Luciano Lyra, operador líder, e Antonio Marques, técnico em manutenção (Foto: Evandro Veiga/CORREIO)
No Polo Industrial de Camaçari, 70% dos 15 mil postos de trabalho direto e dos 30 mil indiretos são ocupados por profissionais com formação em áreas técnicas, de acordo com estimativa do Comitê de Fomento ao Desenvolvimento Industrial de Camaçari (Cofic). E a participação dos técnicos chega a ser ainda maior nos casos de fabricantes de bens finais, como no complexo automotivo da Ford, que, segundo o Cofic, chega à casa dos 80% de profissionais técnicos no quadro.
A elevada demanda por profissionais com formações voltadas para as necessidades da indústria explica um dado que deve animar aqueles que buscam oportunidades no mercado de trabalho. Em 2015, 39,8 mil pessoas se formaram em cursos oferecidos pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial na Bahia (Senai-BA).
E a despeito das dificuldades enfrentadas pela economia do país, quase 25 mil alunos formados nos cursos, equivalente a 63,7%, conseguiram ingressar no mercado de trabalho.
O mercado de trabalho para profissionais com atribuições mais voltadas para a operação é alimentado tanto pelo desenvolvimento econômico - que demanda novos profissionais - quanto pela criação de novos processos de produção, e também pela rotatividade - funcionários que mudam de empresas ou se aposentam.
A disponibilidade de mão de obra qualificada é um fator considerado tão importante quanto a oferta de infraestrutura e a situação do mercado consumidor. “Quem faz opção por uma carreira técnica está buscando uma área que é muito valorizada por quem pensa em investir”, destaca o superintendente de Desenvolvimento e Comunicação do Cofic, Érico Oliveira.
O superintendente do Cofic lembra que a carreira é necessária para a economia e promissora para os interessados. “A formação dá uma perspectiva de absorção no mercado de trabalho mais rápido e com crescimento rápido”, aponta. “No caso dos jovens, que enfrentam obstáculos maiores para o ingresso no mercado de trabalho, a formação técnica pode ajudar bastante”, acredita Oliveira.
Exemplo das dificuldades a que os mais novos estão sujeitos: a taxa de desemprego na Região Metropolitana de Salvador está em 24,8% da população, de acordo com dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), atingindo um contingente de 441 mil pessoas. Mas no caso da população com idades entre 16 e 24 anos, o levantamento mostra que o índice de desempregados chega a 46,3%. Um em cada três desempregados na RMS está nesta faixa etária, mostra a PED.
Foi para fugir das estatísticas do desemprego que Luciano Lyra, 47 anos, recém-chegado de Lafaiete Coutinho, a 365 quilômetros de Salvador, optou pelo curso técnico em Eletrônica na antiga Escola Técnica da Bahia, atual Ifba.
“Escolhi o curso como uma opção para entrar no mercado de trabalho e garantir o meu sustento, já que estava vindo do interior”, lembra. O tempo mostrou que a opção foi acertada: 28 anos depois, Lyra é operador líder na Cristal Brasil e se diz orgulhoso de ser um dos responsáveis por operar uma unidade industrial.
A formação técnica apareceu como opção para “passar uma chuva” e acabou se tornando escolha de vida. “Eu vi dentro da empresa que poderia crescer e aprender com treinamentos internos e qualificações”, conta ele. Em 28 anos, conseguiu cinco promoções e hoje ganha o equivalente à remuneração de um profissional com curso superior de nível 2 dentro da empresa.
Com três meses de empresa, o técnico em mecânica de manutenção pelo CFTB Antônio Marques, 35 anos, sonha com uma trajetória parecida com a do colega. Ele já tinha experiência na indústria quando optou por trabalhar em manutenção. “Sempre fiz muitos cursos pelo Senai, na área de mecânica, porque é uma área em que quis trabalhar graças ao meu pai, que é deste ramo”, lembra. “A área técnica dá uma perspectiva profissional muito grande”, comemora.
Vagas abertas
Até o próximo dia 31, o processo de seleção semestral do Senai-BA, uma das principais escolas técnicas do estado, está aberto, com 4,5 mil vagas para interessados em formações na área técnica. O diretor regional do Senai-BA, Luís Breda Mascarenhas, explica que a demanda na indústria é por uma quantidade muito pequena de profissionais com maior tempo de formação. “O maior volume dos profissionais que atuam na indústria é o profissional com nível técnico”, destaca Breda.
O diretor do Senai-BA diz que o cenário econômico atual não deve desestimular o investimento em formação. Primeiro por se tratar de um “processo cíclico”, que vai passar. Depois porque os bons profissionais têm espaço, independente do momento da economia. “Se a pessoa está bem preparada, se tem uma formação bem consistente vai conseguir trabalho, seja na indústria, na parte de serviços que dão suporte, ou se tiver que empreender. Há muito espaço”, ressalta.
“A duração máxima dos cursos é de dois anos, então o profissional consegue chegar mais rápido ao mercado de trabalho”, complementa.
fonte:CorreiodaBahia
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