A primeira ministra negra da Itália respondeu a uma enxurrada de
insultos sexistas e racistas dizendo que ela tem orgulho de ser negra,
não 'de cor', e que a Itália não é um país racista.Kyenge respondeu insultos dizendo ter orgulho de ser negra.
Cecile Kyenge, uma oftalmologista e cidadã italiana originária da
República Democrática do Congo (RDC), foi nomeada ministra da Integração
pelo primeiro-ministro Enrico Letta no último sábado, sendo uma das
sete mulheres no novo governo. Desde então, ela tem sido alvo de
provocações em sites de extrema-direita, que a rotulam com nomes como
"macaco congolês", "Zulu" e "a negra anti-italiana".
Kyenge também enfrentou insultos com toques de racismo de Mario
Borghezio, integrante da Liga do Norte no Parlamento Europeu, que no
passado foi aliado do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi. Em
referência a Kyenge, Borghezio chamou a coalizão de Letta de um "governo
bonga bonga" - uma brincadeira com o termo "bunga, bunga", atribuído a
Berlusconi - e disse que ela parecia ser "uma boa dona de casa, mas não
uma ministra".
Kyenge rejeitou os comentários, que a presidente da câmara dos
deputados, Laura Boldrini, qualificou como "vulgaridades racistas".
Kyenge planeja pressionar por uma legislação - a qual a Liga é contrária
- que permitiria às crianças nascidas na Itália, filhas de imigrantes,
obterem a cidadania automática, em vez de terem que esperar até os 18
anos para reivindicá-la.
"Cheguei sozinha à Itália aos 18 anos e eu não acredito em desistir
diante de obstáculos", disse Kyenge, que deixou o Congo para que pudesse
prosseguir os seus estudos em medicina. Ela também rejeitou o termo "de
cor", usado para descrevê-la em muitas matérias na imprensa italiana,
dizendo: "Eu não sou colorida, eu sou negra e digo isso com orgulho."Kyenge, que é casada com um italiano, disse não ver a Itália como um país particularmente racista e acreditar que as atitudes hostis derivam principalmente da ignorância.
Boldrini disse a um jornal nesta sexta-feira, 3, que recebe ameaças de morte online diariamente e um fluxo de mensagens contendo imagens sexualmente ofensivas. "Quando uma mulher ocupa um cargo público, a agressão sexista dispara contra ela, sejam fofocas simples ou violentas... sempre usam o mesmo vocabulário de humilhação e submissão", disse Boldrini ao jornal La Repubblica. / REUTERS
Fonte:Estadão
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