sábado, 27 de abril de 2019

Educação: Por que os cursos de Filosofia e Sociologia incomodam Bolsonaro?




Para especialista ouvido por CartaCapital, presidente culpa a educação pela incompetência financeira do governo

O presidente Jair Bolsonaro iniciou a sexta-feira 26 alarmando a sociedade. Algo que já tem se tornado frequente na gestão do capitão. O foco? A educação, área que tem sido palco de preocupantes investidas governamentais. Em um tweet publicado no início da manhã, o presidente anunciou que o ministro da Educação, Abraham Weintraub, estuda descentralizar investimentos em faculdades de Filosofia e Sociologia.






O Ministro da Educação @abrahamWeinT estuda descentralizar investimento em faculdades de filosofia e sociologia (humanas). Alunos já matriculados não serão afetados. O objetivo é focar em áreas que gerem retorno imediato ao contribuinte, como: veterinária, engenharia e medicina.
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O objetivo seria focar em áreas que gerem retorno imediato ao contribuinte, como veterinária, engenharia e medicina. “A função do governo é respeitar o dinheiro do contribuinte, ensinando para os jovens a leitura, escrita e a fazer conta e depois um ofício que gere renda para a pessoa e bem-estar para a família, que melhore a sociedade em sua volta”, apontou o presidente em um segundo tweet.
O Ministro da Educação @abrahamWeinT estuda descentralizar investimento em faculdades de filosofia e sociologia (humanas). Alunos já matriculados não serão afetados. O objetivo é focar em áreas que gerem retorno imediato ao contribuinte, como: veterinária, engenharia e medicina.
A função do governo é respeitar o dinheiro do contribuinte, ensinando para os jovens a leitura, escrita e a fazer conta e depois um ofício que gere renda para a pessoa e bem-estar para a família, que melhore a sociedade em sua volta.
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O coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, crava que o argumento utilizado pelo presidente é falso. “Não é o curso universitário que gera recurso econômico. O que gera retorno econômico, a partir da formação, é o crescimento econômico. Ou seja, não basta que a pessoa tenha um diploma universitário, é necessário que o mercado de trabalho tenha uma vaga para contratar essa pessoa”, analisa.
Esta semana, dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) da Secretaria de Trabalho do Ministério da Economia, mostraram que o País teve o pior mês de março desde 2017, em relação a empregos com carteira assinada. O saldo negativo foi de 43.196 empregos a menos.

Segundo Cara, a questão central é que o Brasil volte a crescer, o que, em sua análise, não deve ocorrer com as diretrizes do atual governo. “As políticas de austeridade econômica empreendidas desde o governo de Michel Temer e em curso no governo Bolsonaro não vão nos tirar desse cenário”, atesta, afirmando que o País continua em um quadro de depressão econômica. “Bolsonaro quer responsabilizar a educação pela incompetência econômica de seu governo”, critica.
Ainda assim, o especialista reforça que não é momento para pânico, sobretudo acerca da ideia do fim dos cursos de Filosofia e Sociologia vigentes nas universidades públicas e privadas. “As universidades, especialmente as públicas, são administradas a partir do princípio constitucional da autonomia universitária, ou seja, quem decide o que vai ser lecionado são as próprias universidades. O ministro Weintraub está querendo aparecer, não tem nenhuma consistência no que foi afirmado”, contesta.

Outra questão que o especialista explica é que, para existir, as universidades obrigatoriamente precisam ter o conjunto das áreas do conhecimento. Isso se aplica também às universidades privadas que recebem apoio do Fies ou Prouni. Em sua análise, os cursos não estão ameaçados de fechamento. “Pode até ser que o governo proíba o investimento, evitando os empréstimos do Fies ou negando a renúncia fiscal para esses cursos no caso do Prouni, mas é difícil que as universidades aceitem esse tipo de interferência”, atesta.
Bolsonaro não entende de Educação. Tampouco compreende a Economia.

Ele quer tirar recursos das Ciências Humanas para investir em cursos que "dão retorno econômico".

1) Ignora a Autonomia Universitária;
2) Desconhece que emprego é fruto de crescimento econômico, não de formação.
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Filosofia e Sociologia nas redes

A polêmica declaração do presidente fez com que o tema Filosofia e Sociologia virasse um dos assuntos mais comentados do Twitter nesta sexta-feira.
O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB) reagiu à declaração e disse que “vai manter o respeito aos cursos de Filosofia e Sociologia”.
No âmbito estadual, sempre manterei o respeito aos cursos de filosofia e sociologia. Sem ideias e pensamento crítico nenhuma sociedade se desenvolve de verdade. E não haverá o bem viver que tanto buscamos como direito de todos
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O ataque aos cursos de Filosofia e Sociologia é a cruzada de um presidente fanático contra o pensamento. É um projeto de mediocridade para o país.
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Tirar recursos de faculdades de filosofia e sociologia mostra o real projeto deste governo: de emburrecimento do país. Os cursos de humanas são fundamentais para a construção de ideias e pensamento críticos em qualquer sociedade. Um povo que não pensa não luta por seus direitos.
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Bolsonaro retira recursos das faculdades de Filosofia e Sociologia.

"Seria uma atitude ingênua esperar que as classes dominantes desenvolvessem uma forma de educação que proporcionasse às classes dominadas perceber as injustiças sociais de maneira crítica."

- Paulo Freire

fonte:Carta Capitalonline 27/04/19 - 08:49min.

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