Antigo Cine Pax, completamente abandonado. Foto: Dinaldo dos Santos | Aratu On
Famoso centro comercial de Salvador, a Baixa dos Sapateiros, região compreendida entre o Aquidabã e a Barroquinha, amarga tempos de decadência, mas teve um período áureo e marcante para a
sociedade soteropolitana. Entre a década de 1970 e meados dos anos de 1990, o grande comércio a céu aberto atraía um número significativo de pessoas, principalmente, aquelas de classe média e média-baixa.
A região extremamente popular era a alternativa, ante à pomposa Rua Chile, que naquele tempo recebia uma clientela mais bem favorecida do ponto de vista econômico.

Versos da canção
Baixa dos Sapateiros: origem do nome
O historiador baiano Roberto Pessoa explicou à nossa reportagem que, entre os séculos XVI e XVIII,
Segundo o professor, pelo córrego passava o Rio das Tripas, assim chamado, devido à junção com a
passou a chamar de Baixa dos Sapateiros.
A Baixa dos Sapateiros e o desenvolvimento sociocultural
Em tempos de alta estação para o mercado varejista, por muito tempo, a Baixa dos Sapateiros foi um
centro comercial de destaque. Roberto Pessoa ressaltou que o lugar figurava como um importante polo
desenvolvedor dos setores socioeconômico e cultural.
O historiador pontuou que o comércio local se expandia, seguindo os avanços da cidade e,
consequentemente, fazia crescer o número de investidores. Em paralelo às mudanças, a Baixa dos
Sapateiros conquistava um público cada vez maior, por conta da variedade de produtos oferecidos.
Baixa dos Sapateiros: a decadência
+ Imóvel desaba na Baixa dos Sapateiros e interdita vias do bairro
Clarindo, inclusive, é um militante na causa em prol da revitalização do centro antigo. No último dia 12 de março, ele liderou uma manifestação em frente à Igreja de São Francisco, clamando por melhorias. O ato também marcou um mês da trágica morte de uma turista de Ribeirão Preto, vítima do desabamento de parte do teto do templo católico.

Clarindo Silva proprietário da Cantina da Lua. Foto: Divulgação
Sobre a situação da Baixa dos Sapateiros, Clarindo entende que o comércio desenvolvido em alguns bairros, além do advento dos shopping centers , exerceram grande influência no esvaziamento da J.J. Seabra. Porém, percebe um grande desinteresse das autoridades públicas no sentido de retomar a importância do local.
O comerciante fez uma relação direta entre o esvaziamento e o crescimento da insegurança. Ele salientou que tudo isso vai refletir em um ambiente propício à marginalidade. "Eu conheço pessoas ali que tinham duas, três lojas, hoje só tem uma, porque precisaram fechar as outras", disse.
Clarindo, sem citar nomes, criticou os governantes, mas reforçou que o problema não está, apenas, nas mãos dos políticos: "A sociedade baiana também precisa se apropriar daquilo ali", frisou.
"Eu fico profundamente preocupado e angustiado quando passo na [Rua] 28 de setembro e vejo a primeira Escola de Belas Artes desse estado cheio de árvores e a casa onde nasceu Carlos Marighella, cheia de embaúba", relatou.
Os espaços abandonados, reforçou Clarindo, precisam ser ocupados e, para isso, ele garante que alternativas não faltam, desde que o interesse seja uma realidade. "Já imaginou o Cine Jandaia ser transformado na Casa do Samba?", questionou. "Estamos na Cidade da Música e não temos", disse.

Prédio do Cine Jandaia e algumas lojas estão em ruínas. Foto: Dinaldo dos Santos | Aratu On
Baixa do Sapateiros: qual a posição do governo do estado?
Questionado pelo Aratu On sobre a situação da Baixa dos Sapateiros, o governo do estado informou que, através da Companhia de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Salvador (Conder), vem implantando o projeto Pelas Ruas do Centro Antigo, que inclui o Centro Histórico de Salvador.
O projeto, conforme a Conder, já promoveu a requalificação de 281 ruas, sempre com o desafio de manter as características históricas das vias, mas também acrescentando equipamentos e soluções de acessibilidade. O valor total investido é de R$ 108,4 milhões.
Neste momento, segundo a Conder, outras sete ruas na região estão passando por intervenção e mais 68 ainda serão contempladas pelo projeto. A Baixa dos Sapateiros, em especial, foi totalmente requalificada. A Conder informou que a obra teve investimento de R$ 17,5 milhões e incluiu a requalificação de vias e calçadas. Os serviços foram executados entre 2014 e 2017.
Ainda de acordo com a Conder, as seguintes praças e largos foram reformados na intervenção: Largo do Aquidabã, Largo das Flores; Largo de São Miguel; Ladeira do Cine Pax; Praça dos Veteranos; Largo da Barroquinha; e Praça Ary Barroso.

Terminal da Barroquinha. Foto Dinaldo dos Santos | Aratu On
Ainda na Baixa dos Sapateiros, ressaltou a Conder, foram realizadas obras e serviços de engenharia para Reforma do Quartel do Corpo de Bombeiros, na Praça dos Veteranos. O serviço concluído em 2014 recebeu um investimento de R$ 6,5 milhões.
A Conder informou também que está captando recursos junto ao Ministério da Cultura para requalificar outros 23 casarões históricos no Pelourinho. O projeto visa revitalizar esses espaços, preservando sua riqueza cultural e histórica, e transformando-os em unidades habitacionais de interesse social.
Os 23 casarões serão restaurados, mantendo suas fachadas originais, e adaptados para abrigar entre quatro e oito unidades habitacionais cada. O modelo seguido será o do Residencial Vila Nova Esperança, cuja recuperação do casarão ofereceu 6 unidades habitacionais de interesse social, com investimento de R$ 1,7 milhão.
FONTE: Por Dinaldo dos Santos/aRATUON - 03/04/2025 às 10h:30
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