quarta-feira, 8 de outubro de 2025

PR: Vereador do PL está foragido após acusações de pedofilia em Irati, cidade que virou meme por “reza ao pneu”


                                       Foto:reprodução


Um escândalo de proporções devastadoras atinge Irati, no centro do Paraná — a mesma cidade que ganhou projeção nacional em 2022, quando apoiadores de Jair Bolsonaro protagonizaram a cena insólita de uma “reza ao pneu”. 

O vereador Hélio de Mello (PL), de 55 anos, está foragido após ser denunciado pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) por cometer crimes sexuais contra ao menos 12 crianças e adolescentes.

Segundo a denúncia apresentada nesta terça-feira (7), Hélio de Mello é acusado de seis diferentes crimes sexuais — entre eles estupro de vulnerável, assédio e exploração sexual — em um total de 28 episódios distintos. As vítimas tinham entre 11 e 17 anos e eram alunas de uma escola estadual da zona rural de Irati, onde o político lecionava educação física.

O MP-PR afirma que os abusos ocorriam desde 2017, dentro e fora da escola. O vereador, que também presidia a Câmara Municipal, renunciou ao cargo no mês passado, após o avanço das investigações.

A denúncia e o desaparecimento

A Polícia Civil confirmou que há um mandado de prisão preventiva em aberto contra Hélio de Mello, que não foi localizado e é considerado foragido da Justiça.

Durante as apurações, a polícia reuniu depoimentos de ex-alunos, adolescentes e funcionários da escola, além de pais que flagraram conversas impróprias entre o professor e seus filhos. “A Polícia Civil identificou desde toques em partes íntimas até o envio e a solicitação de fotos e vídeos de nudez mediante promessa de dinheiro ou outras vantagens”, diz a corporação em nota.

Diretora e irmã do vereador também foi denunciada

Uma das irmãs de Hélio de Mello, que atuava como diretora da escola, também foi denunciada pelo MP-PR pelos crimes de prevaricação e omissão diante de denúncias de assédio e exploração sexual.

De acordo com a Promotoria, a mulher tinha conhecimento de parte dos abusos, mas não tomou providências. A Secretaria de Educação do Paraná informou que ela solicitou aposentadoria em julho, antes de qualquer medida judicial, com efeito a partir de 1º de setembro.

O início das investigações

O caso veio à tona após uma denúncia anônima registrada pelo Disque 100, serviço do governo federal voltado à proteção de direitos humanos. O alerta levou o Conselho Tutelar a realizar uma força-tarefa com escutas especializadas de alunos e ex-alunos da escola onde o vereador trabalhava.

A partir daí, as provas se multiplicaram. Adolescentes relataram abusos diretos e testemunharam o assédio de colegas. Ex-alunos, hoje adultos, também procuraram a polícia para narrar episódios semelhantes ocorridos anos antes.

Afastamento e renúncia

Em 31 de agosto, a Justiça determinou o afastamento de Hélio de Mello do cargo de professor e impôs três medidas cautelares:

● proibição de acesso à escola onde os crimes teriam ocorrido;
● proibição de contato com alunos, vítimas e testemunhas;
● suspensão das funções públicas de professor.

No dia seguinte, a Justiça cumpriu um mandado de busca e apreensão na residência do investigado. Horas depois, o vereador solicitou licença remunerada de 90 dias da Câmara Municipal, alegando motivos de saúde.

Em 9 de setembro, já pressionado por novas denúncias e com três pedidos de cassação protocolados, Hélio renunciou ao mandato. Ele estava no sexto mandato consecutivo, tendo sido eleito pela primeira vez em 2005.

Com a saída, o suplente João Leuch Sobrinho (PL) assumiu a vaga, e o então vice-presidente do Legislativo, Selmo de Lima Vieira (PODE), passou a presidir a Câmara de Irati.

Duas décadas de poder e silêncio

Figura influente no cenário político local, Hélio de Mello construiu uma carreira marcada por longevidade e silêncio cúmplice. Durante 20 anos, foi uma das vozes mais atuantes do conservadorismo iratiense, exercendo cargos estratégicos e mantendo forte ligação com lideranças bolsonaristas da região.

Mandado de prisão em aberto

Até a manhã desta quarta-feira (8), o mandado de prisão preventiva de Hélio de Mello continuava em aberto. A Polícia Civil mantém buscas e pede que qualquer informação sobre o paradeiro do foragido seja comunicada às autoridades.

O Ministério Público reforça que o caso segue sob sigilo judicial para proteção das vítimas.


Fonte: SITE PRAGMATISMOPOLITICO - 08/10/2025

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