quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Bahia: Operários da construção civil protestam por morte dos nove colegas em Salvador

Nove operários morreram na queda do elevador-Foto:Tiago Melo/BN

Os operários da Construção Civil protestam nesta quarta-feira (10) pela morte de nove colegas em um acidente na obra do Edifício Empresarial Paulo VI, na terça-feira (9). A categoria seguiu em passeata pela Avenida Paralela até o cemitério Bosque da Paz para o enterro de Antônio Elias da Silva, Lourival Ferreira e José Roque dos Santos a partir das 10 horas. No Bosque da Paz, o clima é de comoção entre colegas, amigos e familiares das vítimas. Emocionada, a mulher de Antônio Elias, Cláudia Silva, pede segurança. "Quero segurança para o que aconteceu comigo, não aconteça com outra família, porque meu marido morreu trabalhando".

Trabalhadores que participam do velório reclamam da posição da Construtora Segura. "Eles estão acusando o operador de elevador pelo acidente, mas ele era ajudante, não era qualificado e foi posto para fazer o serviço", disse um operário, que não quis se identificar.

O sepultamento de Hélio Sampaio será às 15 horas no Campo Santo. Os corpos das outras cinco vítimas serão enterradas em cidades do interior baiano: Jairo Correia (Irará); Martinho dos Santos (Conceição de Feira); Antônio Luiz (Conceição do Jacuípe); Antônio Reis do Carmo (Nazaré do Jacuípe); Manoel Bispo Pereira (São Miguel das Matas).

Cerca de 1,5 mil operários participam do protesto, além de representantes da Central dos Trabalhadores Brasileira (CTB) e dos Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil (Sintracom) e Sindicato dos Comerciários.

Paralisação - O Sintracom propôs uma paralisação de 24 horas nesta quarta para que os colegas participem do enterro dos corpos dos operários mortos. Alguns trabalhadores, porém, alegam que estão sendo ameaçados pelos empresários.

"As construtoras estão ameaçando cortar o dia caso eles não trabalhem. Conhecia alguns dos operários que morreram, estudei com eles. É um dia muito triste para mim, estou acabado. Não tenho medo de perder emprego, tenho medo de perder a vida", disse um operário que não quis se identificar.

O presidente da CTB, Adilson Araújo, disse que a Construção Civil está de luto. "Já fizemos manifestações por melhoria salarial e por demisões, mas hoje nossa paralisação é pela vida. O patronato prefere dinheiro do que investir em segurança para a vida do trabalhador", declarou.

Com as noves mortes do acidente desta terça, são contabilizadas 15 mortes com 60 feridos na Construção Civil somente este ano. "Se não houver fiscalização e valorização do trabalho dos operários, esses acidentes vão continuar acontecendo", considerou Vera Lúcia Silva Santana, diretora do Sintracom.

Acidente - Antônio Elias da Silva, Lourival Ferreira, José Roque dos Santos, Hélio Sampaio, Antônio Luiz A. dos Reis, Manoel Bispo Pereira, Jairo de A. Correia, Martinho F. dos Santos e Antônio Reis do Carmo morreram após o elevador que utilizavm cair do 28º andar do prédio em construção. As primeiras investigações apontam para a quebra no eixo da roldana que sustenta o cabo de tração do equipamento, seguida de falha no sistema de freios de emergência. Reportagem de atardeonline.




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