quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Artigo: Os desafios de Dilma e Wagner


Janeiro/2011 entra para a história do Brasil a assunção a Presidência da República da primeira mulher que irá dirigir os destinos desse país por 04 anos. Dilma Rousseff, ex-ministra da Minas e Energia e da Casa Civil, que Lula escolheu para sucedê-lo no Palácio do Planalto.

Os desafios que a presidenta irá enfrentar são do tamanho desse imenso Brasil. O natal de 2010 confirmou a boa fase da economia brasileira, onde em todos os lugares as vendas no comércio aumentaram sensivelmente, a chamada classe C tendo acesso a bens de consumo como nunca, e a expectativa é que o país continue trilhando por um caminho em que possa conciliar desenvolvimento econômico, tendo a inflação sobre controle. Ao manter a equipe econômica de Lula, com exceção da presidência do Banco Central, Dilma sinalizou que, quem vai dar a última palavra será a mesma. Natural que tenha divergências de posições de Lula quanto a alguns assuntos internos e externos, mas como uma mulher inteligente que é, sabe que no inicio de seu governo terá que ter muita cautela na condução das questões econômicas de modo que a posição do país ocupa no cenário mundial possa se consolidar e que os ajustes necessários possam ser feitos com tranquilidade no decorrer do seu governo.

Não é novidade para ninguém que os gastos públicos aumentaram e muito nos últimos 08 anos, a máquina do governo federal continua pesada aos cofres públicos, e que reformas, como a tributária precisam ser feitas, em que pese o assunto ter ficado ausente dos debates de toda campanha presidencial, e a não ser que haja uma iniciativa do Planalto, poderemos passar mais 04 anos com essa pesada carga tributária, isso sem se falar na questão dos juros, que após a redemocratização do país, passaram Sarney,Collor,Itamar,Fernando Henrique e Lula e diversas equipes econômicas e ninguém consegui dar uma direção para a redução desses juros abusivos no mercado financeiro brasileiro.

Na área política, creio que mesmo com o apoio da maioria no Congresso Brasileiro, Dilma terá que usar toda sua habilidade para a articulação não com a oposição, que foi duramente derrotada na campanha de 2010, mas com a chamada “base aliada”, prova disso, foi já na fase de transição do governo Lula onde alguns fatos acontecerem que merece atenção, a começar pela mudança na coordenação da equipe de transição que seria do PT e que em 24 horas após a confirmação da vitória da Presidenta mudou, ficando na coordenação o Vice-Presidente Michel Temer. A presidenta é uma mulher de pulso e tem tudo para não deixar que a “briga interna” entre os dois grandes partidos de sustentação ao seu governo, PT e o PMDB, atrapalhe o seu mandato, pois a mesma sabe que o PMDB não é um partido confiável.

Com relação a nossa Bahia, houve um empenho muito grande do governador Jaques Wagner durante a campanha para a eleição de Dilma, natural, tendo em vista que era a candidata de seu amigo Lula e do seu partido, e após a formação da equipe ministerial muito se esperava que a Bahia tivesse um tratamento diferenciado, O governador se deu por satisfeito com os baianos que foram indicados para o primeiro escalão do governo federal, mas outros companheiros de seu partido nem tanto, e publicamente manifestaram suas posições. Quando o Senador Walter Pinheiro não aceitou a oferta do MDA (Ministério Desenvolvimento Agrário) foi uma decisão acertada em todos os sentidos, pois sua contribuição para o nosso Estado no Senado poderá render mais frutos que um ministério, e se isso acontecesse quem assumiria a vaga seria o seu suplente Roberto Muniz (PP), ex-prefeito da cidade de Lauro de Freitas e ex-secretário de Agricultura no primeiro mandato de Wagner, pois, entendo que a maioria do eleitorado baiano votou em Pinheiro e não em Muniz.

O governador como um hábil articulador e um político educado, sabe que nem sempre um maior número de ministérios pode representar poder político e recursos para obras aliás, para refrescar nossa memória, no início do governo Sarney, a Bahia teve 03 ministérios com visibilidade política como o da Saúde, com o prof. Roberto Santos, o da Previdência Social, com o ex-ministro da defesa de Lula Waldir Pires, e das Comunicações com o falecido Senador ACM, tendo esse passado todo o mandato de Sarney, onde aumentou seu poderio político, principalmente no interior do Estado, e depois tivemos outros políticos em outros mandatos presidenciais, mas que, esses ministérios não se transformaram em melhorias para todos os baianos, pelo contrário, até hoje temos índices sócio-econômicos que nos envergonham.

Wagner tem a oportunidade após o primeiro mandato conduzir esse Estado com vistas ao avanço de conquistas sociais que foram alcançadas, pois os momentos de ajustes político-administrativos já passaram, é preciso aproveitar a sua reeleição em primeiro turno e essa ampla maioria na Assembléia Legislativa e imprimir mudanças que façam que sua equipe de governo trabalhe com mais técnicos, se for necessário mudar secretários, que faça, mas de forma que haja mais celeridade nos projetos, recursos, e na execução orçamentária para conclusão das obras iniciadas no primeiro mandato, pois ainda são enormes problemas nas áreas de saúde, educação e segurança pública, não somente na capital, mas, em todo o Estado.

Portanto, que tanto o Palácio do Planalto como o de Ondina, tenham vontade política, posições firmes, e determinadas para um Brasil e uma Bahia verdadeiramente mais digna para todos nós.
Autor:Blogueiro -em Salvador 30/12/10

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