sábado, 2 de novembro de 2024

Violência: Mãe de adolescente morta durante assalto em Salvador relata aflição após a partida da filha: "Essa dor me machuca tanto"



Sandra Pacheco perdeu sua filha, Cristal Pacheco, durante uma ação criminosa no Campo Grande  |   Bnews - Divulgação Ilustrativa | Paulo Pinto | Agência Brasil

Toda despedida é dolorosa. Algumas, dependendo da maneira como ocorrem, tendem a doer ainda mais, como é o caso das pessoas que perderam familiares, amigos ou colegas para a violência. Nesse cenário, em que inúmeras pessoas precisam dar adeus a entes queridos após tragédias, o que resta, além das lembranças, é um desejo pulsante de Justiça, para que os responsáveis por essas despedidas, muitas vezes precoces, sejam devidamente punidos.

Para quem fica, conviver com a ausência física de quem partiu é uma tarefa diária e árdua que exige força, resiliência e esperança de que a situação não ficará impune. Sandra Pacheco faz parte da estatística de pessoas que, infelizmente, precisaram se despedir de forma prematura de alguém especial. Em agosto de 2022, Sandra presenciou sua filha, Cristal Rodrigues Pacheco, de 15 anos, ser morta durante um latrocínio — roubo seguido de morte — na região do Campo Grande, em Salvador.

Hoje, mesmo após dois anos do ocorrido, e com o caso já elucidado, incluindo a prisão de duas mulheres envolvidas nos disparos que tiraram a vida de Cristal, a mãe da jovem continua buscando formas de lidar com a dor da perda.

"Graças a Deus, elas foram localizadas, julgadas e condenadas a 24 anos de prisão no presídio da Mata Escura. Mas sabe o que me dói ainda mais? Saber que elas não vão cumprir esses 24 anos, porque nossa Justiça é muito falha. Vêm as reduções de pena por bom comportamento, e, logo, surgem as saídas temporárias em que acabam saindo e não voltam mais ao presídio. Então eu fico pensando: quantas outras vítimas elas podem e vão fazer? Assim como aconteceu com a Cristal, quantos cristais serão quebrados por causa dessa regalia da Justiça?", questiona.

As prisões de Andréia Santos de Carvalho e Gilmara Daiam de Sousa Brito não curaram a dor nem trouxeram de volta a vida de Cristal. Essa tragédia, embora já tenha ocorrido, traz à tona cenas de tristeza que continuam presentes e estarão no futuro de Sandra.

"Eu estava levando Cristal e Fernanda para a escola quando surgiram aquelas duas, eu não posso dizer nem que são pessoas, são monstras e eu tiraram a vida da minha filha sem nenhuma ação e reação da nossa parte. Aí eu fico pensando assim: meu Deus, do nada se foram 15 anos de amor, de cuidados, de dedicação, interrompido assim, sendo arrancados daquela forma", recorda emocionada.

A mãe, que ainda mantém o quarto da filha intacto, conta também que todos os dias se lembra dela e reflete sobre como estaria hoje se os sonhos da adolescente não tivessem sido interrompidos de forma brutal e abrupta. "As coisinhas dela estão todas guardadinhas  do mesmo jeito. Desde quando Sérgio [pai de Cristal] arrumou no quarto que, até então, eu não tive coragem de ver uma foto dela. Até hoje eu não consigo apesar de já terem se passado dois anos".

"Todos os dias eu me lembro dela. Fico pensando em como ela estaria hoje. Ano que vem, ela iria completar o ensino médio. Antes de partir, já pensava em entrar na faculdade e cursar Medicina, porque sonhava em ser cirurgiã e ajudar as pessoas. Infelizmente, esse sonho foi interrompido, mas a dor permanece. Um pedaço de mim foi arrancado, não foi tirado, foi arrancado. Já se passaram dois anos, e essa dor que me machuca tanto vai me acompanhar pelo resto da minha vida", finaliza Sandra.

Fonte: BNEWS - 01/11/2024

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