sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Salvador: Estudante que atropelou gari na Pituba estava vindo de uma festa

A  meia  amarela do uniforme era a única coisa que mantinha a perna esquerda do gari Raimundo de Souza, 37, ligada ao restante do corpo. Ontem pela manhã, Raimundo foi atropelado por um Volkswagen Polo Hatch desgovernado e em seguida imprensado pelo mesmo veículo nos fundos de um caminhão de lixo quando trabalhava esvaziando contêineres na Rua Carmen Miranda, na Pituba. Ele foi socorrido ao Hospital Geral do Estado (HGE), teve a perna esquerda amputada, mas o seu estado de saúde é estável, de acordo com a Secretaria da Saúde da Bahia (Sesab).


 Bota do gari Raimundo de Souza ficou preso no Polo que o atropelou  - foto:Evandro Veiga/reprodução

Segundo testemunhas, inclusive dois garis que trabalham junto com Raimundo, o Polo, de placa NYZ-5458 (licença de Irecê/BA), era conduzido por uma estudante de Medicina, que tinha acabado de sair do show do Parangolé, no Wet’n Wild. Uma pulseira amarela com o nome “Camarote Glamour” foi recolhida no local.

O delegado Nilton Tormes da 16ª Delegacia (Pituba), que cuida do caso, disse que nada foi mencionado sobre a condutora estar alcoolizada. Mas ela fugiu e não fez o exame de alcoolemia. Até o fechamento da reportagem, nem a jovem e nem a irmã que a acompanhava tinham sido ouvidas pela polícia. Ainda segundo a 16ª DP, o veículo atropelador, ano 2011/2012, está em nome de Samya Rodrigues Cordeiro dos Santos, moradora de Irecê, a 478 quilômetros de Salvador, não tem multas e o último licenciamento foi realizado em junho passado. 

Eram 5h30 da manhã e faltava meia hora para o encerramento do expediente de Raimundo quando o acidente aconteceu. O caminhão de lixo de placa OUM-3188 descia a ladeira devagar para que os detritos pudessem ser jogados no compactador por Raimundo, Elias de Jesus Santos, 21, e Paulo Roberto de Jesus Nascimento, 31.

Eles andavam atrás do caminhão. Na hora, havia pouco carros estacionados e algumas pessoas circulando. Enquanto os três garis faziam a coleta, inicialmente, o Polo vinha atrás, numa velocidade  compatível para a segurança deles. “Mas depois, percebi que a motorista estava se aproximando demais da gente. De repente, o carro ficou descontrolado e atropelou Raimundo, que pegava um saco de lixo. Acho que a motorista cochilou”, contou Elias. “Ele ficou debruçado sobre o capô do Polo e gritava muito. Foi quando o carro começou a soluçar direto (o veículo interrompia várias vezes), imprensando Raimundo no caminhão de lixo, que já tinha parado”, completou Elias.

Raimundo perdeu
uma perna
Por pouco Raimundo não morreu. Ele foi salvo pelo colega Paulo Roberto. “Puxei Raimundo quando o carro arrancou de novo e acabou batendo no fundo do caminhão. Quase o carro esmagava também a cabeça dele, que estava na direção de um dos pneus”, relatou o gari.

Ossos

Com o acidente, a perna esquerda de Raimundo entrou no carburador do veículo. Devido à violência do impacto, pedaços de ossos da perna ficaram espalhados na pista. “A perna dele parecia carne moída. A meia era o que segurava”, relatou o  gari Paulo Roberto. Segundo  ele, a motorista pedia para a vítima ter calma, informando que era estudante de Medicina. “Mas quem aplicou os primeiros atendimentos foi uma médica que desceu de um dos prédios, enquanto a estudante ligava para os parentes e amigos”, disse Paulo Roberto.

Motorista ainda tentou prestar atendimento ao gari atropelado  -foto:Bruno Castellucio




















 Em seguida, uma equipe do Samu  chegou no local. Foi nesse momento  que os garis Paulo Roberto e Elias e o motorista do caminhão de lixo, Jadilson Silva de Almeida, 38, perceberam que a motorista e a irmã dela vinham de uma festa. “Elas estavam com a pulseira do camarote do show do Parangolé”, contou Jadilson. “Na hora, disse para todos para não deixarem a motorista sair porque ela tinha que fazer o teste do bafômetro”, disse Paulo Roberto. “Um rapaz disse que ela (motorista) passava mal e puxou a moça e a irmã. Elas fugiram dentro de um HB-20 em disparada”, contou Elias. 

Já era noite e a doméstica Cleonice Maria Souza Sacramento, 52, ainda não tinha conversado com o sobrinho. Mas estava tranquila. Isso porque, segundo ela, a psicóloga da empresa que Raimundo trabalha informou que ele passava bem. Ele levou um talho na perda direita e o médico não falou em amputá-la”, disse a tia.

Fonte:CorreiodaBahia/reprodução

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