos quais a Universidade Pública parece incomodar ao proporcionar, sem abrir mão de sua tradicional qualidade, a entrada e a permanência de estudantes trabalhadores por meio de políticas de ações afirmativas”, diz a nota.

A Ufba concluiu o comunicado afirmando que não se intimida com ataques antidemocráticos e reafirmando que o princípio que rege a universidade são a excelência Acadêmica e Inclusão Social.

O Ministério da Educação foi procurado pelo CORREIO para informar a carga horária mínima estipulada pela pasta para o curso de Medicina, mas não retornou o contato até o fechamento desta matéria. Ainda assim, a reportagem conferiu que, conforme recomendam as Diretrizes Curriculares Nacionais, normas obrigatórias para a Educação Básica e Superior que orientam o planejamento curricular das escolas e dos sistemas de ensino, o tempo mínimo para a formação de médicos e médicas é de 7.200 horas.

 

No Nordeste, a carga horária vigente de 7.282 horas do curso de Medicina da Ufba é a menor entre nove universidades federais da região, que contempla todos os estados

Universidade Federal do Ceará (UFC), 8.296 horas;

Universidade Federal de Sergipe (UFS) 7.545 horas;

Universidade Federal do Maranhão (UFMA) é de 8.050;  

Universidade Federal do Piauí (UFPI)  8.171 horas;

Universidade Federal de Pernambuco 8.235 horas;

Universidade Federal da Paraíba (UFPB) 8.340 horas;

Universidade Federal de Alagoas (Ufal), com 8.892 horas

Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa), no Rio Grande do Norte, com 9.536 horas


Veja cargas horárias do curso de Medicina em outras regiões:

 

Universidade Federal do Pará (UFPA) – Norte:  Carga horária de 8.960 horas

Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) – Sudeste: Carga horária de 7.755 horas 

 Universidade Federal do Pampa (Unipampa) – Sul: Carga horária de 8.255 horas 

 Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) – Centro-Oeste: Carga horária de 7.552 horas 


Fonte: Correio da Bahia c/adaptações 27/05/2023

 

Haddad sai em defesa do Ministério do Meio Ambiente

 (crédito:  Ed Alves/CB/DA.Press)

(crédito: Ed Alves/CB/DA.Press)

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu que a organização do governo é uma atribuição do presidente da República, ao ser questionado sobre o esvaziamento da pasta do Meio Ambiente, comandada por Marina Silva, nas alterações promovidas pela Câmara na medida provisória (MP) de reestruturação da Esplanada.

"Penso que a organização de governo é uma atribuição do presidente da República e essa prerrogativa deveria ser respeitada, do mesmo modo que o regimento interno do Supremo Tribunal Federal, da Câmara e do Senado são atribuições dos Poderes", afirmou, em entrevista à GloboNews.

Na visão do ministro, a prerrogativa desenhada para o Ministério do Meio Ambiente deveria ter sido respeitada. "Se fosse parlamentar, respeitaria o direito do chefe do Executivo de organizar o governo", disse.

Fonte:Correio Braziliense c/adaptações 27/05/2023

Educação: Pesquisa mostra por que brasileiros deixam escola

A maranhense Maria de Fátima Santos teve de deixar os estudos aos 15 anos para trabalhar. Foto: Luiz Claudio Ferreira

Quando deixou Araioses, no Maranhão, de ônibus e percorreu mais de 2 mil quilômetros até Brasília, em 2017, Maria de Fátima Santos, então com 18 anos de idade, sonhava engatar em uma profissão no comércio e voltar aos estudos. Aos 15 anos, Maria de Fátima tinha abandonado a escola, no quinto ano fundamental, para ajudar em casa.

Ela trabalhava no interior maranhense como diarista. Os livros não tinham espaço, nem eram prioridade na rotina da jovem. Hoje, em Brasília, a escola é só um sonho distante. Atualmente, perto dos 25 anos de idade, ela vive da coleta de objetos no lixo de condomínios para conseguir algum recurso, pagar o aluguel e mandar ao menos R$ 50 para a mãe, que ficou em Araioses.

Da escola, Maria de Fátima diz que sente falta das aulas de matemática. “Eu gostava e iria me ajudar na minha vida hoje.”

Deixar a escola em plena juventude não é raro no Brasil, conforme aponta uma pesquisa realizada pelo Sesi/Senai (Serviço Social da Indústria/Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), em parceria com o Instituto FSB Pesquisa. Depois dos 16 anos, apenas 15% estão em salas de aula.

”Os dados são fortes. Só 15% da população atualmente estuda. É claro que, na idade escolar, o número sobe para 53%”, afirmou o diretor-geral do Senai e diretor-superintendente do Sesi, Rafael Lucchesi.

Das pessoas que não estudam, 57% disseram que abandonaram a sala de aula porque não tinham condições. A necessidade de trabalhar é o principal motivo (47%) para interrupção dos estudos. 

“Um número muito alto de pessoas deixa de estudar por falta de interesse na escola que, muitas vezes, não tem elementos de atratividade para os jovens e certamente esses números se agravaram durante a pandemia”, afirmou Lucchesi.

O levantamento mostrou que apenas 38% das pessoas com mais de 16 anos de idade que atualmente não estudam alcançaram a escolaridade que gostariam.

Para 18% dos jovens de 16 a 24 anos, a razão para deixar de estudar é a gravidez ou o nascimento de uma criança. A evasão escolar por gravidez ou pela chegada de um filho é maior entre mulheres (13%), moradores do Nordeste (14%) e das capitais (14%) – o dobro da média nacional, de 7%.

Preparo

O levantamento revela também que a maioria dos jovens acima dos 16 anos de idade considera que a maioria dos que têm ensino médio ou ensino superior considera-se pouco preparada ou despreparada para o mercado de trabalho.

O levantamento foi realizado com uma amostra de 2.007 cidadãos com idade a partir de 16 anos, nas 27 unidades da federação. As entrevistas foram feitas entre 8 e 12 de dezembro do ano passado.

Entre as pessoas que responderam a pesquisa, 23% disseram que a alfabetização deveria ser prioridade para o governo, seguida pela instituição de creches (16%) e pela ênfase no ensino médio (15%).

A educação pública é vista como boa ou ótima por 30% da população, índice que sobe para 50% quando se fala de educação privada.

Entre os fatores para aumentar a qualidade, os mais citados são o aumento do salário dos professores, mais capacitação deles e melhores condições das escolas.

Avaliação

Pelo menos 23% das pessoas ouvidas na pesquisa avaliaram a educação pública como ruim ou péssima e só 30% a consideraram ótima ou boa. A educação privada é avaliada como boa ou ótima por 50% dos entrevistados.

Para Rafael, Lucchesi, a pesquisa traz uma dura reflexão sobre a necessidade de aumentar a qualidade da educação e também a atratividade da escola e, “como resultado geral, melhorar a produtividade das pessoas na sociedade”.

Fonte: Agência Brasil/Edição: Nádia Franco 27/05/2023