sábado, 10 de setembro de 2011

Mundo: Protesto contra Israel deixa mais de 800 feridos no Egito

Manifestantes queiomam bandeira de Israel em frente a embaixada do país no Cairo -Foto: EFE/Reprodução

O número de feridos nos choques, na noite de sexta-feira, entre manifestantes e forças de segurança nos arredores da Embaixada de Israel no Cairo aumentou para 837, informou a agência de notícias estatal egípcia "Mena", que cita uma fonte do Ministério da Saúde.

Além dos feridos, uma pessoa morreu após sofrer um ataque cardíaco durante os incidentes em frente à legação diplomática, onde centenas de manifestantes continuam concentrados hoje em meio a um forte desdobramento de segurança, embora já não haja enfrentamentos.

O primeiro-ministro egípcio, Essam Sharaf, convocou para este sábado uma reunião do gabinete de crise depois dos últimos distúrbios na Embaixada de Israel no Cairo e a saída do país do embaixador israelense, Yitzhak Levanon.

O representante israelense, junto a sua família e pessoal da legação diplomática, abandonou o Egito no começo da manhã em um avião da Força Aérea israelense, informou a agência oficial de notícias "Mena".

O embaixador voltou a seu país depois que milhares de manifestantes protestaram na noite de ontem em frente a sua sede diplomática e derrubaram o muro que a protegia, ao tempo que dezenas deles invadiram o edifício onde fica a Embaixada e lançaram documentos de um dos andares.

Os tanques do Exército foram desdobrados na zona e as forças de segurança tentaram dispersar os manifestantes com gás lacrimogêneo e disparos para o alto.

O Ministério do Interior pôs a polícia em alerta de emergência para fazer frente aos distúrbios, que além dos manifestantes deixaram pelo menos 46 policiais feridos.

Nos arredores da Embaixada israelense, um grupo de pessoas tentou sem sucesso atacar a Direção da Segurança da província de Giza e outros se manifestaram em frente à Embaixada da Arábia Saudita.

O governo egípcio deve reunir-se hoje para analisar a situação, o que obrigou o ministro das Relações Exteriores, Kamel Amr, a cancelar a viagem que faria à Europa.

Os protestos contra a Embaixada aconteceram depois que em agosto um ataque israelense na fronteira do Sinai matou cinco soldados egípcios, o que provocou uma crise diplomática entre os dois países.

O governo israelense não pediu desculpas oficiais e o egípcio convocou o embaixador israelense no Cairo, enquanto nas ruas centenas de egípcios se manifestaram durante vários dias para pedir a ruptura de relações diplomáticas com Tel Aviv.

AJUDA

Após manifestantes egípcios invadirem a Embaixada de Israel no Cairo, o governo israelense pediu ajuda dos Estados Unidos para lidar com a crise e o presidente americano, Barack Obama, disse aos governo do Egito que os diplomatas e a representação do Estado hebreu devem ser protegidos.

Segundo a Casa Branca, Obama telefonou também ao primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, para manifestar sua "grande preocupação" com a situação na sede diplomática, e explicou os passos dados pelos Estados Unidos, incluindo um pedido ao Egito para que "honre suas obrigações internacionais visando salvaguardar a segurança da embaixada israelense".

"O presidente e o primeiro-ministro vão permanecer em estreito contato até que se resolva a situação", acrescentou o governo americano.

Mais cedo, o ministro da Defesa de Israel, Ehud Barak, telefonou para seu colega americano, Leon Penetta, e para o enviado especial dos EUA ao Oriente Médio, Dennis Ross, pedindo ajuda dos americanos para reforçar a proteção da embaixada israelense no Cairo.

INVASÃO

A embaixada de Israel no Cairo foi invadida na noite desta sexta-feira por manifestantes que jogaram milhares de páginas de documentos "confidenciais" pela janela.

Os egípcios também arrancaram a bandeira de Israel e a substituíram pela bandeira egípcia. Essa foi a segunda vez que a bandeira de Israel foi arrancada da embaixada.

Segundo a Al Jazeera, os manifestantes vinham de um protesto para pedir reformas aos militares --que governam o país desde a queda de Hosni Mubarak-- na praça Tahir.

Um jornalista da AFP disse que ouviu "muitos tiros" no bairro.

Os disparos, cuja procedência exata não pôde ser determinada em um primeiro momento, pareciam vir das imediações de uma delegacia localizada no bairro da embaixada.

Vários documentos recolhidos pelo jornalista da AFP provêm visivelmente dos serviços diplomáticos israelenses, alguns escritos em árabe, mas que levam selos diplomáticos israelenses e se apresentam como mensagens de funcionários israelenses a seus colegas egípcios.


Policiais questionados nas imediações do edifício não estavam em condições de dar informações sobre a situação dentro da sede diplomática. Um porta-voz da embaixada contatado por telefone também não fez comentários.

A polícia lançou bombas de gás lacrimogêneo para dispersar a multidão que se reuniu na rua em frente ao edifício. O Ministério da Saúde do Egito disse que 88 pessoas ficaram feridas devido aos confrontos na região da embaixada, de acordo com informações da Al Jazeera.

MURO

Mais cedo, cerca de 1.000 manifestantes concentraram-se diante do edifício que abriga a missão diplomática e o atacaram a marteladas e com um grande tubo metálico, sem a intervenção da polícia, que estava nas proximidades. A polícia interveio apenas quando os manifestantes conseguiram derrubar o muro.


O muro de proteção construído recentemente pelas autoridades egípcias em frente à embaixada de Israel no Cairo foi derrubado.

Os manifestantes entoavam frases como "Erga a cabeça, você é um egípcio".

O muro, de uma altura aproximada de 2,5 metros que rodeia o edifício da embaixada, foi construído nos últimos dias depois de várias manifestações em frente à sede diplomática israelense na capital egípcia.

As relações entre os dois países passam por uma fase delicada, depois da morte de cinco policiais egípcios em um ataque do exército israelense quando perseguia supostos autores de atentados no sul de Israel, em 18 de agosto.

CONSTRUÇÃO

No início deste mês, o Egito construiu um muro em torno da embaixada de Israel no Cairo, depois de uma série de protestos por causa de atritos entre os dois países, culminando com o incidente, em agosto, no qual um manifestante escalou o edifício e retirou a bandeira israelense.


Funcionários egípcios trabalham na construção de muro ao redor da embaixada de Israel no Cairo

Com o início das obras, muitos egípcios se reuniram nos arredores para expressar seu descontentamento. "As pessoas querem que o muro caia", diz uma pichação feita no concreto liso.

As autoridades dizem que a barreira serve para proteger outros moradores do arranha-céu onde funciona a embaixada, e não a missão diplomática propriamente dita.

"A meta (...) é proteger os andares inferiores do prédio e evitar tensões entre manifestantes e residentes". disse o governador do Cairo, Ali Abdel-Rahman, ao jornal "Al Masry Youm".


Fonte:Agências de notícias/folhaonline

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