sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Mundo: Delegação dos EUA vem ao Brasil lançar parceira de energia

Os Estados Unidos despacharão ao Brasil na próxima semana uma delegação de alto escalão para lançar uma parceria estratégica em energia, originalmente anunciada durante a visita do presidente Barack Obama ao país, em março.

O principal interesse de Washington é o etanol brasileiro, que hoje encontra barreiras tarifárias e compete com o etanol subsidiado americano, de milho.

Segundo a Casa Branca, o secretário-adjunto de Energia, Daniel Poneman, desembarca na quarta-feira e se reúne por dois dias com empresários e representantes dos governos estaduais em São Paulo e no Rio.

Na sexta-feira, participa do lançamento do Diálogo Estratégico de Energia EUA-Brasil com o secretário-executivo das Minas e Energia, Márcio Zimmermann, em Brasília.

Na delegação, estão representantes de diferentes braços do governo americano --a Segurança Nacional, o Departamento de Estado, o Departamento do Comércio, a Agência de Comércio e Desenvolvimento dos EUA e a Corporação de Investimento Privado no Exterior.

"Com base no compromisso conjunto dos presidentes [Barack Obama e Dilma Rousseff] de tomar medidas concretas para fortalecer a cooperação entre o setor energético nos dois países, o diálogo estratégico tratará de nosso interesse mútuo em desenvolver energia segura e barata em respeito ao ambiente", diz o comunicado.

ETANOL E ENERGIA NUCLEAR

O foco, para os americanos, é o etanol, mas o comunicado também cita petróleo, gás natural, energia limpa e energia nuclear.

No passado, os EUA estrilaram com a resistência brasileira em aderir ao protocolo adicional ao Tratado de Não-Proliferação, que prevê inspeções internacionais.

Em junho, o Brasil aprovou as diretrizes do Grupo de Fornecedores Nucleares (NSG, em inglês), que, entre outras coisas, reconhecem o acordo nuclear prévio entre Brasil e Argentina como suficiente para garantir a segurança na aquisição de material sensível.

Já o etanol é uma bandeira de Obama, que defende com veemência em seus discursos o álcool brasileiro como uma fonte mais limpa e barata para os EUA. Sucessivos presidentes declararam a intenção de reduzir a dependência americana do petróleo e, por conseguinte, da volatilidade política no Oriente Médio.

A recomendação de recorrer ao etanol brasileiro consta em relatório recente elaborado pelo influente centro de estudos Council on Foreign Affairs, e é ecoada também por grupos conservadores de peso, como o American Enterprise Institute.

O presidente, porém, esbarra nos produtores de etanol americano de milho, que recebem subsídios e exigem barreiras ao produto brasileiro. O grupo conta com a resistência da bancada ruralista no Congresso e com um dos lobbies mais fortes dos EUA.

Em junho, os deputados americanos concordaram em acabar com os subsídios e as barreiras. Mas o mecanismo está em um pacote mais amplo, cuja aprovação ficou congelada no Congresso, monopolizado pelo debate sobre a dívida pública americana e agora em recesso.

Apesar disso, as exportações brasileiras de etanol aos EUA crescem. No primeiro semestre, o volume vendido foi 52,3% maior do que o do mesmo período do ano anterior, chegando a 183,5 milhões de litros, ou 5,7% da produção nacional. Informações de Luciana Coelho de Washington da folhaonline.

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