foto: Arne Dedert/picture alliance via Getty Images
Os principais mercados globais enfrentam um dia de fortes perdas nesta quinta-feira (2/4), em meio à repercussão do anúncio do novo “tarifaço” imposto pelo governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos importados de diversos países.
O temor entre os investidores é que a nova rodada de barreiras comerciais anunciada pela Casa Branca deflagre uma guerra comercial global, com consequências econômicas imprevisíveis.
Por outro lado, no caso do Brasil, o país ficou na lista dos menos taxados pelos EUA, o que, diante da expectativa inicial, é um fato considerado positivo pelos investidores. Há também quem acredite que, diante de taxações maiores em outros países, o Brasil possa se beneficiar, com chance de ganhar novos mercados.
O novo “tarifaço” de Trump
O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou na quarta-feira (2/4) a imposição de novas tarifas sobre produtos importados, atingindo países com taxas que variam de 10% a 97%.
A medida, segundo Trump, tem como objetivo fortalecer a produção doméstica e combater o que o governo norte-americano considera práticas comerciais desleais.
Desde fevereiro, Trump já vinha sinalizando a adoção das tarifas, mas sem detalhar valores ou critérios. Na última semana, ele reforçou que a taxação seria aplicada de forma ampla, embora ajustes e negociações ainda possam ocorrer.
A nova política tarifária faz parte das promessas de campanha do republicano e foi batizada por ele de “Dia da Libertação”, em referência à redução da dependência dos EUA em relação a importações.
Um dos pilares da medida é a adoção de tarifas recíprocas, ou seja, taxas equivalentes às que os produtos norte-americanos enfrentam em outros mercados.
O governo Trump argumentava que países que impõem barreiras comerciais aos EUA seriam submetidos a condições semelhantes.
Impactos no Brasil e pelo mundo
O Brasil está na lista dos 113 países que serão atingidos com as menores tarifas a serem cobradas sobre importações dos EUA. Ao todo, as nações abaixo serão tarifadas em 10%, o patamar mínimo implementado pelo presidente norte-americano.
Nesta quinta, o efeito do novo “tarifaço” de Trump é sentido nos mercados mundo afora. Na Ásia, os principais índices das bolsas de valores despencaram e, na Europa, os indicadores operavam no vermelho.
União Europeia prepara resposta
Nesta quinta-feira, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que a União Europeia (UE) está preparando medidas de resposta em retaliação aos EUA.
O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, por sua vez, adotou um tom mais comedido e disse que o país reagirá com “cabeça fria e calma” diante do “tarifaço” norte-americano.
Em discurso mais cedo, o vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Luis de Guindos, defendeu que a autoridade monetária do bloco seja “extremamente prudente” na condução de suas políticas sobre a taxa de juros.
Análise
Para Alison Correia, analista de investimentos e cofundador da Dom Investimentos, “os holofotes são todos para a taxação do Trump, a repercussão e de que forma isso vai impactar os mercados”.
“Novamente, o Brasil foi o menos atingido e isso foi menos pior para nós, pelo menos por enquanto. Isso que está acontecendo agora realmente nunca se viu. Estamos vendo a história sendo escrita”, afirmou.
“E, agora, devemos ter, sim, um dia tenso nos mercados. Mas pode ser que o Brasil não sinta tanto a não ser que as commodities, como Vale e Petrobras, acompanhem essas quedas das cotações internacionais”, projeta Correia. “Isso pode vir a pesar no Ibovespa e dificilmente veremos o índice subir. Também acredito que vamos ter uma desvalorização forte do nosso real.”
Para além do “tarifaço”
Além dos desdobramentos econômicos das novas tarifas comerciais impostas pelo governo Trump, o mercado financeiro repercute novos dados de emprego e serviços dos EUA.
O Departamento do Trabalho do governo norte-americano divulga nesta quinta o número de novos pedidos de seguro-desemprego referentes à semana até 29 de março. Na semana anterior, houve 224 mil pedidos.
A S&P Global divulga, também nesta quinta, os índices de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) de serviços e composto dos EUA em março.
Na última leitura, os indicadores ficaram em 51 (serviços) e 51,6 (composto).
Fonte: Fábio Matos/Metrópoles - 03/04/202510h:45
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